Meus olhos estavam pesados por conta do sono ainda, mas dei um leve sorriso para Ágata.
Como eu poderia ter pensado nela? Essa viagem havia me deixado estressada e estava mexendo com minha mente, apenas sei que eu torcia para não encontra-la na rua. Não sei como eu iria reagir com isso...
- você anda pensativa, teve pesadelos?
- Pode se dizer que sim... apenas algumas lembranças.
Ágata andava ao meu lado enquanto saíamos da plataforma, em silêncio, ela perdida em seus próprios pensamentos e eu observando ao redor com medo de vê-la, mas ao mesmo tempo ansiosa para esse momento.
O aeroporto estava cheio, havia pessoas chorando, rindo e apenas caminhando, era um lugar cheio de emoções, mas corrido, ninguém parava para observar, todos sempre perdidos em seus próprios momentos, em seus mundos particulares.
- Vim para ver minha irmã, mas não gosto muito desse lugar confesso... - Ágata estava se abrindo para mim - Morei aqui durante 25 anos, meu marido faleceu em um acidente de carro e foi um momento muito difícil para mim, fui mãe jovem também. Tive depressão e não havia ninguém para me acolher, foi quando recebi uma proposta de emprego na Inglaterra, uma amiga havia mandado meu currículo e se impressionaram.
- Depois de anos, minha filha já adulta decidiu voltar para cá e para falar a verdade brigamos feio por isso...
Eu escutava em silêncio enquanto passávamos pelas portas. O vento da noite me atingiu em cheio, fazendo meu corpo arrepiar.
- Ela conheceu pessoas, se casou e eu ainda não tinha coragem para pedir perdão, quando recebi a notícia de que ela estava grávida meu coração pulou de alegria e não pensei duas vezes antes de ligar para ela, mas todas minhas chamadas eram recusadas.
Meu peito apertou com essa informação...
- Mas eu entendia ela, eu disse tantas coisas ruins... eu deveria ter apoiado ela sabe..., mas fui fazer isso tarde de mais.
- Você disse que veio ver sua irmã - fiz uma observação - Vai ver sua filha também?
Vi a expressão dela mudar e lágrimas caírem de seu rosto, ela tentou disfarçar e sorriu, continuou em silêncio por alguns segundos antes de me responder.
- Minha irmã esteve com ela esse tempo que ela estava aqui... e estou voltando... porque é o velório da minha filha.
Isso me pegou de surpresa, meu peito doeu e lágrimas começaram a nascer em meus olhos também, eu não conseguia imaginar a dor daquela mulher.
- Minha filha morreu para ter minha neta... eu cometi tantos erros com ela... apenas não quero cometer os mesmos com minha neta.
Sua voz era falha e ela agora não lutava com o choro, a abracei e consegui sentir toda a dor que aquela senhora carregava.
Erros... orgulho... finais...
Ainda não entendo como o ser humano pode perder tudo por tão pouco.- Sinto muito... sinto muito mesmo, eu não imaginava.
Nenhuma palavra seria o suficiente para confortar aquela mãe. Quando a vi pela primeira vez ela foi tão doce, gentil... eu nunca teria imaginado que algo assim acontecia em sua vida.
- Desculpe por me abrir assim Mon..., mas não se prenda a lembranças... há erros em todas as partes, então tente aprender com eles... não fuja, uma hora é tarde de mais...
Senti a necessidade de absorver tudo o que aquela mulher me dizia, ela não estava errada, mas deixar o orgulho de lado também não era uma tarefa fácil, principalmente quando não dependia apenas de si própria.
- Meu táxi chegou, obrigada Mon. Por tudo... te desejo sorte.
Ela me dei um beijo na testa e adentrou no táxi... agora Ágata seria uma lembrança também. Uma mulher forte e gentil, uma mulher admirável com certeza, mesmo com suas falhas.
Fui tirada de meus pensamentos e o sorriso no meu rosto aos poucos foi morrendo.
- Está ficando tarde, não deveria ficar tanto tempo na rua.
"Não... apenas não...essa voz... por favor que seja apenas um pesadelo."
- Sabe que não gosto quando não me olham... Mon.
Mãos me giraram e eu fechei os olhos com força, torcendo para sumir da face da Terra. Eu não estou pronta ainda.
- Abra os olhos!
Abro meus olhos contra minha vontade e encaro aqueles olhos que tanto evitei... eles estavam fixos em mim assim como suas mãos em meus ombros.
- Sam...oi.
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Primeiramente peço desculpas pela demora.
Esse capítulo não ficou tão bom confesso mas estarei trabalhando em um melhor, continuem lendo e aproveitem.
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Coisas do destino
FanfictionSam e Mon tiveram momentos bons é inegável isso, mas após muitas discussões por suas diferenças decidem dar um tempo. O destino seria capaz de uni-las novamente? Seriam oficialmente um casal agora? Em hiato