* Mon
— Ai não acredito que você deu um fora nele, sério!
Estavamos falando de Harry mais uma vez e Elaine ainda não havia aceitado o fato de eu não querer nada com ninguém.
— Você sabe que não tenho tempo para isso, eu tenho meu emprego para me preocupar e sem falar na minha viagem de volta pra Tailândia. Não sei nem se voltarei pra cá depois. Sem chance entrar em um relacionamento agora.
Dois anos morando e trabalhando fora, mamãe ainda me ligava três vezes na semana querendo saber como eu estava e chorava dizendo que sentia minha falta e eu não estava tão longe disso também.
Estar longe dela, do meus amigos e da minha antiga vida era doloroso e eu contava as horas para voltar.
Quando mamãe me ligou dizendo que meu padrasto estava com alguns problemas na saúde eu não pensei duas vezes antes de comprar passagens de volta para casa e eu sabia que não ia ficar apenas para visitar.
— Ai Mon... eu sei mas poxa, você bem que poderia dar uns pegas nele e me arrumar o irmão dele... - então ai estava o motivo da insistência.
Um riso escapou quando as coisas fizeram sentido, Elaine e Harry eram amigos a um tempo e Harry tinha um irmão mais velho, Gustav.
Gustav era um garoto encantador de olhos claros e cabelos loiros mais longos, era alto e atleta o tipo ideal de qualquer menina. Sua educação era espetacular mas nunca ninguém tinha visto ele dando atenção para ninguém, mas minha amiga insistia que ele dava em cima dela.
— Acho que você vai ter que se virar com isso sozinha, sinto muito.
Ela fez bico mas ainda sorria com os olhos.
— Sabe que vou sentir sua falta né?
— Eu também vou sentir a sua...
E eu realmente iria, criei lembranças incríveis aqui e conheci tantas pessoas, comidas, música diferentes...
Elaine em 3 meses havia ganhado minha confiança, nos conhecemos em uma fila e ela começou a reclamar da demora comigo, ela era alegre e falante, falava tudo que pensava e seu rosto era expressivo também.
Elaine tinha a pele negra, cabelos cacheados longos e seus olhos eram de um castanho escuro, era uma mulher linda formada em psicologia. Adorava séries, livros e músicas e também homens, essa com certeza era 100% hetero.
Depois que terminamos de almoçar no restaurante, pagamos nossas contas e nos despedimos, ela iria para o Brasil tirar alguns meses de férias e curtir a praia de Copacabana, ela estava super ansiosa mas essa seria a última vez que nos veríamos pessoalmente, então nos demoramos nos abraços e nos adeus, prometemos manter contato pelo telefone sempre que possível.
Como o restaurante era próximo de casa decidi ir apé para aproveitar o máximo daquele lugar, eu pegaria o avião das oito então não teria mais outro momento.
Ver os carros e pessoas passando por mim era tranquilizantes, eu ainda estava nervosa por voltar para a casa mas sabia que essa decisão era a certa, eu estava preocupada com minha família e já tinha pedido demissão, sem falar que agora eu era outra mulher e eu tinha que encarar meu passado, eu lidaria com aquilo e abriria minha própria empresa. Eu estive economizando por anos e aprendendo em todos os lugares que fui.
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Eu vou conseguir!
Era o que eu repetia para mim mesma desde que acordei até agora, dentro do avião. Minhas mãos tremiam e eu me sentia sem coragem alguma para enfrentar o que viria pela frente.
— Senhora está tudo bem? Medo de avião?
Me assustei com a voz da mulher que havia se aproximado, eu estava com os pensamentos tão longe que não havia notado sua aproximação.
— Acho que podemos dizer que sim...
Dei um leve sorriso para a senhora que estava ao meu lado.
— Entendo, também tenho um pouco. - ela sorriu e seu sorriso era lindo... - Meu nome é Ágata, se quiser posso segurar sua mão quando o avião estiver decolando.
Ela estendeu a mão para que eu a segurasse e me surpreendi com o quanto sua a mão era bem cuidada. Sua pele era clara e sua mão magra, deixando algumas veias visíveis. Seus dedos longos, sua unha curta e bem pintada, tinha uma aliança em seu dedo na cor prata e uma pequena cicatriz em deu dedo indicador.
— Mon - estendo a mão segurando a da mais velha.
— Vai ficar tudo bem Mon, não se preocupe.
Ágata aparentava ter por volta de 50 a 56 anos, mas tinha a pele muito bem cuidada e era linda... com certeza uma mulher casada pela aliança em seu dedo.
E foi assim que ficamos até que o avião decolasse e eu pegasse no sono...
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— Mon?...
Aquela voz... fazia tanto tempo que não ouvia ela...
— Mon, chegamos...
Meu coração batia acelerado e um sorriso surgia, queria tanto te ver...
— Mon por favor acorde, o avião pousou.
Avião? Ah é...
Abri meus olhos e Ágata estava de pé ao meu lado.
— Boa noite bela adormecida, chegamos.
— Boa noite... - digo me espreguiçando.
Apenas um sonho..., por quanto tempo seria assim?.
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Coisas do destino
FanfictionSam e Mon tiveram momentos bons é inegável isso, mas após muitas discussões por suas diferenças decidem dar um tempo. O destino seria capaz de uni-las novamente? Seriam oficialmente um casal agora? Em hiato