noite longa

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Sam*

Minha noite foi simplesmente horrível! Como esses enfermeiros podiam não dormi?!

A cada uma hora eu era acordada por alguém, sejam para medicamentos, seja para medir temperatura ou simplesmente me acordavam só para perguntar se eu estava bem, da para acreditar?

Minha costa doía naquela cama, não havia nenhuma posição confortável e quando
simplesmente desisto de tentar dormi minha cabeça começa a se revirar em pensamentos.

Olho em direção ao sofá onde  Mon dormia, como ela podia dormir tão bem? Parece uma pedra.

Queria que o tempo passasse, meus dedos batucavam o braço da cama e meu temperamento piorava, meu estresse estava a mil e quando outro enfermeiro abriu a porta pela milésima vez, foi a gota d'água.

— SAI! - peguei meu travesseiro e arremessei em direção ao homem que estava parado na porta - Eu não aguento mais vocês vindo aqui!

Mon despertou com meus gritos, olhando em volta assustada e sem entender nada.  O enfermeiro apenas me olha em choque pela minha explosão e a atitude de lerdeza apenas me irrita mais e mais.

— Esqueceu como se anda?!

— Senhora, estou apenas fazendo meu trabalho. Preciso que se acalme - o homem que aparentava ter uns 25 anos se aproxima com o travesseiro na mão - Se não relaxar a dor vai voltar.

Reviro meus olhos enquanto ele ainda se aproxima de vagar, com medo de ser atacado novamente.
Cruzo os braços e observo Mon se espreguiçando, ela me olha e vejo que está cansada, mesmo após ter dormido coisa que eu não consegui.

— Meu nome é Tyler. - o enfermeiro me estende o travesseiro com um sorriso no rosto - Sinto muito pelo incomodo, mas é para seu bem senhora.

Tyler é um enfermeiro alto, moreno, com os olhos escuros e um sorriso perfeito. Poderia até mesmo ser modelo, nada mal.
Dou um sorriso forçado e pego meu travesseiro de suas mãos com força. Não tenho paciência para desculpas.

Deito e lhe dou as costas ignorando totalmente os dois que me encaram.

— Sam… - mon me chama.

Fico indecisa entre olhar para ela ou não, não queria ter que responder às perguntas dos médicos de novo, estou cansada de mais para isso.

— Sam, ele já foi, pode parar a birra - escuto Mon suspirar e se levantar - Você foi rude com ele, não deveria ter feito isso.

Continuo a ignorar, não ia receber sermão agora por conta disso.
Por um momento o quarto fica em silêncio e penso que ela saiu, mas logo sinto suas mãos me empurrando.

— O que está fazendo? - digo finalmente olhando em sua direção.

Mon abria espaço na cama me empurrando e se deitando ao meu lado. Seus olhos estavam cansados e fechando e sua voz rouca, falhando, mostrando que o sono lhe vencia.

— Você sempre dormia se eu deitasse ao seu lado, deve funcionar...

Sinto meu rosto esquentar e meu coração disparar com a atitude dela. Mon parece não notar o que fazia e eu agora tinha total noção da sua presença.

Sua respiração era leve, seu corpo estava gelado por conta do ar condicionado e seu rosto estava tranquilo. Me deixei observando sua boca tão bem desenhada e rosada, seu nariz pequeno… Seus cílios longos e seus olhos… seus olhos que me flagraram a observando, eles eram tão lindos...

— Você dorme assim?

Não a respondo, me sinto hipnotizada pela sua voz e por sua imagem.

— Sam dormi. - pede fechando os olhos novamente, mas percebo seu rosto um pouco corado.

— Ok...

Fecho meus olhos com o coração ainda batendo forte e com a imagem daquela mulher em minha mente.

                        ...

Quando abro os olhos novamente já é de manhã e Mon não está mais no quarto, me sinto chateada com sua falta, mas respiro fundo para encarar o novo dia.

Tyler já estava no quarto e arrumava o sofá cantando uma música animada baixinho. Parecia estar feliz o que me fez revirar os olhos.

— Seus olhos vão sair rolando daqui a pouco se continuar assim. - ele havia me notado.

— Não entendo essa sua animação.

— A vida é curta senhorita, quando trabalhamos em um hospital vemos isso todo dia.

Precisamos aproveitar todas as oportunidades de sorrir.
Não o respondo, não vejo necessidade de sorrir quando não tem nada de engraçado.

— Sua namorada disse ter que ir, mas que voltava de tarde.

— Não tenho namorada e não pretendo continuar aqui.
Me levanto e vou até o banheiro fazendo minha higiene, quando volto Tyler já foi e uma médica me esperava.

— Bom dia, senhorita Sam, como foi sua noite?

A médica era uma mulher linda era impossível dizer o contrário. Seus cabelos eram longos e escuros, seus olhos na cor mel, sua pele tão branca quanto porcelana. Era alta e tinha um belo corpo, sem falar e sua postura confiante.

— Quando recebo alta?
Seus olhos me analisam em silêncio, seu sorriso está mais fraco e percebo um suspiro escapar de seus lábios.

— Vou te dar alta hoje, mas vai precisar se cuidar em casa. Seus exames não mostraram nada, a dor que você teve foi por conta do estresse.

— Ta - digo já pegando minhas coisas - onde assino para ir embora?

A mulher estende uma prancha me mostrando onde assinar e assim que o faço, pego rumo a saída.

Percebo que estou sem carro e logo ligo para um táxi.
Já no táxi o celular parece pesar em minha mão enquanto lia seu nome na lista da agenda, eu precisava avisar ela que estava bem, mas fazia tanto tempo que eu não ligava…

Suspiro e decido desligar o telefone, em outro momento eu falaria com Mon.

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