24. As quatro mentiras

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Acordo com o cantarolar dos pássaros ressoando levemente, estou deitada em uma grama quentinha, alguns feixes de luz solar pegavam em meus olhos, então coloco a mão um pouco acima deles e me sento. À minha frente tem um belo pessegueiro carregado de frutas, ou seja, estou novamente em um coma induzido.

Pela visão periférica consigo ver Levi parado em pé ao meu lado direito, com os braços cruzados e visivelmente impaciente.

— Ah, oi Less — comprimento desanimada.

— Ainda não aprendeu que tem pessoas específicas, para se confiar cada coisa? — dispara sem rodeios.

— Como? — pergunta confusa.

— O Armin por exemplo, pode confiar nele pra tudo, agora quando o assunto é habilidades de combate e força física, nunca poderia fazer isso — se senta ao meu lado. — O maior talento dele reside em sua inteligência dentro e fora de campo, nesse tipo de questão você pode confiar nele de olhos fechados.

— Do que–

— Já a Juniper é o inverso — interveio —, você pode contar com ela pra tudo, só que em inteligência nem tanto, ela não é burra nem nada, mas não é boa estrategista — comenta. — Habilidades de combate em geral são ótimas, nisso você pode confiar e aproveitar ao seu favor.

Eu estava extremamente confusa, não conseguia entender o que ele queria dizer com tudo isso.

— No que se diz respeito ao Comandante Erwin — continuou. — Você não é nada pra ele, a única coisa que importa pra esse homem é a vitória da humanidade. Sua inteligência e visão de futuro são realmente impressionantes, isso não posso negar, fora isso, nunca confie mais do que necessário.

— Certo... — confirmo com um sorriso sem graça, fingindo entender.

— No Capitão Levi–

— Eu já sei — interrompo. —, posso confiar cegamente e blá, blá, blá.

— Não exatamente — discorda. —, por enquanto você não pode confiar tudo, porque se o que você falar for algum tipo de informação que ele julgue crucial, ele vai reportar diretamente pro Erwin... mas isso só por mais alguns meses — resmunga.

— É o que? Não entendi, falou baixo demais.

— Que tirando isso, pode confiar nele pra tudo, inteligência, combate, dono de casa e babá — se apressa em dizer. — Já o Eren é um assunto delicado, mas você pode confiar nele pra quase tudo também — garante. —, menos pra dotes culinários, nisso ele nunca vai ser bom — divaga.

Less ia continuar falando, mas antes que conseguisse exemplificar outra pessoa eu me atravesso na sua frente.

— E o que isso tem haver com o que aconteceu? — questiono.

— Tudo, a partir de hoje você tem que saber no que pode confiar a cada pessoa — explica calmamente.

— Pra poder fazer minhas próprias estratégias e evitar mortes prematuras desnecessárias? — arrisco e ele balança a cabeça afirmativamente.

— Tente analisar as coisas você mesma, e só me pergunte em último caso — orientou.

Passo as mãos no rosto e respiro fundo. Na primeira vez que estive aqui, as regras não permitiam que eu tivesse sentimentos negativos, mas agora, a culpa me destroça por dentro, Less estava sendo minimamente gentil e me permitindo sentir isso.

— Só agora eu sei  — reconheço tristemente. —, que eu podia ter confiado nos cortes da Petra e do Eld, na locomoção do Gunther e na força que o Oluo tinha, ele era impulsivo mas ainda sim o desgraçado era forte... — dou uma risada nasal.

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