5. Outro clarão...

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Uma mulher grita comigo, estamos em uma sala iluminada, limpa e completamente branca.

— Faça certo — ela pede.

Não sei o que está acontecendo.

— Seja uma boa garota — manda, e me estende um frasco.

Eu viro a cabeça em recusa, me lembro de repente daquilo ter um gosto horrível.

— Nem para isso você serve — xinga, pega meu rosto com a mão e com a outra, força o frasco em meu lábios.

Sou uma criança, não tinha forças para resistir, acabei bebendo aquilo para logo em seguida, por ter o estômago fraco, acabar vomitando na mulher e sujando suas roupas brancas. Ela da um tapa tão forte em meu rosto, que o estalo poderia ter sido ouvido de um outro cômodo.

— Inútil, inútil de merda — repetia sem parar.

Sinto o gosto metálico do sangue, e ao piscar e abrir novamente meus olhos, estou em outro lugar.

É quentinho, sinto felicidade em estar aqui, parece que pela primeira vez na minha vida estou segura, poderia passar o resto de meus dias neste lugar, que não reclamaria.

O ambiente muda de novo, alguém me segura no colo e corre em alta velocidade.

— Traidor! — esbraveja uma voz masculina, ao longe. — Continuem! Não parem, não parem! — comanda, provavelmente um grupo de soldados.

A pessoa que me segura vira em uma curva, num beco sem saída.

— Merda — resmungou para si mesmo, quando percebe o que fez.

Passos pesados ecoam, eles estão chegando, e mesmo não sabendo o porquê de estarmos fugindo, sinto medo.

O homem me coloca no chão e começa a procurar uma saída alternativa, mas só acha um pequeno buraco tapado por algumas caixas, apenas uma criança passaria por ele, o que significa que só eu vou conseguir fugir.

— Selene — ele me chama. — Quando eu dizer “agora”, você sai por aqui — aponta para o buraco —, e corre o mais rápido que conseguir, e só para quando ver o homem de capuz verde — dita rapidamente.

— Homem de capuz verde? — pergunto confusa, com minha voz infantil.

— Sim — ele garante e olha para trás, coloca a mão por baixo do casaco e tira alguma coisa — Agora!

Quando vou entrar no buraco, tudo ao meu redor muda de novo. Silêncio, estou com a cara afundada em um colchão, até que de repente sinto alguma coisa ser introduzida em mim e levanto a cabeça urrando. É uma dor excruciante, grito o mais alto que consigo clamando por ajuda.

Qualquer coisa que faça parar! Por favor eu imploro! Parece que estou sendo rasgada no meio...

Tudo para, um clarão passa sobre meus olhos. Titãs sendo esmagados, dilacerados e espancados.

Outro clarão.

É de noite e a lua está cheia, estou deitada em um manto verde, me contorcendo de prazer. Minhas costas estão arqueadas e minha cabeça jogada para trás, a alguém em meio as minhas pernas. Estou gemendo, e de repente falo o nome da pessoa e aperto seus cabelos.

Eu... eu disse mesmo isso? 

Uma onda enorme de prazer envolve todo meu corpo, minhas pernas tremem e eu grito o nome.

Outro clarão.

Estamos na laje, uma mulher de cabelos negros e sorriso gentil estende roupas enquanto conversa comigo. É a mãe do Eren, reconheceria a Tia Carla em qualquer lugar.

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