Balada

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Lara

Estava na correria, arrumando minhas malas, pois amanhã vamos para a fazenda, para a semana mais cansativa do ano, onde vou ter que fingir procurar um marido, escutar conversas vazias, ser bajulada, por caras que adorariam juntar as fortunas, que olham para mim e tudo que veem são cifrões. Como consolação, hoje vou para a balada com a Estela, minha amiga que está comigo desde que me conheço por gente. Nossos pais são super amigos, então crescemos juntas e acabamos ficando como carne e unha. 

Entro no chuveiro, deixo a água correr por uns minutos, fecho os olhos, enquanto tentava esquecer um pouco dessa bendita viagem. Suspiro!. Coloco um vestido preto, um salto preto também, faço um coque  e solto alguns cachos para deixar o penteado mais elegante. Pego minha bolsinha que estava em cima da cama, ando até a penteadeira, abro a gaveta e pego o essencial e coloco dentro da bolsa. Me olho no espelho e sorrio. Ouço a buzina, deve ser a Estela que chegou, dou uma última olhada no espelho e desço. Para minha sorte meus pais não estão em casa, eles não me proíbem nem nada, mas também não aprovam a minha ida nesses lugares, quando eu era adolescente, eles não se importavam muito, mas agora dizem que isso não é bom para minha imagem, que talvez os caras não me levem a sério por frequentar esse tipo de lugar, mas isso é algo que eu não ligo, ir para a balada não me faz ser uma puta, e se fosse também ninguém nem nada a ver com isso, afinal de contas a vida é minha, por isso não deixo de ir, mas na grande maioria das vezes, meus pais não ficam sabendo também.

Entro no carro, dou dois beijinhos na bochecha da minha amiga, e já vou colocando o cinto enquanto ela dá partida.

- Eu não acredito que você vai me deixar sozinha nessa semana horrível, Estela.

Ela olha pra mim por um instante e diz colocando e logo em seguida tirando a mão do meu ombro:

- Você vai ficar ótima sem mim Lara, você sempre fica. Já faz anos que você vai para essa fazenda e até agora não achou alguém que agradecesse seus pais. Não vai ser dessa vez que você vai achar.

Suspiro, olhando pra frente.

- Você está certa.

- Claro que estou Lara, ainda mais levando em consideração que são sempre as mesmas pessoas. 

- Verdade, os mesmo chatos.

- Exato, por isso não vou, finalmente consegui convencer meus pais de que não preciso ir nesse evento, o que é ótimo, porque passar a semana na fazenda é uma tortura.

- Pois é.

Ela estaciona, ai me dou conta de que tínhamos chegando. Os manobristas abrem a porta do carro pra gente e estendem a mão para nos ajudar a descer. Vou para a calçada, enquanto Estela entregava a  chave do carro para um dos manobristas, até que ela vem para o meu lado e fala:

- Preparada para começar a noite?

Assenti e nós entramos na balada que estava cheia aliás. Caminhamos até o bar, onde pedimos um bebida. Ficamos ali bebendo e conversando um pouco. Até que um cara se aproxima, morena, cabelo cacheado assim como o meu, olhos verdes, com um sorriso encantador. 

- Boa noite meninas, tudo bem?

Ele fica ao meu lado, me olhando, Estela percebe e diz:

- Boa noite, acho que tem alguém me chamando, eu já volto.

Ela pega o copo dela e saí. Vaca! Eu me viro para o rapaz e falo:

- Boa noite, tudo e você?

Ele sorri e diz:

- Tudo ótimo. Estava de olhando e queria saber se você não que dançar?

Olho em volta, penso para alguns instantes, dou de ombros e falo pegando meu copo:

- Por que não?

Ele sorri, segura me minha mão, me conduzindo até a pista de dança, onde começa a tocar uma música bem animada e nós começamos a dançar. Até que ele diz algo que eu não entendi, a música estava meio alta, por isso era difícil de conseguir escutar, então eu me aproximo do ouvido dele e quase grito:

- Não escutei nada. 

Ele aponta para a música de dando conta que ela estava alta e que provavelmente foi por isso que eu não escutei nada. Se aproxima do meu ouvido e diz alto:

- Qual o seu nome?

Me aproximo novamente:

- Lara e o seu?

- Luiz.

Conversamos mais um pouco enquanto dançávamos, Luiz parecia ser legal. Até que nos cansamos de dançar, nos afastamos da pista. Ele sorri, enquanto passava a mão no meu rosto e diz:

- Você é linda.

Sorrio.

- Obrigada!

Ele se aproxima mais ainda, agora com uma mão no meu rosto e a outra na minha cintura.

- Posso te beijar?

Eu assenti e ele me beija. Logo sua língua pede passagem para minha, suas mãos apertavam minha cintura gentilmente, quando percebi que as coisas estavam ficando intensas, me afastei e disse quase sem ar:

- Eu preciso ir.

Ele me olha sem entender, ainda segurando na minha cintura:

- Mas já? Achei que a noite tinha acabado de começar.

Coloco uma das minhas mãos no rosto dele e falo:

- Infelizmente sim.

Ele suspira.

- Posso ao menos te levar?

- Não precisa, foi ótimo te conhecer.

Ele sorri.

- Digo o mesmo, será que a dama pode ao menos me passar o número?

Sorrio e falo:

- Claro.

Ele me solta para pegar o celular que estava no bolso, desbloqueia e me entrega. Eu anoto meu número, o puxo e o beijo novamente. Depois de afasto e falo:

- Até uma próxima.

Ele sorri e acena pra mim. Só que não vai ter uma próxima, eu tenho algumas regras para sair com esses caras, nunca saio com o mesmo cara duas vezes, nunca passo meu número ou rede social, o número que eu anotei acho que nem se quer existe, se existe uma coisa eu garanto, que meu não é. Nunca deixou nenhum deles me levar para casa, nunca vou para a casa deles também e nunca dormi com nenhum cara. Isso não é uma regra, é porque essa história de casamento dos meus pais entrou na minha cabeça de um jeito, que eu nunca consegui transar com ninguém, por medo de acabar me envolvendo com a pessoa, ou engravidar e ser a vergonha dos meus pais. Vontade e oportunidades nunca faltaram. Mas acho que só vou conseguir fazer sexo quando casar, ou quando essa história de casamento acabar.

Procuro Estela pela balada, até que acho ela sentada no bar, bebendo água, a noite deve estar realmente ruim para ela estar bebendo água e sozinha. Me aproximo e falo:

- Vamos?

Ela sorri e diz:

- Vamos.

Pego no braço dela e vamos embora.


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