Sentimentos

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Lara

Estou indo para a casa do Luiz, nos combinamos de jantar e conversar hoje depois de semanas sem nos ver. Assim que chego, Luiz estava na entrada me esperando, ele me dá um beijo no rosto e pede para eu entrar. Poderia ser impressão minha, mas claramente ele estava incomodado com algo. Vamos até a sala, ele me oferece algo para beber, ele me serve um vinho, se senta e diz:

- Como foi a viagem em família?

Bebo um pouco.

- Foi legal, matei as saudades da minha amiga, que também estava lá.

Ele arque-a as sobrancelha, bebe um pouco da sua taça.

- E o Gabriel?

Respiro fundo.

- Também foi, mas não voltamos se é isso que você quer saber. Luiz, o que está te incomodando? Você está estranho já faz alguns dias.

Ele olha em meus olhos, sério.

- Eu estava realmente ocupado com as coisas do trabalho, principalmente porque o Gabriel foi viajar, mas não era só por isso.

- Era pelo quê?

- Lara, você é uma mulher séria, eu também, não me leve a mal, eu não queria que as coisas entre nós fosse dessa maneira.

- Que maneira?

- Escondido, Lara. Eu queria poder te levar para jantar sem precisar me preocupar com que as pessoas iriam falar, queria não precisar esconder isso, esconder que eu gosto de você, não queria que as coisas fossem assim.

Essa me pegou de surpresa. O Luiz realmente gosta de mim? Me levanto, sentando na poltrona dele e falo sorrindo:

- O que você disse?

Ele olha pra mim.

- Que não queria que as coisas fossem assim.

Sorrio.

- Antes disso.

Ele ri.

- Que não queria precisar esconder nós.

Faço cara de brava, ele me puxa para o colo dele e ri.

- Eu disse que sinto algo por você, Lara, o que eu realmente sinto.

Ele coloca o meu cabelo atrás da orelho e eu puxo pela nuca e o beijo. Era um beijo tão leve, tão cheio de saudades, sua língua passeava na minha boca, sua mão apertava a minha cintura, depois de uns minutos precisamos nos afastar por falta de ar, mas só nos afastamos para recobrar o ar mesmo, porque logo depois estávamos agarrados novamente. Ainda sentada no colo dele, eu passo a mão no cabelo dele e falo:

- Eu queria muito poder fazer tudo isso com você, de verdade. Mas eu não posso me separar agora por razões mais fortes.

Ele suspira.

- Eu sei, você deve ter algum motivo para estar do lado dele. Só é difícil saber que você está com ele, que compartilham a vida junto, principalmente sabendo que ele gosta de você.

O Gabriel gosta de mim? De verdade? Fico distraída. Até que Luiz, segura no meu queixo me fazendo olhar pra ele.

- Vamos jantar? Está tarde e você deve estar morrendo de fome.

Balanço a cabeça espantando meus pensamentos sobre o Gabriel, sorrio e falo:

- Claro, vamos jantar.

Me levanto e vamos até a sala de jantar onde a mesa já estava servida. Ele puxa a cadeira para eu me sentar, eu agradeço e me sento. Enquanto nos servíamos, eu disse:

- O cheiro está ótimo, foi você que cozinhou hoje também chefe?

Ele ri.

- Não, hoje a senhorita não terá a honra de comer a minha comida.

Dou risada e jantamos. Depois ficamos mais um tempo conversando, até que fica tarde e Luiz me leva para casa. A noite tinha sido incrível, as coisas ao lado do Luiz são sempre tão leve, divertidas. Mas eu não sentia pelo Luiz, o que sentia pelo Gabriel, ele não conseguia me deixar louca como o Gabriel, o seu beijo não era desesperado como o dele.

Chegando em casa, fui direto para a cozinha para tomar um pouco de água gelada. Como já era bem tarde, todos os empregados já haviam se retirado, então eu mesma me sirvo e sento no balcão. Até que escuto um sussurro que me assusta:

- Se divertiu com seu amiguinho?

Me viro e dou de cara com Gabriel que estava apenas com uma samba canção sem camisa e com uma cara de poucos amigos. Por que ele tinha que ser tão gato?

- Tá me seguindo agora?

Ele suspira.

- Não, mas a sua resposta agora e o carro dele entregam tudo.

Dou de ombros e tento me levantar, mas ele não deixa.

- Tem uma coisa que você não me respondeu até agora.

Olho nos olhos dele.

- O quê?

Ele se aproxima tanto, que eu consigo sentir sua respiração.

- Se você gosta dele? Até agora você ainda não me respondeu isso.

Eu desvio o olhar, mas ele segura no meu queixo me fazendo virar pra ele e aproximando sua boca da minha.

- Ele beija como eu?

Eu o afasto e me levanto

- Não, ele não beija como você, mas ele também não me trata como você, ou me traí como você, ou mente como você. 


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