Trabalho

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Gabriel

Chego na empresa e vou direto para a minha sala. Hoje o dia seria cheio, pois assim que abro a porta, vejo uma montanha de papéis na minha mesa, pego meu café que estava na mesa também, como todos os dias, me sento na minha cadeira, dou um gole no café e suspiro fundo colocando o copo novamente na mesa para pegar uma das pastas. 

Eu tinha tanta coisa pra fazer, que nem se quer consegui sair para almoçar, pois isso pedi para minha assistente trazer o meu almoço, pois queria continuar trabalhando enquanto comia. Quase todos já haviam ido embora, quando meu telefone toca, vejo pelo visor que era o Lucas:

Ligação on

Largo os papéis e relaxo na cadeira.

- Oi Lucas.

- Oi Gabriel, liguei para saber se você já está chegando, já estão todos aqui, só falta você.

Droga! Era para eu estar no bar, hoje é a noite dos caras.

- Daqui uns...

Olho no relógio.

- Daqui uns 20 minutos estou aí.

Ouço Lucas bufando do outro lado.

- Você nem se quer saiu do trabalho né, Gabriel? Aposto que na realidade você até mesmo esqueceu.

Coloco o celular no ombro para segurá-lo enquanto arrumava minhas coisas para ir embora.

- Sim Lucas, desculpa de verdade.

- Tudo bem, só venha por favor, estamos esperando você.

- Beleza. Até mais então.

- Até.

Ligação off

Término de arrumar minhas coisas, fecho a porta da minha sala e vou para entrada onde o motorista me aguardava. Me despeço do porteiro, o motorista abre a porta do carro, enquanto eu mexia no celular. Falo o endereço e ele dá partida. Lucas é um grande amigo, praticamente um irmão, nos conhecemos no ensino médio e desde então não largamos mais. Por isso eu o considero bastante, ele sempre está comigo, nos momentos bons e nos ruins. Mesmo estando cansado, atolado de trabalho, eu não poderia deixar de ir na noite dos "caras", que nada é mais que é uma desculpa para ficar bêbado e pra falar sobre a vida. 

Entro no bar, dou uma olhada em volta, até que vejo o Lucas acenando, então vou até eles. Humberto, Matheus, Nattan, Eduardo e Marcos também estavam lá. Cumprimento todos e, já vou me sentando, enquanto isso Matheus já chama o garçom para me trazer uma bebida. Eduardo me dá um tapinha nas costas e diz olhando para o pessoal:

- Achei que você não viria.

Minha bebida chega, eu tomo um pouco e falo:

- Pra ser sincero eu havia esquecido, mas aí o Lucas me ligou.

Eduardo assente. Então Lucas fala o que me faz olhar para ele:

- E a Helo, como está?

Lucas é um tio ótimo, bem presente, ficou mais próximo ainda depois da morte da Isis. Ele é melhor sendo tio, do que eu sendo pai.

- Está bem, birrenta mais bem. 

Tomo mais um pouco da bebida e falo:

- Eu não nasci para ser pai, na realidade.

Matheus diz:

- Você tem se saído bem até agora, principalmente levando em consideração que está criando ela sozinho.

- Exatamente isso, eu estou criando ela sozinho, era tão mais leve quando Isis era viva, sei lá, queria que tivesse alguém para tomar partido disso sabe, da criação, da Heloisy, queria não precisar me preocupar com isso. 

Marcos diz rindo:

- Só fazendo a loucura de se casar de novo, Gabriel.

Todos riem e Humberto diz:

- Toda solução, vem com um problema não é mesmo. Viva a vida de solteiro.

Eles riem e brindamos. Mas fico pensativo, até que não seria uma ideia tão ruim assim. Na verdade seria ótimo ter alguém para cuidar da Heloisy, ela precisa de uma figura feminina na vida dela, alguém que saiba lidar com ela. De brinde ainda ganharia um sexo mais regular, coisa que está faltando na minha vida, é tão cansativo, sair com uma mulher ali, uma mulher aqui. Além do mais, um homem de "família" sempre é bem visto no mundo do negócios, principalmente se a esposa for alguém importante também... Sou desligado dos meus pensamentos, pelas estraladas de dedo do Matheus, que diz:

- Estava em qual universo, Gabriel?

Pisco, sorrio e digo me ajeitando na cadeira:

- Foi mal.

Levanto o copo e digo:

- Aonde estávamos?

E assim a noite continua...

Lucas estava comigo na entrada, ele fumava um cigarro, enquanto eu aguardava meu motorista que estava manobrando o carro. 

- Lucas?

Ele se vira, tira o cigarro da boca e diz:

- Oi?

- Semana que vem, tem aquela semana de negócios sabe? Que acontece na fazenda dos Oliveiras.

- Sei sim. Eles me convidaram, mas não pretendo ir.

Cruzo os braços.

- Como não fui ano passado, por conta de tudo o que estava acontecendo com a Isis, estou pensando em ir esse ano, queria saber se a Helo, poderia ficar com você com esse período? Não queria deixar ela somente com as babás. 

Ele joga o cigarro longe, se aproxima, colocando a mão no meu ombro e diz:

- Claro que sim, Gabriel, você sabe que eu amo aquela garotinha. 

Sorrio.

- Vamos ver se você ainda vai amá-la depois de passar essa semana com ela. A garota está difícil de lidar.

Ele ri:

- Deve ser porque ela é parecida demais com o pai. 

- Engraçadinho como sempre.

Meu motorista chega, parando o carro na minha frente. Abraço ele, dou dois tapas nas costas dele e falo entrando no carro:

- Obrigado Lucas, por tudo.

Ele sorri e diz:

- Pode sempre contar comigo.

Sorrio e fecho a porta do carro.

Assim que chego em casa, dou de cara com uma das babás na sala, pegando umas coisas que acho que seja da Helo, assim que ela nota me presença diz:

- Boa noite patrão.

Paro no meio da sala e falo:

- Boa noite, minha filha ainda está acordada?

Já era tarde e todas as babás tem permissão para se retirar assim que a Helo for dormir.

- Não senhor, ela acabou de dormir na verdade. Ela quis ficar aqui embaixo esperando pelo senhor, mas acabou não aguentando de sono.

Suspiro!

- Entendo, não deixe ela ficar me esperando por favor, não quero que ela fique indo dormir tão tarde assim.

Ela assente e diz:

- Tudo bem senhor, isso não vai acontecer mais. 

- Ótimo. Pode deixar isso aí. Aponto para as coisas para as coisas espalhada

- Amanhã você arruma, vá descansar.

Ela assente e diz:

- Sim senhor, com licença e boa noite. 

Ela se retira e eu subo para o meu quarto.

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