8 - Pela sua bravura, coragem e ousadia

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Prisão da mente

Eu não aguento mais, simplesmente não aguento mais. A dor era demais, eu suportei centenas de anos ali, naquele sofrimento. Eu desisto, eu desisto de tudo isto. Eu estava quebrando.

Acordei de novo e mais uma vez não abri os olhos, porém algo estava diferente desta vez. Não tomei atenção e comecei a procurar aquele fio para tomar a minha escolha. Eu queria morrer. Queria me juntar ao meu filho, a Feyre, Nestha e Elain do lado da terra de mel.

No lugar do fio que costuma estar tinha outro. Dourado e bem fraco mas puxei ainda assim. Era o único naquele lugar. Senti o ambiente à minha volta iluminar por baixo das minhas pálpebras. Depois de tantos anos ali dentro, decidi abrir os meus olhos. Quando abri vi um fio dourado e volta de mim. Por instinto tentei tocá-lo e consegui. Ele enrolou-se no meu dedo. Era quente, tão diferente do frio que tinha me acostumado. Abracei o meu próprio corpo e comecei a chorar flutuando naquele vazia, ainda caindo. Eu conseguia respirar, os meus pulmões não ardiam mais. Escutei o som de um violino tocar suavemente. Tão suave, tão bom, tão diferente de todas as minhas memórias e pesadelos repletos de gritos e choro.

As notas suaram leves e o meu choro cessou um pouco pelo conforto que me trouxe. Havia beleza naquela música, continha uma violência de paixão. As notas mesclavam-se e formavam uma melodia que rugia pelo meu corpo. Fechei os meus olhos aproveitando aquele momento único. Talvez fosse uma recompensa pelo que estava passando ou fosse apenas uma alucinação que logo evoluiria para um pesadelo mas eu quis aproveitar. As notas me guiavam e de repente tinha um céu aberto na minha frente. As estrelas e a lua eram lindas vistas dali. Eu vi, eu vi a melodia me conduzir como a brisa suave do verão e olhei a linda cidade na minha frente.

Parecia tão acolhedor, tão familiar, tão certo. Era o meu lugar. Chorei com a necessidade avassaladora de estar ali. Eu queria estar ali, eu precisava estar ali. A música aumentou fazendo o meu corpo todo arrepiar em tantos anos, tantos séculos em que a único sentimento que tive foi o vazio. As notas invadiram os meus sentidos, as minhas veias, todas as minhas entranhas. Aquela música curou a minha mente, juntou todas as minhas lembranças ruins e estilhaçou-as. Em tanto tempo ali presa eu me senti livre e sorri quando a música dava sinais de terminar. Não queria que terminasse então abri os meus olhos lentamente por causa da claridade vendo o fio dourado ainda mais brilhante. Tão quente, tão bonito.

Eu chorei mais, o meu corpo todo tremia.

Eu estou viva.

Eu prometi lutar e eu lutaria, então com aquele fio dourado guiando o caminho comecei a mexer os meus braços e pernas. Comecei a nadar para cima seguindo aquele fio dourado.

Sob a montanha

Havia quarenta minutos que Amarantha tinha retirado o feitiço e todos esperavam o retorno da humana. A maioria tinha perdido a esperança porém uma luz dourada surgiu de dentro do lago fazendo a água brilhar. Todos se empilharam para ver.

Alguns minutos depois o som da água se mexendo chamou a atenção de todos. Ali estava a pequena humana rodeada pelo fio dourado como se fosse um cobertor. Viva, ela estava viva. Feyre e Lucien choraram sendo acompanhados por outros feéricos.

- Tirem-na do lago e tragam-na para a frente do palco.- Amarantha ordenou a ninguém em específico furiosa pela humana ter sobrevivido.

Lucien lançou-se no lago e puxou a humana ainda com a mesma roupa da segunda tarefa. Toda coberta, o véu ainda estava no lugar, parecia igual. Quando a pegou reparou que a garota estava desmaiada. Sem pressa alguma colocou-a deitada no chão de frente aos grãos-senhores que observavam a menina encantados.

Corte de terror e sacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora