Corte de terror e sacrifício

12 - Bem-vindas à Corte Noturna

Era dia do casamento de Feyre e Tamlin. Como é lógico não pedi desculpas a Ianthe, e nem iria pedir. Basicamente expulsei-a do quarto da minha irmã para que pudéssemos conversar em paz, sem os achismos de outrém.

- A sua animação me contagia Feyre.- disse com ironia.

- Tive uma noite difícil. - suspirou. - Estou apenas cansada, e nervosa. - mentira. Coloquei-me na sua frente bloqueando a sua imagem no espelho e a encarei no fundo dos olhos.

- É mesmo isto que você quer? Casar agora?- perguntei séria por uma resposta que não foi imediata.

- Tamlin me ama e eu o amo também.- ela murmurou.

- Não disse o contrário. Eu fiz uma pergunta.

- Este casamento vai trazer conforto ao povo. Vai trazer força a todos. Tudo vai melhorar depois da cerimónia. Tamlin disse que provavelmente somos parceiros, ainda só não temos o laço.

- E você caiu nessa ladainha toda?- Feyre baixou o olhar.- Já parou para pensar que você e Tamlin podem não ser parceiros?

- Mia, por favor, os últimos meses não têm sido fáceis. Tudo o que eu preciso agora é do apoio da minha irmã e de me unir ao macho a que pertenço.

- A partir do momento em que disser sim para ele, você estará presa com ele. Pela eternidade. Você tem noção disso né? Não serão 50 nem 70 anos. Não somos humanas. Serão centenas, milhares de anos, por isso me responda, quer casar com ele hoje ou prefere esperar até o laço aparecer, para ter certeza?

- Eu não quero casar hoje, não até eu e ele voltarmos a ser quem erámos antes. Mas isso nunca vai acontecer.

- Eu e você, nós fizemos coisas terríveis debaixo da montanha. - Feyre fechou os olhos.- Você e eu nunca mais seremos as mesmas pessoas depois daquilo. Pessoas mudam, traumas mudam pessoas. Digo por experiência própria. Ainda dá tempo de cancelar a cerimónia Feyre. - ela chacoalhou a cabeça.

- Não vou cancelar. Tá tudo bem, ou vai ficar.

- Feyre...

- Não Mia. Casar hoje ou daqui uns meses é igual. Vou acabar casada independentemente do tempo.

- Você é louca.

Minutos depois Ianthe apareceu com e sorri com prazer debaixo do véu ao ver a sua mão enfaixada. Senti a marca do acordo aquecer e o meu coração ser preenchido com um sentimento de orgulho. 

Elas conversavam. Eu sabia que Feyre usava Ianthe como muleta, como seu suporte e sua voz. Particularmente eu não concordava mas a minha irmã estava tão quebrada tanto quanto eu. 

- Você está pelo menos animada com o casamento?- Ianthe perguntou vendo minha irmã brincando com o anel de esmeralda, o seu anel de noivado.

- Vai ser o dia mais feliz da minha vida. - respondeu automaticamente.

- A união é abençoada pelo caldeirão. Você ter sobrevivido aos horrores sob a montanha apenas comprova isso.

- Ou só sobreviveu porque foi abençoada pelos sete grãos-senhores. - Ianthe me olhou irritada e Feyre assentiu concordando silenciosamente. 

- Precisa esconder isso.- falou dirigindo o seu olhar à minha mão pintada.- Isso lembra ao povo que as irmãs quebradoras da maldição estão submetidas a um acordo com o grão-senhor da corte noturna. E todo mundo odeia a corte noturna.

- Estou a par da situação. - respondi. Eu sabia que teria de o fazer querendo ou não. Eu como única família de Feyre, iria caminhar com ela, ao seu lado até ao altar.