3 -Primeira tarefa

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O guarda de cor vermelha jogou no chão as roupas que trazíamos nas nossas mochilas. Ele deu-nos cinco minutos para nos trocar.

Vesti um macacão vermelho terroso e prendi com um cinto. Rapidamente escovei o meu longo cabelo e o trancei para depois enrolar num coque bem firme. Coloquei uma touca fina para segurar o meu cabelo e coloquei o niqab. Depois só tracei o meu lenço e coloquei alfinetes para ficar bem seguro. Calcei a minhas botas pretas e umas luvas de couro preto e estava pronta. Feyre estava vestindo uma túnica, calça e botas. Ajudei-a apenas a trançar o seu cabelo.

- Estou com medo Mia.- Feyre sussurrou o meu apelido carinhosamente.

- Eu sei. Mas vamos superar isso juntas, eu prometo.- apertei o seu ombro levemente.

O guarda vermelho abriu a nossa cela e mostrou o caminho. Esse era o caminho para o salão de dias anteriores. Entramos no salão que agora parecia ainda maior porque havia uma grande arena cheia de tantos feéricos. O lugar era barulhento e embora os meus ouvidos estivessem cobertos pelo lenço tive vontade de cobrir com as minhas mãos.

Todos aqueles feéricos inferiores e grão-feéricos olhavam para a gente como se fossemos a atração principal daquela noite, o que nos tornámos de facto. Fomos levadas até à frente de um palco onde dispunham os grãos-senhores e acima deles Amarantha e Tamlin. Olhei para o lado e fiz uma análise do lugar. Onde estávamos havia um lago nada convidativo e atrás dele um longo e lamacento labirinto. Em volta desse labirinto todos os feéricos competiam por um lugar à frente para que pudessem desfrutar das nossas mortes pacificamente.

O lago não era muito grande. Talvez do tamanho do chalé da minha família. Lembrava um poço porém um pouco maior. O labirinto parecia uma trincheira completamente coberto de túneis e algo parecia deslizar por toda aquela lama.

À minha frente estavam os grão-senhores de Prythian. Rostos frios e sem qualquer emoção. Como se o facto de eu e a minha irmã não despertasse qualquer esperança em seus corações.

Um era branco assim como os seus cabelos e vestes. Kallias, grão senhor da corte invernal.

Do seu lado um homem negro de cabelos brancos e olhos azuis. Tarquin, grão senhor da corte estival.

Um homem de pele bronzeada, cabelos de ónix e olhos âmbar não tinha como enganar. Helion, grão senhor da corte diurna.

Outro homem de pele marrom assim como os seus cabelos e olhos cor de amêndoa conversava com Helion. Thesan, grão senhor da corte crepuscular.

Outro homem de aparência brutal gritava arrogância. Aquela era Beron, pai do meu melhor amigo, e grão senhor da corte outonal.

Rhysand estava sentado no seu pequeno trono e lançava-me um sorriso felino quase como desdenhasse da minha ignorância mortal. Amarantha ergueu uma mão e toda a multidão calou. O salão ficou tão silencioso ao ponto de conseguir escutar a respiração da minha irmã.

- Então, Feyre, Mikaela. - entoou pausadamente com a sua mão no joelho de Tamlin.- Estão diante de suas primeiras tarefas. Tomei a liberdade de descobrir algumas coisas sobre vocês duas.- um sorriso malicioso surgiu.- Acho que vão gostar desta tarefa. - alguém me agarrou me afastando da minha irmã. Attor me levou até à borda do lago e outra criatura igual a ele levou Feyre até às trincheiras com metros de profundidade. - Rhysand me contou que são caçadoras. - os meus pés tocaram naquela água extremamente gelada. Respirei fundo. Me desesperar não vai ajudar.- Vamos ver do que são capazes. - fui jogada na água brutalmente.

Aquele lago não era feito de água. Quer dizer, era água mas não era ao mesmo tempo. Eu tentava nadar para cima mas o líquido parecia demasiado leve para ser empurrado. Graças a Deus eu consigo aguentar até um minuto e meio sem respirar. A sua frieza era tão congelante ao ponto de queimar as minhas entranhas.

Corte de terror e sacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora