Um dragão não é um escravo

Capitulo 04: Fogo e Sangue

Obs: Falas no idioma valiriano em itálico.

DAEMON IV

Acordei olhando o teto do meu quarto. Lembrei do corpo de Rhaenyra se estremecendo ao meu toque. Não faço ideia de como ainda estou vivo e ileso.

Devido à maneira como tudo terminou na noite passada, temos dois cenários possíveis a minha espera: Ou ela vai me encher de olhares o tempo inteiro querendo terminar o que comecei ou vai cortar algum órgão do meu corpo e espalhar pela fortaleza inteira.

Acho provável a segunda opção.

Levantei e caminhei em direção a janela me apoiando no parapeito. Hoje iniciaremos as estratégias de guerra e certamente estarei fora da corte por um longo tempo.

Vesti minhas calças e gibão preto com detalhes vermelhos e ornamentos com escamas de dragão. Dividi meu cabelo longo fazendo uma trança caída e o restante do cabelo solto para frente. Ajustei a Darksister e minha adaga na cintura e segui em direção a porta.

***

Caminhei para a sala do conselho e me deparo com Corlys seguindo o mesmo caminho. Observando com mais atenção notei o broche da mão em seu peito e conclui que meu irmão foi afastado dessa posição. Não me surpreende, são os filhos e esposa dele que estão se rebelando contra a coroa. Seria estupidez continuar confiando em seus conselhos.

Não tive tempo de conversar com ele. Antes de me afastar preciso ter certeza que ficará bem sozinho.

***

Ao entrar na sala do pequeno conselho me surpreendo com Rhaenyra em pé falando com Sir Harrold enquanto aguarda todos chegarem. Vestia um corset marrom escuro justo ao corpo delineando a cintura com detalhes verticais bege, as alças eram finas destacando seus ombros e as marcas que deixei ontem. O decote era sútil, mas eu sabia como eram seus seios debaixo deles. As calças eram coladas e em sua cintura uma adaga. Seu cabelo longo com tranças embutidas mostrando mais o seu rosto delicado, mas sempre com um olhar penetrante.

A desgraçada era bonita mesmo.

Rhaenyra me observou com o canto dos olhos, conforme andava até meu lugar na mesa que ficava de frente com ela. Não consegui definir se o olhar era de ódio ou desejo.

***

Após a chegada da Rainha, passamos horas analisando todas as possibilidades de ataques e as melhores formas de defesa para a população em Porto Real.

- Os verdes possuem Sunfyre, Tessarion e Vhagar, esse último é o que traz a maior preocupação de qualquer ataque - analisou Rhaenys junto ao seu conselho negro.

Vhagar era o dragão de Baelon, depois de Laena e foi revindicado por Aemond de forma traiçoeira. Baela ainda criança provou sua lealdade, a sua irmã e pela memória de sua mãe arrancando o olho esquerdo de Aemond na noite de funeral de Laena. Desde esse dia Alicent atribuiu uma raiva de nós, mas principalmente de Viserys que ficou ao meu lado. Ela seguiu com seus filhos e pai para Old Town.

- Healena está aqui conosco, mas não monta em Dreamfyre há muitos anos e ninguém pode reivindicá-la. Já do nosso lado temos Meleys, Caraxes, Moondancer, além dos dragões em Pedra do Dragão sem um Dragonrider. Asaprata, Seasmoke, Vermithor, Canibal, Syrax e um extremamente selvagem que ninguém ao menos conseguiu nomeá-lo - continuou Rhaenys.

- O ideal seria encontrar sementes de dragões para revindicá-los a nosso favor - disse pensando na melhor forma de aumentar nosso poderio bélico - para mantê-los como nossos aliados, precisamos oferecer uma recompensa, como terras conquistadas pelos apoiadores dos usurpadores.