Capitulo 14: Um pedaço de sua ancestralidade

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Rhaenyra VI

— Monta! — disse Baela entusiasmada.

Olhei para Syrax e criei coragem de tocá-la. As escamas tinham uma espessura única, eram menos ásperas que as escamas de Caraxes. Andei até a sela, agarrando a corda para subir. Um medo preencheu meu estômago, fazendo-me suar frio. Respirei fundo, soltei o ar pela boca acalmando e concentrando. Sentei na sela ainda trêmula. Voar sozinha em um dragão reivindicado, ou melhor, um dragão que me reivindicou, era algo que nunca passou pela minha cabeça.

— Sōvēs [voar] — eu disse.

Então Syrax obedeceu e alçou voou pelos céus acima de Pedra do Dragão. O sentimento intenso no meu peito, a conexão se estabelecendo entre dragão e montador, o vento acima das nuvens, o medo e adrenalina, se sentir viva e temer a morte em simultâneo. Essas misturas de sensações fez as lágrimas escorrerem pelo meu rosto e não conseguia parar de chorar. Era um choro de pertencimento, não estava sozinha, não era uma bastarda sem nome, sem família, sem legado. Eu era do sangue de dragão.

Ouvi um rugido e um dragão sobrevoava com enorme habilidade entre nós. Os flips e acrobacias eram incríveis e Syrax entendeu o que queria e imitou Moondancer. Mergulhamos entre as nuvens e gritamos de felicidade pela nossa liberdade.

***

Descemos no pátio onde estava Daemon treinando com Luke e Jace. Essa visão me alegrou ainda mais, ele tentava lidar com os meus meninos aos poucos e ambos estavam ofegantes e felizes. Daemon arregalou os olhos quando me viu saindo devagar da sela.

— Então deixou o medo de lado e finalmente aceitou o sangue de seus ancestrais? — caminhou até onde estava, agarrando meu rosto para um beijo singelo.

— Syrax me escolheu.

— Um dragão escolheu seu montador? — disse surpreso — nunca ouvi nenhuma história parecida. Realmente você é especial.

Estava calmo e doce. Apesar da usurpação ao trono e o medo de qualquer ataque, ele permanecia centrado. Os dragões sobrevoaram o fosso, sozinhos e Baela se aproximou ao meu lado.

— O que faremos agora pai?

— Já deixei instruções e as defesas bem estabelecidas. Vamos esperar. A rainha está convocando seus aliados e arquitetando os próximos passos.

Luke pegou minha mão, entusiasmado.

— Você tem um dragão, mãe! Você sempre foi incrível — sorri com sua animação — Será que um dia teremos também?

Olhei confusa, não poderia afirmar, nem dar falsas esperanças.

— Claro que sim! — ecoou a voz de Daemon — A próxima ninhada de Syrax será de vocês — terminou com um enorme sorriso e os meninos alegres pela notícia.

Algo perambulou em minha mente. Se os dragões estão interligados aos seus montadores, será que Syrax poderia ter novos ovos? Ou, eu engravidaria novamente?

***

Admirava a noite do lado de fora. O mar estava agitado, mas a calmaria havia se estabelecido. Fechei meus olhos ouvindo apenas o bater das águas e o vento entre as árvores.

Daemon se aproximou envolvendo seus braços na cintura e acomodando seu rosto em meus ombros. Seu calor me tranquilizava e ele sabia como tocar, deixando-me ainda mais calma.

— O que tira seu sono, insuportável?

— Pensei que essa fase de apelidos passara.

Ele gargalhou e se aninhou sentindo meu perfume no pescoço.

Um dragão não é um escravoOnde histórias criam vida. Descubra agora