Capitulo 02: Semente de dragão

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Obs.: falas no idioma valiriano em itálico.

DAEMON II


***

Rhaenyra... Esse nome ficou em minha mente depois que ela saiu tão rápido para não ser questionada ainda mais.

Eu já ouvi esse nome, mas não consigo lembrar exatamente de quem ou quando. Decidi verificar isso depois e não ficar em pé plantado esperando o anoitecer.

Em meio ao caos, lembrei que Baela estava comigo e não vi ou falei com ela ainda. Olho por cima para encontrá-la e ela estava sentada sozinha perto de um dos lagos próximos ao nosso acampamento. Chegando perto, percebi que já havia trocado suas vestimentas e não estava suja com sangue, porém seu olhar estava distante e não percebeu quando sentei ao lado dela.

- Como está se sentindo? - questionei de forma branda olhando-a. Baela nunca matou ninguém, apenas treinava no castelo desde pequena. Acredito que sua cabeça está cheia de questionamentos como fiz comigo em um dos torneios que participei e sujei as mãos pela primeira vez.

- Péssima! Vomitei três vezes, mas não é o cheiro ou a visão tenebrosa dos corpos no chão que me preocupa - Ela olhava para seus pés, não conseguia olhar em meus olhos e senti que a culpa preenchia seu corpo - Eu... Eu não senti... Não senti nada! - terminou de forma ríspida e abraçando seus joelhos em seu peito.

- Bom, sentir nada não é ruim. Fico feliz por não ter gostado na primeira vez, assim não preciso me preocupar com você virando uma "Maegor de Tetas" - ela me olhou sorrindo e senti que a culpa não estava tão latente - Fico feliz de você estar viva e não precisar de ninguém te defendendo.

Baela me olhou com alívio e acredito que o sentimento ruim saiu um pouco do seu peito.

***

Estava de noite, os soldados acenderam uma fogueira para se aquecerem e prepararem algo para comer. Não tinha fome, o nó em minha garganta estava enorme. Contar para Rhaenys que seu único filho está morto não será uma tarefa fácil. Vou deixar esses pensamentos quando chegar em Porto Real.

Ao caminhar pelas tendas sinto uma pontada aguda em meu ombro e minha camisa com uma mancha de sangue. Droga! Era um ferimento que sofri na batalha e só senti agora quando acalmei os nervos. Decidi ir até o lago afastado e limpar antes que ficasse pior. Tirei minha camisa e peguei um punhado da água na beira para despejar no ferimento. Fiz o mesmo processo duas vezes e olhando com uma certa dificuldade ví o quanto estava aberto e precisava de alguns pontos urgentes. Escutei um barulho de um galho se quebrando enquanto uma mulher andava até o lago. Apertei um pouco os olhos para ver quem exatamente era. Ela estava apenas com as calças e limpava seu abdômen e seus ombros na beira do lago. Era Rhaenyra.

Sua pele era branca e brilhava com o reflexo da lua na água. Os cabelos prateados presos com um coque frouxo e graciosamente bagunçados. Seus olhos fechados enquanto derramava um pouco da água em seu colo. Seus seios não eram de uma menina, eram fartos e empinados como uma mulher em seu auge de maturidade. Eu deveria desviar o olhar, mas não conseguia, ninguém conseguiria, nem o mais puro dos septãos. Apreciava à distância seu corpo que me fazia esquecer qualquer ofensa que saia daqueles lábios ferinos.

Rhaenyra abriu os olhos e vislumbrou em minha direção. Sua expressão era séria, mas com um leve sorriso no canto de sua boca. Pensei que se assustaria ou ocultaria seu corpo, mas para minha surpresa ela continuou me observando. Não tinha vergonha e nem sequer correu até a margem para vestir sua camisa. Ela se levantou, pegou o pano que havia reservado para se secar. Vestiu sua roupa dobrada sob a grama e seguiu até onde estava. Levantei rápido ficando com a visão turva pelo movimento brusco. Não sabia o que exatamente essa mulher ia fazer.

Um dragão não é um escravoOnde histórias criam vida. Descubra agora