Capítulo 06: Dragão reivindicado

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RHAENYRA I

- Costas mais eretas, ombros para trás, estique o arco com a flecha, respire fundo. Sem se desesperar, sem ansiedade, apenas analise seu alvo com calma antes de qualquer ataque. Quando estiver pronta, atire! - orientei Rhaena que treinava agora comigo.

A pequena Targaryen disparou a flecha acertando quase no alvo. Quatro centímetros longe do centro, mas ainda no alvo.

- Droga! - pestanejou Rhaena - ainda não consigo acertar no centro!

- Calma princesa, você começou à pouco tempo, suas habilidades são notáveis, logo conseguirá melhorar sua mira.

- Gosto mais de arco e flecha do que espadas. Ainda não me sinto ágil e forte para enfrentar alguém tão de perto.

- Você pode ser uma ótima arqueira, mas é fundamental saber manejar uma espada. Seu adversário pode surpreender você à qualquer momento. Todas as habilidades são importantes.

Ela sorriu docemente enquanto pegava outra flecha. Não conheci a mãe das gêmeas, mas certamente a teimosia foi herdada do pai.

Faz sete dias desde sua partida para Harrenhal. As únicas informações que soube, eram de uma grande vitória e a conquista planejada. Mesmo assim pensei que voltaria ou enviaria mais soldados. Sigo impaciente, os objetivos do nosso exército é enfrentar em batalha cada verde. Ficar aqui em Pedra do Dragão está me fazendo perder tempo.

- Continue treinando princesa, vou tomar um pouco de água.

Conforme seguia meu caminho até a mesa com um grande galão de água, uma das minhas grandes guerreiras se aproximava. Não era só eu impaciente nesse lugar.

- Rhaenyra, não seguimos com esse plano para ficar esperando instruções e fincando raízes aqui - indagou Maya com um sussurro e olhando atentamente com seus olhos cor de mel.

Maya era uma das melhores guerreiras. Era feroz e volátil. Quando provocada, ninguém conseguia segurar enquanto não arrancasse a cabeça de seu inimigo. Ela foi a primeira a entrar em nossa missão de vingança e estava disposta, assim como eu, morrer em batalha se fosse necessário.

- Entendo sua impaciência - segurei em seu ombro e me aproximei falando baixo - mas não podemos simplesmente seguir com o nosso objetivo. Somos aliadas a coroa, precisamos seguir ordens reais. Porém, prometo que terá a cabeça de cada um - terminei pegando sua mão e encostando no meu peito, perto do coração.

Eramos mulheres, mães, esposas, guerreiras, deixadas sozinhas com a dor de perder tudo de mais precioso. A raiva sempre será nossa morada e vou cumprir com cada promessa.

***

Gritos e rugidos de dragões se espalhavam pelo lugar. Ao redor, pedaços de mãos, pernas, um cheiro de sangue que era algo comum ao meu olfato, mas Rhaena olhava com um pequeno lenço branco em seu nariz.

- Quatro dragões revindicados, mas aquele ali, ninguém consegue chegar perto - observava a princesa por cima do muro.

- É o mais selvagem, sem nome?

- Sim! Todos tentam de forma bruta. Mesmo minha irmã orientando, esse dragão não foi feito para ser domado.

- Qual o nome do seu?

- Meu? Não, acredito que fui deixada na porta do castelo em Pentos e meus pais me adotaram. O sangue do dragão não deve correr em minhas veias, nenhum ovo choca comigo - olhou com tristeza para o chão e percebi uma lágrima tímida escorrer pelo rosto.

- Já pensou em reivindicar um? - questionei apontando para a pequena arena onde as sementes tentavam (e morriam) domando dragões.

- Meu pai não permitiria. São selvagens demais, podem me devorar em segundos.

Um dragão não é um escravoOnde histórias criam vida. Descubra agora