Um dragão não é um escravo

Capitulo 17: Adeus

Daemon VIII

— Vamos Daemon, seu pai está esperando.

Quando completei oito anos, meu pai Baelon desfilou nas ruas de Porto Real com sua família para criar vínculo com o povo. Ideia feita, claro, pela minha mãe Alyssa.

Podíamos passear de dragão, tínhamos Meleys e Vhagar, mas Alyssa não gostaria de amedrontar o povo e sim mostrar que a realeza queria se igualar e ouvir aos mais necessitados.

— Por que Viserys ficou na fortaleza e eu fui obrigado a caminhar?

— Viserys tem seus próprios afazeres e você é um príncipe também, não pode ficar trancafiado pensando apenas em batalhas e espadas — ela sorriu segurando a minha mão.

— É divertido e você também gosta mamãe.

Ela parou e agachou me olhando nos olhos. Eu era apaixonado pelos olhos dela, um violeta e o outro verde-claro. Era única e admirava mais do que qualquer rei da dinastia Targaryen.

— Eu amo vestir cota de malha e brandir uma espada — piscou soltando um sorriso amável — acha mesmo que gosto de andar assim com esses vestidos luxuosos? Temos deveres Daemon, logo seu pai será rei e precisamos manter o reino unido e próspero.

— Mas eu sou o segundo filho, mamãe... Por que se importa comigo?

— Por que você é um Targaryen e será o melhor guerreiro ao lado do seu irmão. O reino precisa de espadas fortes e você — bateu a ponta do dedo indicador no meu nariz — será o melhor cavaleiro de dragão.

Continuamos percorrendo todos os lugares. As pessoas reverenciavam conforme passávamos.

— Viva o príncipe da primavera — eles gritavam.

Percebi um olhar me seguir na multidão. Observei atento de longe uma menina, de cabelos iguais aos meus nos seguindo. Só Targaryens tinham aquele tom. Nenhuma das damas de companhia percebeu meu breve sumiço, então corri atrás dela, curioso.

Assustada, ela correu entre corredores estreitos. Era mais nova que eu, cinco, seis anos? Mais de oito não poderia ter.

— Ei! — gritei — quero falar com você!

Ao ouvir minha voz ela se assustou e tropeçou em um degrau caindo no chão. Aproximei tentando ajudá-la.

— Não precisa ter medo.

— Não... Tenho medo!

— Então por que corre?

A menina olhava admirada para o meu rosto.

— Não posso falar com você.

— Quem disse isso?

— Todos.

— Bobagens. Somos até parecidos olha — uni uma mecha do meu cabelo com o cabelo dela — Só a cor dos olhos que não. Seus olhos lembram os de mamãe.

As bochechas ficaram coradas.

— Meu nome é Daemon e o seu?

— Rhae...

— DAEMON! — ouvi a voz de Alyssa — Pelos deuses menino não saia de perto de nós.

— Olha mamãe, ela parece uma Targaryen...

Alyssa arregalou os olhos ao ver a menina. Seus olhos se encontraram e um carinho singelo estampou o seu rosto.

— Cassandra, leve príncipe Daemon, me reunirei daqui a alguns minutos.

Caminhei com as damas de companhia até a comitiva real. Nunca soube o que exatamente conversaram, mas hoje entendo que aquela menina era Rhaenyra e estávamos destinados a se encontrar.