Capítulo 2

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Jimin

-Estou indo -Continuei olhando pra janela enquanto ele suspirava -Fique pronto, assim que eu chegar vamos sair.

-Sim

-E por favor, não vista aquelas coisas estranhas, você tem calça e moleton, use isso.

-Certo.

-Se cuida, te amo.

-Ok -Ele segurou meu rosto e me "beijou", na verdade ele só estava mexendo a boca sozinho pois eu continuava imóvel.

-Você tem que melhorar isso -Reclamou ao que eu voltei a virar o rosto.

-Irei, não se preocupe.

-Volte pra casa assim que acabar o trabalho, e não enrola, quero pegar você pronto hoje -Assenti - Se depila, vamos transar ao voltar pra casa.

-Uhhum.

-Passa na farmácia e compra camisinha.

-Você já disse Sun, não se preocupe, eu não vou esquecer.

-Certo, tenha um bom dia, te amo -Me deu outro beijo e saiu, assim que ele fechou a porta eu andei calmamente até o banheiro e comecei a lavar a boca, se eu corresse as câmeras iam captar movimento suspeito e ele voltaria.

-Nojento - Repugnei e cuspi na pia. Sai dali decidido e caminhei até o quarto onde dormimos, peguei a bolsa da faculdade e comecei a andar calmamente para fora da casa.

É hoje que eu finalmente deixo essa prisão em forma de "lar". Sun vem pagando minha faculdade a algum tempo e exatamente por isso que eu vou conseguir sair daqui.

Ele é ocupado demais pra mim e para o que me envolve, então ele só me entrega o dinheiro e pronto, no começo eu pagava a faculdade como ele mandava, mas de uns meses pra cá eu venho "pegando" o dinheiro pra mim.

E vai ser com esse mesmo dinheiro que eu sumo desse lugar. Faz três meses que eu tranquei a faculdade e fico com o dinheiro da mensalidade, Sun nem desconfia, e como poderia? Ele sequer me olha a não ser quando quer sexo, quem dirá ir atrás de algo que me envolve.

Conheci uma pessoa através de outra que estuda comigo e ela me ofereceu ajuda, ele notou alguns hematomas em meu braço e eu não consegui me segurar quando ela perguntou. Acabei falando tudo, coisa que eu nunca tive coragem de contar nem pros meus pais eu falei pra ela. Amy conversou com o pai e os dois resolveram me alugar um apartamento dele.

Na verdade eles queriam simplesmente me colocar pra morar sem custos, mas eu não podia fazer aquilo, o homem já está me cedendo um lugar pra ficar e eu não podia só aceitar ficar de graça.

De tanta insistência ficou que eu pagaria bem pouquinho, mas minha consciência não pesaria tanto.

E isso é apenas até eu conseguir meu próprio lugar, prometo que logo saio vou retribuir toda a bondade que eles estão fazendo por mim.

Amy e seu pai terão minha gratidão eterna.

Sai da casa e como de costume comecei a caminhar até o quarteirão de baixo que era onde eu pegava o ônibus pra ir pra faculdade, mas dessa vez não era isso que estava me esperando.

-Ji, aqui -Avistei a menina muito bem vestida e corri em direção a ela -Vamos?

-Sim -Sorri mas minha vontade era de chorar, não acredito que finalmente vou conseguir me livrar de Sun, isso parece até um sonho.

O mais lindo dos sonhos que já tive.

-Papai não pôde vir, titio chegou de viagem hoje e se não se encontrassem os dois morreriam, grude que só -Falou descontraída assim que eu entrei no carro.

-Não tem problema.

-Tenho outra surpresa pra você.

-Eu não vou ficar sem pagar aluguel Amy.

-Não era isso teimoso, já te conheço o bastante pra saber que você é cabeça dura -Ah, não falei a quanto tempo conheço ela, nos conhecemos na faculdade como mencionei e isso já faz uns quatro meses.

Pouco antes de tomar coragem e "roubar" Sun.

Pegamos amizade muito fácil mas tem pouco tempo que ela descobriu sobre meu "lindo e feliz relacionamento" e sobre o que ele me causa

-Então o que é?

-Na verdade são duas coisas.

-Amy.

-Toma -Ela me entregou uma caixinha.

-O que é isso?

-Um celular, você precisa se desfazer desse seu.

-O que? Tá louca?

-Ji, sabemos que aquele cara não é normal, e ele é possessivo demais pra te deixar andar pra lá e pra cá sozinho, com certeza ele te vigia, e pra que coisa melhor do que algo que fica sempre com você?

-Mas então ele sabe da faculdade -Arregalei os olhos mirando no aparelho em meu colo.

-Não porque você vai realmente pra faculdade, só não entra na sala -Isso é verdade, como eu tenho que sair de casa por causa das câmeras eu vou pra biblioteca ficar ajudando a tiazinha de lá. Suspirei aliviado -Mas você não quer que ele te encontre, ou quer? -Antes mesmo dela finalizar a frase eu já tinha arremessado o aparelho da janela -Ótimo, agora esse é seu novo celular, tem meu número e o do papai ai, se precisar pode ligar, estaremos sempre aptos a te ajudar -Sorri como agradecimento.

-Obrigado, obrigado de verdade -Ela revirou os olhos sabendo que vinha algo -Mas eu não posso simplesmente aceitar assim.

-Você pode me pagar depois. - ia questionar mas ela continuou -Quer trabalhar na loja do papai? Está precisando de funcionário e o salário é ótimo.

-Para, tá falando sério?

-Muito sério, a loja fica perto do apartamento onde vai morar, leva minutos pra chegar e é um lugar seguro, e caro, aquele mão de vaca não vai tentar te encontrar em um bairro daqueles, você pode viver sua vida tranquilo Ji, sem medos ou ressentimentos -E como um passe de mágicas a vontade de chorar voltou com tudo.

-Nem sei como te agradecer Amy..

-Me arruma a An -Olhei para ela indignado -Eu sou louca naquela estranha.

-Ela não é estranha!

-Ji, ela come arroz com iogurte, ela com certeza é estranha.

-Ok, talvez ela seja um pouco -Sorrimos.

-Você pode me agradecer fazendo com que ela me desse uns beijinhos.

-Achei que você era hétero.

-Sou bi -Ela sorriu -Uma bela de uma biscate -Gargalhei sendo seguido por ela -E ai, me ajuda?

-Ajudo.

-Ótimo! -A louca me abraçou -Vamos? Tenho que passar em casa pra pegar a chave.

-Uhhum -Nos acomodamos e ela deu partida para onde será minha nova casa, estou tão ansioso para finalmente abrir mão do meu passado.

Do meu infeliz e desgostoso passado onde eu não passava de um nada, a partir de agora será de eu pra mim.

Não vou me abrir nunca mais com homem nenhum, eles só querem me usar, me machucar, me desgastar. Não estou pronto para passar novamente por tudo que passei com Sun, por isso decidi que jamais vou me abrir pra eles e nem pro "amor".

Será apenas eu e eu.

Sweet Angel Onde histórias criam vida. Descubra agora