♠️CAPÍTULO 4♠️

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    Duas semanas haviam se passado desde que Aimi chegou à praia, e, nesse curto período, ela já havia conquistado grande respeito entre os residentes. Sua personalidade firme e habilidosa deixava claro que não era uma novata, e, mesmo nesse ambiente implacável, sua presença já se destacava.

Sua amizade com Kuina avançava de forma significativa, ainda que Aimi mantivesse uma certa distância emocional. Ela havia aprendido, através das tragédias do mundo, que se apegar demais poderia custar caro. Mesmo assim, era difícil não se sentir atraída pela personalidade vibrante e calorosa de Kuina, que parecia iluminar os lugares por onde passava.

Quanto a Chishiya, Aimi já havia tido a oportunidade de conhecê-lo, mas suas interações ainda eram breves e esporádicas. A presença dele sempre parecia carregar um ar de mistério, que apenas despertava mais a curiosidade da garota.

Era o dia em que o visto de Aimi expirava. Diante do espelho de um banheiro mal iluminado, ela aplicava uma pomada em seu ferimento, franzindo o cenho ao constatar que o corte precisava de pontos e que uma infecção já estava se instalando. Ela envolveu cuidadosamente o ferimento com bandagens, escondendo a lesão debaixo de seu casaco preto, e fechou o zíper, mantendo uma expressão decidida.

— Eu realmente espero que não seja um jogo de espadas... — murmurou para si mesma, ciente de que suas chances seriam ainda menores se tivesse que enfrentar algo fisicamente exigente naquela condição. Em passos firmes, ela seguiu em direção ao saguão.

O Chapeleiro, como de costume, fazia seu discurso motivacional e inflamado, incentivando todos a se prepararem para mais um jogo. Aimi, como sempre, manteve-se à margem, observando a movimentação com olhar analítico. Ela caminhou lentamente em direção a um dos carros, onde encontrou Chishiya encostado, com as mãos nos bolsos e um sorriso astuto nos lábios.

— Então, vamos juntos dessa vez? — ele perguntou casualmente, erguendo uma sobrancelha.

— Parece que sim. Você dirige? — Aimi retrucou, jogando as chaves para ele sem cerimônia. Chishiya as pegou no ar com facilidade, como se já esperasse por isso.

Aimi acomodou-se no banco do passageiro, prendendo o cinto enquanto observava o loiro ajustar-se no assento do motorista. Assim que o carro foi ligado, eles seguiram em direção à arena de jogos. Aimi acendeu um cigarro, permitindo que a fumaça acinzentada enchesse seus pulmões, relaxando seus ombros enquanto a nicotina trazia um pouco de alívio à tensão crescente.

Fumar era um hábito que ela havia adquirido na adolescência e abandonado por influência de Akemi, uma amiga que a convencera a largar o vício. Mas após a morte de Akemi, Aimi retomou o hábito, quase como um ato de rebeldia contra a dor que sentia.

A arena de jogos logo se ergueu diante deles, um prédio imponente que parecia observar os jogadores com olhos indiferentes. Chishiya saiu do carro primeiro, conectando seu celular a um carregador improvisado em um canto, enquanto Aimi, com o cigarro preso entre os lábios, escolheu um ponto afastado para esperar.

“Reconhecimento facial, aguarde. Inscrição registrada. Restam dez minutos para o término das inscrições”, anunciava a voz monótona e robótica pelo sistema de som. Aimi pegou mais um cigarro e o acendeu, sentindo o nervosismo latente ser amenizado pelo familiar aroma da fumaça.

Em pouco tempo, outros jogadores começaram a entrar na arena. Primeiro, uma jovem de cabelos curtos e aparência determinada, depois, dois rapazes – um loiro e outro moreno –, seguidos por um rapaz de boné que aparentava ser um novato.

I am the joker🃏 ~Alice In Bordenland~ Onde histórias criam vida. Descubra agora