Espectro De Descobertas

Azul como seus olhos

Eu via Goody em todos os lugares que eu olhava, como se estivesse se multiplicando. Meus ouvidos apitavam pela dor, nunca achei que sentiria algo tão forte a ponto de me fazer gritar, a ponto de me fazer não gostar da dor.

Senti o corte em minha barriga abrir, Goody estava perdendo força mas se isso estava acontecendo, eu morreria. Não poderia morrer, a garota de olhos azuis me observava, não poderia ser fraca.

- Querida, Seja forte, ainda falta muito! - Ouvi minha mãe dizer em meio a meus próprios gritos de dor. Ainda falta muito, será que serei forte o bastante para suportar?

Comecei a procurar em volta, não conseguia ver mais nada além de Goody a minha frente com um sorriso sarcástico.

- Você vai morrer.

- V-você também. - Respondi contendo a dor.

- Você se deixou ser fraca por uma pessoa medíocre. Achei que você seria melhor

- Não me importa o que você acha. - Disse entre os dentes e Goody gargalhou.

- Entenda de uma vez, Wednesday. Se eu desaparecer você morre e sua garotinha ridícula ficará sozinha.

Eu segurei a dor, segurei a ponto de me sentir enjoada e então olhei para ela.

- Não ouviu Xavier dizer? Eu sou o diabo e você vai queimar.

Senti o toque suave em minha mão e abri os olhos, olhei para o lado ainda ardendo em febre, vi Enid sentada no chão, segurando uma vela repetindo palavras estranhas enquanto segurava minha mão. Mortícia estava em pé pingando água em meu corpo e repetindo as mesmas palavras que Enid e segurando um livro grande. Sinto meu corpo reagir ao líquido como se mil agulhas estivessem perfurando meu corpo, não quero que Enid se assuste mais, vejo lágrimas rolando por seu rosto mas não consigo fazer nada além de me segurar e suportar a dor.

Mais uma vez sinto uma onda de dor perfurante e desmaio.

Tempo depois acordo,

Silêncio.

A sensação auditiva é como se estivesse em baixo d'água e então tudo explode ao sentir o corpo se chocar contra o meu.

- WED!

Ouço o grito abafado de Enid conta meu pescoço. Tendo falar algo mas minha garganta falha e então começo a tossir, sangue se mistura a minha saliva, percebo que ainda sinto dores e minha barriga esta sangrando.

Olho para Enid e seus olhos azuis me encarando e um misto de preocupação e felicidade. Os mesmos olhos azuis que me encararam quando pisei em Nevermore pela primeira vez, que me salvaram do Hyde na floresta e que varreram minha alma enquanto dizia meus sentimentos. Aqueles olhos azuis me fizeram voltar.

- A gente precisa te tirar daqui. - Enid disse me levantando mas parece muito machucada para fazer isso.

- Nid, não precisa... - Tentei falar mas a garota me calou com seus lábios.

- Eu vou te carregar até a enfermaria como sempre e você vai ficar quietinha e esperar. - mandona.

Vi minha mãe sentada no chão fazendo algum tipo de reza ao redor de um recipiente enquanto o selava com cera.

- Você não pode tira-la daqui, Enid. - Minha mãe diz sem nos olhar.

- Se eu não leva-la a enfermaria ela vai morrer! - Enid disse em desespero enquanto ainda me carregava.

- Se ela sair não conseguirei segurar a bruxa.

- Me coloca no chão, Nid. - Disse e a garota, mesmo relutante, obedeceu.