Fiquei olhando a garota nos olhos, esperando que ela processasse tudo que havia acabado de dizer. Imagino que ouvir o mar de palavras que me dispus a dizer não fosse tão fácil, vindo de alguém como eu isso não é esperado, mas não poderia mais fingir e mentir para mim mesmo. Ama-la não me fazia fraca, me deixava forte.
- Você... Está falando sério? - Enid perguntou com um sorriso lindo e sincero nos lábios.
- Nunca mentiria para você, Cara Mia. - Respondi e vi seu sorriso aumentar.
- Você está ficando boa com os apelidos. - Ela disse antes de encostar seu nariz no meu e arrastar manhosamente. A sensação de tê-la tão perto me fez fechar os olhos. - Posso? - Só consegui soltar um pequeno som em concordância antes de sentir seus lábios tocando os meus carinhosamente.
A sensação de finalmente sanar minha inseguranças em seus lábios me causou pequenas ondas elétricas por todo o corpo, fez meus pensamentos se explodirem em mil pedacinhos me deixando só com a necessidade de beija-la cada vez mais. Enid era gentil e me segurava pela cintura como se tivesse medo de que eu me afastasse. Ah se ela soubesse. Minha mão direita acariciava seu rosto enquanto eu sentia o gosto de seu gloss de morango. Foi um beijo longo e carinhoso até que ela se afastou.
- Eu te amo, Wed. - Ela disse abrindo os olhos devagar. - Você está sorrindo?
- É, eu acho que sim... - Respondi ainda atordoada por tudo que estava acontecendo. - Tem certeza que quer se entranhar em uma pessoa que nem sabe amar, Nid?
- Com certeza... - Ela respondeu selando nossos lábios em um selinho rapido. - É o que eu mais quero.
- Eu não sei o que fazemos agora. - Eu disse e ela riu.
- Vamos começar nos sentando ali porquê minha perna está levemente bamba depois disso tudo.
Ela se afasta mas ainda segura minha mão e me puxa para sentar ao lado dela na cama colorida.
- Eu não acredito que Wednesday Addams disse que me ama. - Ela exclamou para o ar com um sorriso aberto no rosto. - Esse é o melhor dia da minha vida.
Eu sorria, esse sentimento me causava coisas novas e boas. Mas ainda sim era assustador.
- Eu não sei como lidar com isso, Nid. - Comecei. - É tudo tão...
- Intenso? - Ela perguntou e concordei com a cabeça. - Deixa fluir... Eu tbm não sei lidar tão bem assim. Já gostei de outras pessoas mas com você é... Diferente.
- Diferente bom? - Perguntei.
- Diferente como navegar em um mar revolto com uma canoa e gostar disso. - Ela disse e riu.
- Se importa se eu for tocar um pouco? Acho que preciso organizar minha cabeça. - Disse.
- Claro que não, Wed. - Ela respondeu.
Me levantei e fui em direção a janela mas não queria ficar longe dela.
- Nid, se importa de apreciar minha música, hoje? - Perguntei envergonhada.
- Seria uma honra. - Ela respondeu com uma expressão feliz, se levantando em vindo até mim.
Me sentei na cadeira à frente da partitura. Enid se encostou no parapeito da sacada e olhou para o céu.
- A lua está linda hoje. - Constatou.
- De fato. As estrelas também. - Disse antes de pegar meu violoncelo e iniciar minha melodia preferida.
Enid ouvia com um sorriso calmo em seu rosto, a garota parecia leve, coisa que eu não via a dias. Eu amava estar perto dela e agora poderia aceitar isso. Odiei em silêncio todo esse sentimento, ignorei e me senti fraca, mas agora entendo como eu estava errada.
Toquei o violoncelo por algum tempo até meus dedos começarem a doer e então o coloquei de lado.
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Espectro De Descobertas
Hayran KurguDe volta a Nevermore, Wednesday tem um novo mistério nas mãos e uma evolução contínua para realizar. As confusões na cabeça da garota se tornam mais intensas como as mudanças em um espectro de cores invisíveis. Tudo ao seu redor muda mas será real?