Penelope
Entrei cabisbaixa, sentindo meu corpo doer, principalmente agora que o sangue havia esfriado. Eu também estava um pouco machucada, levando em conta a minha queda feia, mas eram raladuras iguais as de uma criança que estava aprendendo à andar.
Fechei a porta, e sem querer, fiz o barulho da tranca se fechando.
ㅡ O que houve, filha? ㅡ escutei a voz de Elsa irromper pelo cômodo.
Soltei a maçaneta e me virei devagar, vendo minha família me encarar.
Diana, que estava no sofá com Joaquim, me olhou alarmada ao perceber minha expressão.
ㅡ Eu... Eu estava voltando para pegar o ônibus e...ㅡ tentei falar, mas minha voz falhou ㅡ E... E quase fui... ㅡ não queria sair.
Baixei minha cabeça, sentindo meus rosto esquentar e um aperto muito grande em minha garganta crescer cada vez mais. Eu não consegui falar, mas para a minha sorte, elas entenderam.
Um som de espanto saiu da garganta da minha mãe, que em poucos passos já estava diante de mim, com os braços ao meu redor.
ㅡ Minha nossa! ㅡ me afagou em seus braços ㅡ Que horror, Penelope!
Diana se levantou rapidamente e veio até nós, com uma expressão de puro choque e horror.
ㅡ Meu Deus, Penelope! Você está bem?!
ㅡ Estou. O irmão de Day me salvou.ㅡ respondi baixo e Diana levantou as mãos para o alto, como se agradecesse aos céus.
Elsa me largou, analisando cada parte do meu corpo, enquanto Joaquim nos olhava sem entender a situação.
ㅡ Oh, minha filha! Que bênção esse menino ter aparecido!ㅡ fungou e colocou uma das mãos na testaㅡ Odeio que você venha sozinha...É um perigo! Precisamos providenciar um meio de transporte mais seguro!
Fiquei quieta, e só falei quando percebi o olhar curioso de Diana no casaco que eu estava enrolada.
ㅡ Dennis me trouxe até aqui.ㅡ expliquei ㅡ Acabei esquecendo de devolver seu casaco.
E se eu falasse que ele havia atirado no homem?Não! Não seria uma boa ideia.
Preferi ficar quieta.Mamãe por outro lado, ficou pálida. Tão pálida que eu precisei segurá-la para que não caísse para trás.
ㅡ Dennis? ㅡ sua voz não passou de um fiapo.
Pisquei algumas vezes, ainda sem entender a sua reação. Diana franziu o cenho e me olhou rapidamente, também perdida.
ㅡ É... O irmão da nossa amiga, mãe. Ele é bem gentil, e só ganhou ainda mais a minha admiração ao salvar Penelope de uma situação como essa!ㅡ Diana passou o braço por meus ombros, me dando um abraço de lado ㅡ Minha nossa, irmã... Que horror você deve ter passado!
Exalei estremecendo. A sala ficou em silêncio por alguns segundos, até eu ver nossa mãe ainda encarando o nada.
Uni as sobrancelhas em preocupação:
ㅡ Está tudo bem, mãe?ㅡ ela fez que sim, parecendo sair do transe o qual estava e balançou a cabeça, como se afastasse alguns pensamentos ㅡ Tem certeza?
ㅡ Você precisa descansar. Tome um banho quente, e se deite. Amanhã faremos o boletim de ocorrência...ㅡ Elsa deu uma pausa e me encarou de canto ㅡ ... O cara está vivo?
Ela perguntou como se já soubesse da situação. Como ela podia presumir isso?
Franzi o cenho.
ㅡ Ah... Eu não sei.ㅡ respondi vagamente ㅡ Mas não vou fazer o boletim.
Isso foi o suficiente para ela saber a resposta. Elsa ficou tão calada, que até Nana estranhou, porém, ficou quieta e me guiou para as escadas com cuidado.
ㅡ Bem, vou cuidar de Pen. Ela está cansada.
ㅡ E-eu já levo algo para você comer, querida.ㅡ mamãe falou nervosa e depois olhou para Joaquim ㅡ Joaquim, vá dormir. Já está tarde.
Ele resmungou e se despediu de nós, antes de subir.
Diana me conduziu escada à cima também, fazendo carinho em meu braço, e tentando me acalmar.Entramos em meu quarto, onde eu me banhei e depois vesti uma blusa larga e folgada para dormir, e uma calça moleton.
Mamãe entrou no quarto com um chá quente, e beijou minha testa como fazia quando eu e Nana éramos crianças, e tínhamos medo do escuro.Após ela sair, Diana me olhou e falou:
ㅡ Ela está estranha.
Mordi o biscoito e peguei a xícara com o chá dentro.
ㅡ Essa situação não é a das melhores, né, Diana? ㅡ respondi como se fosse o óbvio.
Diana balançou a cabeça e roubou uma bolacha do meu pratinho.
ㅡ Você viu como ela ficou assim que você disse o nome de Dennis?ㅡ fiz que sim, distraída ㅡ E então?
ㅡ E então que eu acho isso tudo paranóia da sua cabeça.ㅡ tentei mudar de assunto ㅡ Podemos não falar do que aconteceu hoje?ㅡ pedi baixo e ela suspirou, concordando.
ㅡ Me desculpe.ㅡ lamentou se levantando ㅡ Vou deixar você dormir. Boa noite, maninha.ㅡ se inclinou beijando minha bochecha e eu sorri com o seu gesto.
ㅡ Boa noite, Nana.
Ela sorriu também e depois saiu devagar e sem fazer barulho.
Só então eu pude deixar a ficha cair.~~
Qual é a fonte que vocês usam?👀
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Um Acordo ( Concluída)
RomansaPenelope é uma garota normal, em seu próprio mundinho fechado, até se ver presa à um assassino misterioso, cuja identidade ela ainda não conhece, mas que anda a observando há muito tempo e que pretende protegê-la. -Quem é ele? E por que ele? - Nada...