75| Concussão

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Pen

Abri os olhos, os sentindo sensíveis à claridade do quarto.
Olhei para o lado, vendo uma janela de vidro, com as cortinas meio abertas, as quais deixavam a luz do sol entrar. Tinham flores brancas em cima de uma mesinha ali perto, combinando com as cores pálidas do lugar, como o creme da parede logo à minha frente. O quarto era de hospital particular e caro, me deixando sem ideias de como Elsa estaria pagando aquilo.

Pisquei algumas vezes, me acomodando à claridade do ambiente aos poucos. Alguns longos minutos se passaram, meus olhos estavam fixos em um ligar aleatório. Tentei falar, mesmo que minha voz saísse como um rasgo, e estivesse áspera e cansada.

ㅡ Tô viva...ㅡ murmurei, fazendo uma careta logo em seguida.

Suspirei pesado, encostando minha cabeça no travesseiro atrás do meu pescoço e olhei para a porta, na esperança de alguém aparecer e me informar onde eu estava; e como se tivessem lido ou adivinhando meus pensamentos, Elsa apareceu, com uma roupa confortável, indicando que ela havia ficado alguns dias aqui e tinha preferido estar perambulando de roupas soltas e de casa.

Nunca a vira tão cansada, com olheiras abaixo dos olhos, a postura corcunda, os cabelos um pouco desajeitados, e o andar arrastado.

Ela nem notou que eu já estava acordada, pois foi até a mesinha e colocou o copo lá, distraída.

ㅡ Onde está Diana? ㅡ foi a primeira coisa que perguntei, mesmo que baixo.

A postura de Elsa ficou rígida, como se estivesse escutando um fantasma. Ela se virou aos poucos, me encarando com perplexidade.

ㅡ Pen! ㅡ andou até mim, me beijando por todo o rosto.ㅡ Minha filha, você acordou!

ㅡ Onde está Diana?ㅡ repeti.

Ela parou e me olhou por alguns segundos. Elsa não respondei de imediato, e eu nem a pressionei, pois sabia que ela precisava se recompor.

Minha mãe enxugou os olhos com a ponta dos dedos e quando estava calma o suficiente, falou:

ㅡ Diana teve uma concussão cerebral.ㅡ engoliu em seco.ㅡ Está em recuperação.

Um alívio me subiu assim que eu escutei isso.

ㅡ Ela está acordada? ㅡ Ela fez que sim.

ㅡ Vamos esperar ela melhorar pra começarmos a reabilitação. Vão ficar algumas sequelas temporárias.

Olhei para baixo, refletindo. Algumas lembranças daquela noite me fizeram trincar o maxilar, e uma sede de vingança me subiu.

Por que logo Diana? Ela não tinha nada a ver com isso, nem eu -- óbvio. Meu único erro era estar relacionada com uma assassino, cheio de inimigos, mas na inocência.
De qualquer forma, eu estava com muito ódio de Pedro e Sther. O ódio chegava à transbordar por meus olhos.

Vingança gera vingança, e por assim vai.

ㅡ O que aconteceu com o cara?ㅡ perguntei.

ㅡ Dennis o matou, com as próprias mãos.ㅡ respondeu.ㅡ A garota está presa faz muito tempo, sem comer nada, apenas a base de água.

Den.
Escutar seu nome em uma frase que tinha "morte", não me impressionava mais, nem chocava. Eu apenas fiquei quieta, digerindo o assunto.

ㅡ Que merda.ㅡ suspirei, me desconcertando toda.

Mil paranóias sobre ele me passaram na cabeça.

Elsa colocou uma mexa do meu cabelo para trás, e só ai eu percebi o quanto ele estava curso. Levei um choque assim que levei minha mão aos fios, que paravam no ombro.

ㅡ Uma pequena parte de trás teve que ser raspada para fazer os pontos, mas não dá para perceber.ㅡ comentou.ㅡ Diana acabou raspando tudo.ㅡ inclinou a cabeça um pouco para o lado, avaliando meu cabelo.

ㅡNunca me vi assim.ㅡ murmurei, curiosa.ㅡ Quando cou poder sair?

ㅡ Você já deve estar recuperada, ficou duas semanas dormindo.ㅡ andou até a sua bolsa, procurando por algo.ㅡ Aqui.ㅡ me trouxe um espelhinho.ㅡ Veja.

Peguei, analisando primeiro a minha aparência. Para quem esteve em uma situação de quase morte, eu estava até que bem. Meus cabelos realmente estavam acima do ombro, me causando alguns arrepios.

ㅡ A gente ajeita o corte quando sair.ㅡ falou, me confortando.

Fiquei quieta, e lhe entreguei o espelho.

ㅡ Estou com fome.

ㅡ Eu sei que está. Vou chamar o médico antes.ㅡ beijou minha bochecha.ㅡ Já volto.

Assenti e ela saiu.

Dennis estava aqui?

~~

Eu já havia sido avaliada e tomado banho e comido. Agora, eu descansava na maca, esperando que o médico me desse alta amanhã, que foi o que estava previsto.

Consegui ver onde eu havia sido conturbada na barriga, a cicatrização estava até que boa, levando em conta a fundura da barriga.
A equipe médica costurou e resolveu uma lesão no intestino grosso e uma no intestino delgado.

Eu passaria por algumas coisas, mas o bom é que já estava melhor. Confesso que agradeci por estar em coma durante essas semanas, assim eu não veria o tempo passar lentamente, e nem teria que me adaptar com a situação delicada.

Meus pés estavam doendo, após o inchaço sumir um pouco por conta da caminhada que eu dei. Agora, só restava uma vontade imensa de ser massageada no calcanhar.

Eu estava louca para ver a minha irmã, Elsa disse que

que Diana pode sofrer de efeitos colaterais que persistem por semanas ou meses; conhecido como síndrome pós-concussional. Algumas sequelas incluem problemas de memória e concentração, alterações de humor, mudanças de personalidade.

Para a reabilitação, ela teria algumas opções como: psicoterapia, terapia ocupacional, fisioterapia, hidroterapia, terapia da fala... Que apoiem a recuperação dela com lesão cerebral e a sua família.

Eu havia levado a facada e quase morrido, mas Diana estava bem pior do que eu.

Meus pensamentos estavam indo de um lado para o outro dos ouvidos, me causando uma pontada de sor de cabeça. Fechei os olhos, afastando qualquer preocupação, embora fosse muito difícil...

ㅡ Penelope? ㅡ escutei uma voz conhecida.

Todos os pensamentos evaporaram de uma só vez, me deixando sem reação. Abri os olhos aos poucos, vendo Dennis me olhar.

~~

Um Acordo ( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora