Capítulo 4

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 Eu realmente estava apaixonada por ele? Ou só desespero afetivo, já que eu não tenho qualquer tipo de afeição, tem um longo tempo...? 
 Eu não soube explicar a mim mesma, mas o que importava era a sensação de sua presença para mim. É marcante.

 Nós dois ficamos desse jeito por alguns minutos no meio da calçada. Por sorte não tinha ninguém passando para encher o saco, por estar tarde. O que era bom.
 Mas de repente uma atitude de Alan me surpreendeu um pouco. Um leve beijo gentil na minha cabeça foi deixado por ele. Eu rapidamente o olhei erguendo a cabeça ao meu máximo, pois ele é bem mais alto que eu. Não que eu fosse uma formiga, mas também não sou uma girafa. 

 - Ai... - ele fez um som de dor de repente - Minha coluna está doendo... - ele falou ajeitando-a.

 Eu o soltei para que conseguisse reerguer a mesma com mais facilidade. Pude escutar o som do estalo assim que ficou com a coluna ereta de novo. 

- Desculpa... - falei um pouco nervosa, brincando com a minha mão. 

- Não precisa se desculpar, doe-eyes... Eu que fiquei em uma posição ruim para te abraçar. Acho que se estivesse sentado seria melhor.

- Concordo... Minha perna já está ficando dormente - falei balançando-a um pouco para que a mesma não fique roxa sem circulação sanguínea. 

 Nós ficamos em um silêncio matador de repente, encarando um ao outro com cara de taxo.
Eu não sabia o que fazer a partir daqui, sinceramente. Parecia que eu estava conversando com um adulto e não com alguém da minha idade. Não por ele parecer velho, mas sim porque eu nunca consigo manter uma conversa com um.

- Bem... - ele falou repentinamente. Acabou que até me deu um leve susto - Acho que eu vou então...? - notei uma indecisão em sua voz. Eu poderia jurar que não queria.

  Se ele for agora, vou ficar pensando demais no que poderia ter falado de diferente neste momento. Tem vários cenários na minha cabeça que criei para cada resposta minha e dele que existisse.
E se eu sentasse com ele aqui na calçada, mesmo para continuar esse silêncio brutal? Ou talvez eu possa dar uma volta com ele pela frente da minha casa? Quem sabe apenas deixar ele ir embora...? Essa última opção eu não queria...

- Olha, Alan.... eu... eu comprei um saco de pipoca e iria assistir a um filme, mas já que você está aqui... não gostaria de entrar e ver comigo? Estou muito sozinha nessa cidade... - desviei o olhar envergonhada.

 Ele deu um sorrisinho para mim tão feliz, e retribui no mesmo entusiasmo.

- Eu adoraria - ele disse tomando o passo para a porta antes de mim.

 Eu gostaria de esperar antes de chamar alguém "desconhecido" para entrar na minha casa, mas esse não era o caso. Estou realmente desesperada por quaisquer afeto.

 Entramos sem qualquer pressa e, logo de cara percebi que o mesmo olhava para todos os cantos curiosamente. Seus olhos rolavam por toda a sala como uma bolinha de lã.
 Não tinha muito o que ver aqui pelo fato de que eu só montei - com muita dificuldade - alguns dos móveis importantes, mas não foram todos. Nem a mesa eu havia montado, pois eu poderia simplesmente comer na minha cama ou no sofá. Uma solução mais simples do que montar aquela porcaria de mesa.

(Nota da autora: Ela até tentou montar quando derrubou molho de tomate no sofá, mas montou tudo errado, e, já sem paciência decidiu desistir e  limpar a mancha - que demorou mais que montar a mesa errado várias vezes.) 

 Fui até a cozinha para começar a fazer a pipoca. Não demorou muito até eu voltar com um pote cheio dela e me sentar ao seu lado.
  Na TV estava passando um filme um pouco estranho, mas foi a melhor coisa que estava passando, então, foi isso mesmo. Eu não estava entendendo nada, possivelmente porque começamos a assistir bem na metade dele. Ou realmente eu sou burra.

My dear hatchet manOnde histórias criam vida. Descubra agora