Capitulo 6

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Me levantei e fui direto para o banheiro, entretanto, assim que pus meus olhos no espelho, notei algumas lágrimas escorrendo por minhas bochechas. Por que eu estou chorando?
Aquele sonho realmente me assustou ao ponto de me fazer chorar.....? Mas enfim, não posso ficar desse jeito só por causa de um cenário criado pela minha cabeça. Tenho que devolver aquele casaco dele.
Assim que terminei de fazer todas as etapas de um higiene normal; eu peguei a roupa do mesmo e saí de casa. Porém, voltei rapidamente depois de lembrar que ainda estava de pijama e não havia comido nada. Ainda bem que eu não tinha saído por completo pela porta desse jeito.

Corri para a geladeira para comer qualquer coisa lá, que obviamente não estivesse estragada ou velha demais. Mas apenas frutas tiveram de servir para não desmaiar de novo, igual da última vez.
Logo após, andei para o meu quarto e vesti algo que prestasse. A maioria das minhas roupas estavam simplesmente empilhadas no guarda-roupa, porque eu só as jogo ali. Eu não sei quais estão limpam ou não... por isso tomou um tempo meu.
No final, escolhi a peça menos suja e fedida de lá; uma regata branca e um short preto. Não era curto ao ponto de ser considerado uma calcinha, mas mesmo assim era curto. Aproveitei e vesti uma meia-calça preta também. Ela não era grossa, mas pelo menos eu não sentiria tanto frio. Ainda mais se usasse um casaco.... Esqueci que meus casacos estão todos sujos... Enfim... Vai ter que servir o dele.

[...]

Eu saí de casa com um sorriso escondido no rosto, pareceu que eu não o via a muito tempo. Eu tenho que parar de furtar as coisas dele sem querer. Em algum momento, ele irá achar que estou fazendo isso apenas para devolver e vê-lo também, o que não era mentira, mas eu juro que não estou fazendo isso de propósito. Ele ou apenas esquece de pegar ou eu esqueço de devolver. Não é 100% culpa minha.

Não demorou muito até eu me encontrar com os mesmos pensamentos, na divisa entre a rua e a floresta. Eu realmente iria ficar com medo de novo?! Não. Eu preciso ter coragem para entrar. Ele com certeza deve estar aqui dentro e não em outro lugar...

Eu pisei na grama e logo senti uma brisa muito fria e cortante, arrancar o humor aquoso dos meus olhos. Agora eles estavam secos e eu sentia frio, mesmo com o casaco dele.
Senti vontade de recuar, mas logo fui impedida por pensamentos bombardeados na minha cabeça dizendo que eu deveria ir vê-lo logo e parar de hesitar por medo.

Entrei ousada dentro da floresta; o ar aqui parecia mais frio que na cidade, as folhas das árvores não se mexiam, entretanto eu sei que estava ventando. Como isso é possível, eu não sei...

O meu senso de direção terminou por ali, no mesmo lugar onde eu e Alan cortamos madeira juntos, e onde desmaiei também... Me sentei perto do tronco de suporte usado por ele e fiquei na esperança do mesmo aparecer para cortar lenha, afinal, estava frio e eu estava com seu casaco.
Deitei minha cabeça na árvore, olhando para o céu nublado de hoje e fechei meus olhos, esperando que pelo menos um vislumbre dele apareça. Óbvio que eu não estava aqui apenas para devolver o casaco, queria conversar também e quem sabe me desculpar por ter sido uma babaca hoje mais cedo. Sei que agi de forma um pouco rude, mas eu não estava errada em achar bizarro um cara simplesmente escolher dormir do meu lado, sendo que tinha um sofá. Ele poderia muito bem ter dormido por lá...

 Enquanto eu estava o esperando aparecer, diversos pensamentos sugiram na minha cabeça e foi aí que ele apareceu junto de milhares de informações. Tentei me lembrar de seu rosto com os mais detalhados detalhes e agora notei que... o Alan tem uma aparência um pouco morta. A pele dele é bem pálida, tem olheras bem escuras e alguns arranhões nas bochechas, um cabelo todo selvagem... Parece que iria desmaiar a qualquer momento. E olha que eu estou dizendo isso...

Entretanto, isso não deixa ele menos atraente...

- Oh... Você por aqui - a voz de alguém me assustou e me tirou dos meus pensamentos.

My dear hatchet manOnde histórias criam vida. Descubra agora