Capítulo 7

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 Ainda na floresta, no mesmo lugar onde havíamos encerrado aqueles momentos prazerosos, nós nos encarávamos com um sorriso bobo. No caso, eu era a mais envergonhada aqui, por ter esquecido o zíper aberto, e, agora provavelmente o mesmo sabe o que fiz... Meu rosto já avermelhou instantaneamente só de pensar que ele poderia ter percebido se eu não tivesse acabado por ali...

- Hum... Doe-eyes? - ele perguntou um pouco desengonçado - Tem uma loja de conveniência aqui perto, quer ir dar uma passada lá? 

- Claro, por que não? - falei antes de ir me juntar à ele, deixando um espaço entre nós dois.

 Eu ainda não estou pronta para qualquer ação repentina dele e, isso inclui qualquer tipo de toque, até mesmo se nossos braços se encostarem... Qualquer coisa que faça, já me deixa completamente corada, e ainda mais depois desses momentos que tivemos juntos...
 Não sei dizer se ele sente a mesma coisa que eu - no caso amor -, pois, é impossível de decifrar esse homem...! Ele consegue ser mais complicado do que uma mulher... Ou talvez, seja tão simples ao ponto de eu não enxergar.

[...]

 Nós caminhamos por um bom tempo, tendo conversas simples, entretanto, banais, de certo ponto. Parecíamos dois amigos de longa data conversando, sendo que a dois minutos atrás estávamos trocando beijos e toques bem íntimos... Essa relação que tenho com ele é estranha... Não é uma amizade, mas não é namoro. Parecemos dois ficantes que trocam mais do que beijos.
 Mesmo estando conversando com o mesmo, senti que essa conversa estava mais como um efeito de Alzheimer, pois, trocávamos olhares, porém, não igual antes. Parecia que queríamos esquecer o que acabou de acontecer. Ele literalmente costumava me encarar com frequência, e eu o mesmo... mas... agora...

- Alan - eu o chamei interrompendo o que estava falando - Você acha essa nossa... relação estranha? - perguntei o encarando finalmente.

 O mesmo ficou um tempo pensativo e decidiu parar de andar repentinamente.

- Eu acho que... - travou de repente - Na verdade eu... - antes que pudesse terminar de falar, uma música repetitiva começou a tocar, vindo do bolso de seu casaco.

 Assim que tirou um telefone bem antigo, daqueles tipo flip, que fez bastante sucesso no passado; arregalou minimamente os olhos olhando para sua tela, depois desviou o olhar do meu.

- Desculpa, Doe-eyes, eu preciso atender. Pode ir na frente por enquanto, te alcanço depois... - o mesmo disse se afastando um pouco de mim.

 Fiz o que pediu com a testa franzida, sem saber como reagir. Sinceramente, para mim, pode ser apenas alguém conhecido ligando... ou até parentes e amigos, mas mesmo não tendo nada com ele, eu senti um ciúmes crescendo. 
 Ok, S/N, você não precisa se preocupar com coisas assim, afinal, vocês não possuem uma relação sólida, nem nada... infelizmente.

 Antes de me afastar por completo dele, percebi o tom de sua voz áspero e cortante como um cacto. Coitada da pessoa escutando esse "novo" Alan... Até senti a pontada de sua raiva e seriedade na minha própria pele. 

 Nesse ponto eu já tinha saído da floresta, já que estávamos quase na divisa, então, sozinha, fui até a loja de conveniência. Eu já sabia onde ficava essa loja, pois quando vim para a cidade, foi a primeira parada que fiz. Comprei um salgadinho bem gostoso... mas caro.

 Cá estou eu, na frente da porta olhando ao redor esperando por Alan, mas depois de perceber que talvez ele demore, decidi apenas mexer um pouco no meu celular, para passar o tempo mais rápido. Não havia nada de interessante para ver nas minhas redes sociais favoritas. Nenhum jogo conseguia deixar minha mente longe da inquietação e nervosismo que estava tendo na hora... Até brincar com a capinha do meu celular e ver que tinha algumas notas dentro da mesma. Quando foi que as coloquei aqui? Faz quanto tempo que tinha esse dinheiro? Então, entrei na loja para comprar alguma guloseima enquanto espero por ele. 

My dear hatchet manOnde histórias criam vida. Descubra agora