DOZE

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POV KIM NAMJOON


Algumas vezes a vida te leva a lugares que você não quer ir.
Quando lembro de como ela ficou, sinto meu coração se encolher em meu peito. Tudo que queria era tirar toda a dor que S/N estava sentindo e tomar para mim.
Mas a única coisa que pude fazer foi permanecer ao lado dela enquanto tudo desabava, a segurando firme para que ela não caísse junto com as ruínas.
Ela mantia os olhos fixos no teto e eu podia ver as lágrimas presas em suas órbes enquanto o silêncio fazia nossas respiração serem ouvidas juntamente com o respirador de seu pai que dormia profundamente induzido por analgésicos.
Nós estávamos sentados no pequeno sofá compartilhando a manta que ela havia me dito por ligação sobre nossos colos, e eu sentia o ar frio do ar-condicionado atravessar os buracos da trama da manta, bem como ela havia contado.
Olhei para ela de relance, vendo seu peito subir e descer vagarosamente. Sua feição estava calma, apesar de tudo.

-Você precisa dormir. -Disse baixo vendo seus olhos focados no teto.

Ela umideceu os lábios e fungou.

-Não consigo. -Informou simples e em sua voz eu conseguia perceber como ela tentava não demonstrar que estava em pedaços.

Aproximei minha mão da dela, que estava pousada ao lado de seu quadril. Primeiro nossos dedos se tocaram, os dela estavam frios, sem calor algum. Arrastei meus dedos até tomar os dela e segurei sua mão, contrastando nossas temperaturas.
S/N virou o rosto para mim e eu apertei sua mão na minha.

-Obrigado por ter vindo. -Sussurrou e em seus olhos pude ver apenas gratidão.

-Não te deixaria sozinha. -Falei acompanhando seu tom baixo.

Uma lágrima solitária caiu de seu olhar triste. Ali eu soube, seria tudo para ela. O que ela precisasse, um amigo, um porto seguro, um abraço ou o calor quando o dela faltar.
A puxei para mim, fazendo-a recostar em meu peito, e seu corpo se encolheu em meu abraço. A aconcheguei em mim, perto o suficiente para tentar a manter segura, mesmo sabendo que não podia fazer toda a dor desaparecer.
Sua mão aperta a minha de volta e meu coração entende. Em sua dor, ela aceitou o meu calor.

...

Na manhã seguinte, acordei com as frestas de luz que atravessavam as cortinas do quarto. Despertei vagarosamente, havia pegado no sono naquele sofá, havia um pequeno travesseiro embaixo da minha cabeça e um outro coberto sobre mim. S/N com certeza me ajeitou daquela forma durante a noite. Olho para o lado e vejo um copo de café quente na pequena mesa e quando ouço um pequeno murmuro, vejo a silhueta e S/N e June abraçadas ao lado da maca de seu pai.

-Eu sinto muito... -June falou baixinho a abraçando forte, e vejo que ela também chorava assim como S/N, logo entendo que, ela havia lhe contado o estado de seu pai.

O momento era delicado. Delicado como as pétalas de uma tulipa. E nem por segundo eu e June a deixamos.
Os dias se passaram pesadamente.
Eu tirei uns dias de folga para ficar ao lado dela. E mesmo S/N insistindo para eu ir para casa, não sai de lá.
Não podia.
Tudo que eu podia dar a ela era a minha presença e apoio. E foi isso que fiz.
Em alguns momentos na vida, você vai se ver completamente perdido pois não vai poder livrar as pessoas que você ama das piores dores.
E esse sentimento é aterrorizante.
Paralisante.
Vai tornar seu coração partido e vai te fazer sentir impotente. E você terá que se esforçar muito e olhar de verdade para quem você ama, para entender que na verdade tudo que ela precisa é da sua mão, da sua presença e amor, e que você não a deixe.
Por que em alguns momentos da vida, a perda irá afetar tudo, irá machucar e ferir, e você terá que ser forte o suficiente para conseguir mostrar que o amor, ainda fica, mesmo quando tudo se perde.

2 Much · With Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora