Capítulo 5

206 23 32
                                    

Abro meus olhos sendo acordada pela droga do meu despertador, que para o meu azar está duas horas adiantado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Abro meus olhos sendo acordada pela droga do meu despertador, que para o meu azar está duas horas adiantado. Odeio acordar tarde na casa dos outros.

Odeio estar na casa dos outros.

"Ai Deus, por que as coisas não podem permanecer bem?"

Me arrasto da cama, em passos de tartaruga, vou ao banheiro que é maior que quarto. Enquanto ficamos nessa de receber ou não uma ligação do emprego, estamos folgados. O home office só é oficializado com a permissão dos superiores, então, tenho esse tempo para correr atrás do prejuízo sozinha.

A noite foi boa, apesar da cama não ser minha, a sensação de lar assim que tive ao deitar foi impressionante.

Ligo o chuveiro conferindo a temperatura da água, o líquido morno cai em minha mão em concha arrepiando meu braço. Deixo escapar um suspiro de finalmente um banho decente. Depois de ontem eu mereço. Dispo das minhas roupas suadas, as deixando cair no piso creme debaixo dos meus pés. Ontem o cansaço me venceu antes mesmo que pudesse me trocar. Passo a camisa pela cabeça, o perfume suave do Falconi ainda está nele. Num ato impensado aproximo o tecido das nazinas, inalando seu cheiro extremante evidente. Sua presença é marcada por ele, numa fila entre 100 homens, só ele cheira tão bem, como um marca única.  Minha mente recria sua presença, posso até ver suas mãos em mim novamente, firmes como sempre imaginei ser. Sou super aquecida com a idéia de sua voz sussurrando em meu ouvidos palavras desconexas, mas que me embrazam de uma forma sem igual. Como só ele faz. Arfo voltando a mim.

O chuveiro ainda está ligado desperdiçando água, enquanto me imagino ser tocada por um cara que tá quilômetros daqui.

Bufo.

E acabo de me despir entrando no banho, ao menos a água escorrendo por mim relaxa meus músculos, como se lavasse meus problemas.

Meu estômago ronca alto, gargalho agradecendo aos céus que não têm ninguém aqui.

Saio do box enrolada na toalha, saindo até o closet onde Bella me emprestou algumas de sua roupas. Pego as peças sentindo o ranço fluir, não esqueci das mãos bobas de ambos os animais (me refiro ao Falconi e Bella). Ele não é meu, mas não dá para evitar contrair a mandíbula diante de tanto toque físico.

Mas merda!

Três anos jogando charme para mim, pra estar se agarrando com outra em casa? E como ele têm a coragem de pôr nós duas debaixo do mesmo teto?!

A culpa é minha também, ele é homem, têm vontades. Três anos negando o que evidentemente nós dois queremos, e ainda me dou a folga de achar que sou exclusiva?

Qual é o meu problema? Com certeza tê-lo dentro de mim é o motivo das minhas noites mal dormidas(sem nem se realizar), então por que diabos não agarrei aquele macho no escritório mesmo?

Do que tenho medo?

Saio do quarto um pouco mais arrumada que ontem. Eu não sou de ficar arrumada em casa, mas vocês já viram a mulher que tá desfilando por aí?

E como uma boa afropatty, vamos mostrar um pouco de gramuor para as padronizadas.

Aperto o cabo USB em mãos, meus olhos varrem o local procurando uma smartv esperando uma possível reunião.

O alto da escada, a mesma que a tal Bella desceu ontem, leva para um salão que parece mais um cinema de enorme.  Todos os móveis da mesma coloração, tão polidos que posso jurar ser mentira. A mesa não está vazia, a loira tira os olhos da tela e me fita oferecendo um sorriso, nada fingido.

— Bom dia. Sabia que viria, esse é um ótimo local para trabalho. Deixei o cabo USB na TV e o projetor na tomada caso queira usar o telão — Realmente tudo já está em posição. Ponho o meu cabo na mesa sem saber o que fazer. — Chá ou café?

— Na verdade, estou indo no café butique aqui pertinho. Vi que eles servem uns sonhos com brigadeiro — Ergo as lábios em um sorrisinho, contribuindo a gentileza.

Ela parece aliviada pela minha mudança de humor, os seus olhos sorriem junto consigo e posso ver as covinhas se formando.

— Sendo assim, peça do grande. Vem bastante recheio — Me lança uma piscadela tímida.

— Obrigada pela sugestão.

Desço novamente, com a minha carteira no bolso do blazer preto, finalmente me sentindo leve e alegre por sair da casarão.

Sem pressão, sem preocupação, um minuto para esquecer que minha vida não é um morango, que não sou um personagem de livro, vivendo a vida dos sonhos e livre como um pássaro.

Procuro uma mesa confortável para mim, perto da vidraça. O atendente vem até a mim e de onde estou dá para ver a minha guloseima desejada. Peço dois sonhos grandes com bastante recheio e uma xícara de café preto com canela.

Abro o Instagram, no perfil de Cecília um story de hoje às 5:48. Ela na piscina usando um óculos, a visualização não é para todos e embaixo o user do Falconi.

"Créditos: @iffalconi"

Não acredito que ela fez isso...

Essa mulher não tem limites.

Meu pedido chega, e o garçom põe sobre a mesa. E junto uma rosa, com os espinhos mutilados, linda.

— É para senhorita — Informa o rapaz sorrindo sem mostrar os dentes.— E o bilhete também.

Antes que eu possa perguntar mais alguma coisa, ele me deixa sozinha.

Abro a carta em meus dedos, o cenho franzido e sem entender nada da situação. A caligrafia é desconhecida pra mim, porém um coração só não é o suficiente para tanta atividade cardíaca nesse momento. Minha mente dá um nó sem saber o que pensar ou como agir.

"Até quando irá resistir?"

Tudo estaria bem se essa não fosse a mesma frase da minha fanfic.

Continua...

Senhor Falconi (Ivan Furlan Falconi)Onde histórias criam vida. Descubra agora