Capítulo 42

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Nala Reis ainda continua uma mulher imprevisível.

Imprevisível e deliciosa.

Não sabemos quanto tempo irá durar essa paixão, mas tenho pretensão de aproveitar ao máximo sua disposição.

A noite passada não acabou na banheira, o chão foi inundado no nosso caminho para a cama, lá que o show começou realmente. Tantas posições diferentes e eu ainda não consigo eleger a minha favorita, porque ela fica bem em todas.

Saio do box calçando as havaianas e fecho o vidro embaçado pela água morna. Penteio o cabelo molhado com os dedos o jogando para trás, apenas uma mecha rebelde cai sobre a testa(de tanto me irritar com ela, a apelidei de Superman), a porta está entreaberta então espio a Nala se remexer brevemente ainda dormindo. Jogo a cabeça para trás, suspirando antes de pegar minha escova de dentes.

Não dá para tirar os flashs da noite passada da mente, principalmente quando foi uma das mais intensas da minha existência. Apesar de ter sido apenas uma distração, uma válvula de escape para ela de todo o trauma vivido.

Me questiono porque nossas noites sempre são assim, movidas a pura egoísmo. Eu queria ter a oportunidade de ama-la sem todo esse sufoco, mas parece que as coisas nunca estão normais. Sempre há um colega de trabalho pé no saco, a polícia federal envolvida ou um stalker maníaco.

Por que te amar é tão complicado?

Dou mais uma olhada em seu corpo adormecido e fecho a porta do banheiro.

Arranco a toalha em torno da cintura e começo a me vestir, porém cada movimento era uma nova dor muscular.

Tá bom. Talvez a noite de ontem tenha sido um pouco mais intensa do que pensei.

Fui para frente do espelho de corpo inteiro me certificando do estrago.

Nas costas as linhas avermelhadas dos arranhões eram as que mais ardiam, resultado das suas longas e lindas unhas verdes musgos. Com a mão direita pressiono acima da clavícula onde vejo o chupão arroxeado, no exato momento a sensação de ter sua boca quente em mim, percorrendo todo meu corpo, me deixando marcas como de um guerreiro em batalha me atravessa. Tento me concentrar no que estou fazendo, mas é impossível com a minha mente reproduzindo os sons de seus gemidos e arfadas. Fecho a mão roçando os dedos uns nos outros sentindo a sensação ilusória de seus fios bagunçados entre eles, puxando-os enquanto cavalgava em mim…

Porra, voltamos a estaca zero.

Pensei que minha mente estava blindada, meu psicológico recuperado pela estadia em São Paulo, porém agora ela está aqui empregnada em mim, não deixando nem meus neurônios raciocinarem direito.

Me visto e saio em direção a cozinha, tem bolo na geladeira e torradas no forno, só preciso aquecê-las.

O celular vibra sobre o balcão, pego e atendo sem olhar.

— Alô?

— Não vem com essa de alô não, Ivan Furlan Falconi! Cadê você cara? Fiquei te esperando no aeroporto como combinamos. Como vingança, vou engravidar sua irmã.

Pela obsessão pela minha irmã vocês já sabem quem é.

— Fred, você não ficou sabendo do lance que aconteceu com a Nala, não? — Passo a mão no rosto cansado. Devo estar parecendo um zumbi, as cadeiras do hospital não são as melhores e até a Nala acordar fiquei imóvel em uma.

Pior que fiquei sabendo sim e já entrei com um processo no Vinícius. O que ele fez foi grave, podia ter te jogado em uma cela por anos.

— Sobre o Vinícius… — Espio por cima dos ombros para conferir se estou a sós e desço o tom da voz.— Eu odeio admitir, mas no momento estou muito grato a ele. Ainda quero que ele se foda, mas vamos pegar leve, okay? Ele entrou na casa que a mulher que ama estava sendo refém, e por coincidência eu também a amo. Não posso culpá-lo, Nala não é fácil de se esquecer. Só… faça o possível para ele não perder a licença de deputado.

Senhor Falconi (Ivan Furlan Falconi)Onde histórias criam vida. Descubra agora