Capítulo 33

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05/04
07:24

— Esse foi mais difícil de escrever. Passei mais tempo caçando palavras do que pensando em mim. Quando a consulta acaba?

— Só leia logo — Gesticula impaciente, me oferendo a pipoca do pacotinho que come.

Eu aceito, e folheio até parar na página que parei.

Passo a mão para limpar os vestígios de pecado em mim. Sorri para Adão subindo a altura do seus olhos, mas eles não me encaram. O que está acontecendo? Porque seus lábios não me beijam mais, não sussurram elogios? Ele não me acusa, mas se afasta como se fugisse do diabo. Não, eu não sou o diabo. Então por que seu olhar sobre mim não é o mesmo? Eu o pergunto o que houve, e ele diz que caímos. Estamos condenados, e expulsos para sempre. Mas ele não gosta do veredito tanto quanto gostou do ato, e me deixa ali, sozinha no jardim. Adão não deve ser chamado de homem. Cadê para saciar minha sede e fome? Simplesmente me viciou em seus toques e partiu. Todos têm ambições na vida, pensem ter total consciência dos minhas. Mas isso antes dele. Por que Adão me deixou comer do fruto, sabendo que teríamos esse fim? Foi ele que me ofereceu, e não pediu para parar. Ele é o culpado da minha condenação.  Não gosto de ter pensamentos assassinos sobre ele... eu não sou a vilã,  mas ele está me forçando a agir como uma.

A cena a seguir é a cena onde incluo meu segundo estresse. O Stalker. Aquele que pensei não me amedrontar tanto, porém, tirando pelos bilhetes anteriores, sua aproximação começa a deixar pulgas atrás da orelha. Ele esteve em minha casa, porque o último bilhete estava embaixo da cama. Eu prometi fazer minha própria eliminação, meu meio social é muito limitado. Vou ter que começar a considerar que o meu stalker pode ser um dos meus. O que não faz sentido algum.

— "Na ausência de Adão acabei prestando atenção ao meu redor, e descobri o olhar de outro queimando em mim. Meu demônio me observa, até dormindo. No começo eu tinha medo, hoje não mais. Ele me manda correspondências do inferno, não me deixando esquecer que ele está ali. Sinto que esse demônio está cada vez mais próximo, e sinto que já o vi. Só a  minha mente que não consegue identificar seu rosto. Para que eu passa entrar em meu ponto de paz, preciso eliminar as preocupações. Isso incluí o demônio ou o homem a quem um dia chamei de amante. Coloco meu revólver na bolsa, e pinto meus lábios de carmesim. Essa é a cor da ira de uma mulher ferida. Adão me fez ferir meu ego, agora sinto a dor desse auto-atentado a toa. Quebrei os muros que me protegiam para que ele pudesse chegar até mim, lembrando que: Ele não me impediu. A minha cabeça gira com os questionamentos. Me tornei uma pessoa confusa, que não se permite viver. A única forma de me resgatar, é achando-o. Não vou me contentar enquanto seu sangue não escorrer por meus dedos, manchando minha alma. Irá doer em mim, mas será apenas por um momento. Podemos até voltar a nos vê quando os hematomas sararem. Se ele sobreviver, né? Não tenho como garantir isso. Enquanto isso, meu demônio continuará me atormentando. Estou quase convencida de fazer dele um amigo para conversar. Rio, pois isso é engraçado. É o desespero falando. Esse é um jogo, de quem mata quem primeiro. Eu, Adão e o meu demônio. Então que comece os jogos vorazes."

Senhor Falconi (Ivan Furlan Falconi)Onde histórias criam vida. Descubra agora