Paraíso.

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Ayla point of view 🎤

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Ayla point of view 🎤
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— Mais uma vez. — Digo e Ricky afirma, voltando a tocar a música do início.

Estávamos na sala de Ricky, repassando algumas músicas que seriam tocadas no nosso próximo show e algumas novas composições. Belle estava afinando sua guitarra enquanto Ricky tocava o som em seu teclado, apenas para testar minha voz. Decidimos não ensaiar no estúdio hoje, tínhamos combinado de ficar de bobeira na casa de Ricky. E lá estamos nos, eu, Belle, Ricky, Matheus e James, James estava de intruso, como sempre.

Respiro fundo sentindo algo me incomodar, paro de cantar e Ricky me olha confuso, os olhos verdes do moreno me encaravam até o fundo da minha alma, provavelmente por eu estragar seu som perfeito.

— Tem algo errado na música. — Digo e ele levanta uma sombrancelha. — Não tá encaixando, não sei explicar.

— Se liga. — Matheus se aproxima com seu caderno de anotações e uma caneta em mão, o garoto se senta ao meu lado e me mostra o caderno. — Aqui onde diz "Devíamos fugir pra algum lugar, o rio de janeiro 'Se pá." — Me mostra e eu confirmo. — O que vem em seguida, não tá encaixando mesmo. — Me entrega o caderno e eu analiso a letra da música.

"Devíamos fugir pra algum lugar,
o rio de janeiro 'Se pá.
Ou sei lá, qualquer lugar que dê pra gente se casar.
No sol ou na lua, se der pra eu te beijar, é o lugar."

Era uma de nossas poucas músicas em português, "paraíso", tinha sido uma composição minha e de Matheus, não estava pronta, então estávamos a ensaiando para que terminarmos ainda esse mês, a gravadora já estava a cobrar.

Não exatamente nesse verso, mas o ritimo da música não parecia certo, oh Deus, quanta complicação.

— Não é a letra, é o ritmo. — Digo e respiro fundo. — Não tá encaixando.

— Tem razão. — Ricky diz pensativo. — A música tá muito parada e o ritmo muito rápido.

— Isso! — Aponto para Ricky. — Consegue fazer algo mais calmo? — Pergunto e ele faz uma careta.

— Talvez, posso tentar. — Diz e então passa as páginas do seu caderno onde ele anotava as coisas dele.

— Algo assim ficaria legal. — Belle se aproxima com sua guitarra e começa a tocar a música de uma forma lenta, fazendo o som de sua guitarra ecoar pelo local, era perfeito!

— Meu Deus, sim! — Afirmo. — É exatamente isso. — Sorrio e ela confirma com a cabeça, se aproximando de Ricky.

— Vamos ajeitar esse som. — Diz se sentando ao lado dele e o moreno concorda, fazendo anotações em seu caderno.

Meu celular vibra na mesa a frente do sofá, e minha atenção vai até o mesmo. Matheus percebe e acaba olhando para a tela também, vendo a foto de Gabriel iluminar o celular numa chamada de voz.

Mas que droga.

— Estão, é, te ligando. — Diz de forma desconfortável e eu pego o celular rapidamente, me levantando e sorrindo sem graça ao garoto, saio do local rapidamente indo até a cozinha de Ricky.

— Você tem algum problema? — Pergunto assim que atendo a chamada, em resposta, escuto a risada rouca do garoto.

— Eu te atrapalhei? Que pena. — Sua voz exalava sarcasmo e eu me irritei ao lembrar de ter cedido um beijo para aquele idiota.

— O que você quer, Gabriel? Desembucha logo. — Digo já irritada e o garoto ri do outro lado da chamada.

— Uns caras vão vir aqui hoje, sabe, resenhar. — Diz e eu arregalo os olhos, ele não poderia estar pensando em... — Queria que viesse. — Diz simples e então respiro fundo, me segurando para não surtar.

— Você está louco ou o que? É óbvio que não vou. — Digo e ele sussurra um "aí".

— Que isso morena, só me quer na hora da putaria né? 'Tô te chamando na humildade aqui e você me despreza desse jeito. — Diz fazendo seu típico drama, a pouco de chorar pela chamada.

— Para com isso Gabriel, você sabe o porquê do não.

— Qual foi amor, por favor. — Insiste e eu nego.

— Não Gabriel, não sei se sabe, mas somos ex namorados, e ex namorados não frequentam a casa um do outro, ainda mais em festas. — Digo rígida.

— Ex namorados se beijam? — Diz simples e eu bufo de raiva, sem resposta para sua pergunta.

— Eu não vou Gabriel, passar bem. — Digo e desligo o telefone antes de uma resposta do garoto.

Pego um copo d'água e bebo rapidamente, tentando raciocinar o que estava acontecendo, mas que merda, esse garoto consegue me tirar do sério em todos os sentidos.

Engraçado que minha intenção no nosso último contato era ignora-lo, porém como sempre, eu não consegui. Muito pelo contrário, acabei beijando Gabriel. Com cem motivos para correr dele, para me esconder, para gritar a ele para nunca mais me procurar, eu acabei o beijando, caindo em seus braços como uma boneca.

Não sei se me arrependo, são tantas coisas de uma vez que chega a ser difícil saber.

Eu não iria naquele lugar nem morta, imagina se isso vaza na mídia? Ou pior, imagina se eu acabo indo além com Gabriel, não não, nem pensar.

Coloco o copo na pia, pego meu celular e vejo uma breve mensagem.

"Hoje às 19;00, ainda sabe onde é minha casa, eu suponho." - Gabriel Martinelli.

𝐃𝐎 𝐈𝐍𝐈𝐂𝐈𝐎 - G. MartinelliOnde histórias criam vida. Descubra agora