⌕ Meu admirador secreto...

⌕ Companhia indesejada

- Sabia que não tinha nada haver aquilo que falaram do lugar, só devia estar fechado para finalizarem a trilha completamente-

- Não... a mensagem foi enviada a duas horas atrás. Eu já mandei mensagens para ela e acredito que a Hwasa e seus outros amigos também e ninguém sabe mais nada dela, desde aquela hora

- Que!? Ela não voltou ainda? Eu achei que ela já estava no quarto e agora, isso vai dar ruim para mim, porque fui ouvir a Avestruz...

- Avestruz?

- Ah, é a novata da nossa turma, eu dei esse apelido a ela

- Hm, o que isso tem haver com ela? Ela ficou com o pessoal comemorando a vitória do time, o tempo todo

- Ah... é que eu na hora, não tive ideia para mandar um desafio para a S/n, então pedi no grupo da sala, que me mandassem um para falar a ela...

- E você teve o brilhante pensamento de que esse seria um bom desafio?

- Eu não sabia que poderia acontecer algo, ninguém confirmou com certeza que era perigoso, nem os funcionários daqui. Eu não mandaria ela lá, se soubesse...

Sem que eu me desse conta na hora, uma linha apareceu entre minhas sobrancelhas e só quando percebi, fechei os olhos por um momento e massageei o local para tentar colocar os pensamentos em ordem, assim que consigo, deixo um suspiro que estava guardado, sair finalmente.

- Ok, faremos o seguinte, eu vou ir lá agora e vejo se consigo trazer ela de volta, se começar a demorar e eu ainda não tiver voltado, ai quero que vão até a entrada da tal trilha, e tentem ver se conseguem ouvir ou enxergar nós dois, vai que pode ter dado algum problema. Por fim, se eu demorar, demais, até a hora da contagem dos alunos, ai sim, vocês duas avisam os responsáveis, entenderam?

As duas concordam e Yerim me guia até a tal entrada da trilha proibida e a partir dali, eu segui sozinho com a lanterna do celular.

- Aaaaa não é possível! Agora sequer estou conseguindo alcançar onde cheguei na primeira vez!

Sento encostada no barranco sem me importar com a sujeira e com mais nada além da situação que me encontrava.

- Já faz um tempo que estou aqui... será que ninguém notou a minha falta?

Ah... esses pensamentos atraem lembranças tristes, não quero me sentir mal agora. Abraço as minhas pernas e escondo meu rosto entre elas, me encolhendo.

- ...

No final parece que não adiantou nada, me esforçar para fazer amizades de novo, é divertido na hora, mas não passa disso... ninguém realmente se importa com você.

Espero mais um pouco...

- Poxa! Ficar deprimida, encolhida e sem esperanças funciona para que os encontrem na hora, nos filmes, tava torcendo para ser baseado em fatos reais... pra ajudar estou lembrando das cenas de filmes de terror, ótima hora para isso, cérebro

Passei a pensar na opção em que teria realmente ter que passar a noite ali, mas sou tirada desses pensamentos bruscamente com o som forte de varias plantas se movimentando, já assustada fui me levantando, encostando no barranco atrás de mim e comecei a subir devagar, o máximo que conseguia. Bom, se não subi por falta de força de vontade, seja lá o que for que esteja vindo para mim, vai me dar uma adrenalina que vou sair escalando e correndo daqui até Seul...

E como toda pessoa experiente que já assistiu, por cinco minutos documentários de sobrevivência, junto com seu pai, esperando que ele oferecesse o controle para mudar de canal. O correto nesses momentos então, seria manter a calma e não fazer barulho para que o animal que estivesse passando ali, não notar minha presença e ir embora... só que se o animal for do tipo que tem visão térmica ou noturna... já pode ter me visto, ou se ele tiver um bom focinho e estiver farejando meu medo, ai eu me lasquei.

- Por favor animal bonzinho, vai embora, não quero nem te ver, por favor...

E para quem não sabe o que são esses documentários, é basicamente onde pessoas sem mais o que fazer, ignoram o esforço que a humanidade fez por anos, para terem mais conforto, Wifi, higiene e muito mais, indo para o meio do nada. Enfim eu não quero morrer hoje!

Em meio ao desespero, ainda pude ouvir ao longe, bem fraco, alguém que parecia gritar meu nome. Ai obrigada universo, lindo, maravilhoso e piedoso, achei que me odiasse.

- TO AQUI, SOCORRO, ESTOU NO FINAL DA TRILHA E COM COMPANHIA, A MORTE!!

- S/N!?

- AQUI! EU VOU MORRER, ANDA LOGO!!!

Sem sequer tirar os olhos do lugar a minha frente de onde vinham os barulhos e esperei que me encontrassem, mas não ouvia mais nenhum grito de lá. Até sentir algo vir bem do meu lado, me fazendo dar um berro, um pulo para o lado oposto e um quase chute, se a pessoa não tivesse segurado ele com facilidade. Além disso, por um pouco sorte minha, o meu inconsciente, usou o pé machucado para dar o chute, apesar de que, claro que doeria da mesma forma de se ele fosse o que estaria me segurando no momento, mas como esse ser abençoado segurou em uma parte que não dói e me impediu, não tive problemas.

- Que isso!? Tá virando o Kung Fu, agora? Cadê teu mestre Shifu?

Ele larga o meu pé e, debochado, olha ao redor. Enquanto isso, me recomponho e fico de pé em silêncio, analisando os últimos instantes e me dando conta de uma coisa.

- Jeon...

Tomo coragem para encara-lo de novo.

- Oi? Diga

- ...Porque tá aqui?

- Vim te procurar, a Hwasa e nossos amigos estão preocupados por que não tinha aparecido ainda e em breve os professores vão começar a fazer a contagem-

- Não! Isso não... o que você está fazendo no fim do barranco, como eu!?

Inconscientemente começo a alterar meu tom de voz e a esquecer da paz momentânea que se instalou em mim por um segundo em ver que não estava mais sozinha. Vou me virando lentamente para trás ao mesmo tempo em que ele se explicava, notando um outro caminho pela terra, além do que eu tinha feito.

- Você começou a gritar que tava para morrer, então eu vim correndo ver o que estava acontecendo, está assim por que? Queria que eu esperasse um tempo para você dizer algo do tipo: "Pronto! Morri, pode vir agora"?

Minha única reação foi respirar fundo e massagear a testa para que não surgisse uma dor infernal ali.