07.

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Giulia Ribeiro Barbosa.

Eu fiquei mais um tempo ali, chorando e olhando pro nada, mas quando escutei o choro do meu filho, subi o mais rápido que eu consegui.

Liguei a luz e peguei ele no colo,
o levando pro meu quarto, posicionei o pequeno em meu colo, para começar a amamentação.

E em segundos, seus olhinhos se fecharam novamente. Suspirei aliviada, pois eu só precisava dormir.

Peguei no sono, mas fui interrompida, pelo choro do bebê ecoando pelo quarto.

Senti que ele estava meio quente, então o peguei em meus braços, levando ele até seu quarto, aonde tinha um termômetro. Levantei a camisa de pijama que ele usava e posicionei o termômetro ali, em baixo de sua axila.

38°C, era a temperatura do meu filho, a febre estava alta demais. Então peguei um remédio que foi passado por um médico em alguma das consultas de rotina dele e logo dei pra ele, na seringa.

Abracei ele e o cobri com uma manta quentinha, enquanto ele chorava baixinho no meu colo e eu sem saber o que fazer, chorei junto dele.

5, 10, 15 minutos e nada do remédio fazer efeito, a febre não cessava de forma alguma. Eu precisava levar ele ate o hospital, mas eu estava sozinha em casa.

Não podia simplesmente pegar o carro e sair dirigindo, tentei chamar Uber e nenhum aceitava, ou então, quando aceitavam, logo cancelavam.

A criança queimava em febre e eu não sabia o que fazer. Minha opção era ligar pro Gabriel, pra ele nos levar até o hospital.

Mas ele não me atendeu, em nenhuma das 15 vezes em que tentei contato.

Liguei pro meu irmão, mas dava caixa postal. Liguei pra minha cunhada, e o celular chamava e ninguém atendia.

Meu filho chorava em meus braços e eu estava ficando desesperada, então liguei pro meu pai, que atendeu na primeira chamada.

Ligação de áudio com Paizinho 💙iniciada.

— Oi, filha. Aconteceu algo? — a voz do meu pai preencheu meus ouvidos, me dando um certo alívio.

— Pai, vem aqui em casa, Bernardo tá queimando em febre. — falei com a voz falha, por conta do choro.

— Eu tô indo, minha filha. — falou em um tom de preocupação. — Não sei o que aconteceu, mas em 15 minutos eu tô aí. — falou.

— Obrigada, pai... — eu disse, porém dessa vez, deixei transparecer que eu estava chorando, então desliguei a chamada.

Ligação de vó com Paizinho 💙 encerrada.

Fechei meus olhos suspirando fundo, ao imaginar que eu estava em apuros com o meu filho, enquanto Gabriel curtia por aí.

E fui trocar de roupa, não podia ir pro hospital de camisola.

Não se passaram nem 10 minutos, quando escutei uma buzina na frente de casa. Então peguei uma bolsinha do Bernardo que já estava pronta, o embrulhei melhor na manta e sai da casa, entrando no carro.

— Oi, pai. — falei ao entrar no banco de trás.

— Oi, meu amor. — ele disse dando a volta com o carro e indo em direção a portaria do condomínio.

— Obrigada, por ter vindo — Agradeci ele, com a voz falha.

— Não precisa agradecer, filha. Esse é o meu papel de pai, te ajudar quando e a hora que você precisar — disse e eu senti meus olhos marejarem, ao lembrar do que aconteceu mais cedo.

Bernardo tinha parado de chorar, mas mesmo assim a febre não passava ou sequer baixava um pouco.

Entramos no hospital e meu pai foi até a recepção pra informar o que estava ocorrendo com o seu neto.

Logo que ele saiu de lá, chamaram a gente para uma sala, aonde tiraram a roupinha do Bernardo, para ele tomar uma banho gelado. Mas se caso não resolvesse, ele teria que tomar vacina, meu pai sabia o quanto ele odiava, então preferiu a primeira opção

Quando escutei o choro do meu filho ecoar pelo local, olhei pro meu pai com os olhos marejados e ele me abraçou forte.

— É isso aí, filha. Nem tudo são flores, mas independente de qualquer coisa, lembra do que eu e seu irmão falávamos pra você. — falou dando um beijinho na minha testa. — Eu te amo. Aonde você estiver, estarei contigo. — falou a última frase em espanhol.

— Eu não sei o que eu faria sem você, pai. — disse abraçando ele.

As enfermeiras o levaram pra colocar a roupinha que eu havia trago, ele estava tão cansado de chorar que em minutos no colo do avô, já estava dormindo.

— Eu vou falar com o médico, pra ver se já podemos ir pra casa com ele ou se ele vai ser medicado — Falou me entregando o pequenino e saindo da sala que estávamos.

Meu pai voltou novamente, dizendo que a gente já podia ir embora, porém Bernardo iria tomar um remédio que passaram sobre receita médica. Meu pai percebeu que eu estava sozinha em casa, então me levou pra casa dele e da minha mãe.

— Deixa ele no seu quarto e desce aqui. — meu pai disse e eu assenti subindo às escadas com Bernardo no meu colo.

Deixei ele lá e desci novamente encontrando meu pai sentado na bancada da cozinha.

— Gabriel estava aonde? — Perguntou quando me sentei ao lado dele.

— Eu, eu não sei, pai. — disse meio envergonhada.

— Não sabe? Como assim não sabe, Giuliana? — perguntou sério, mas em um tom baixo.

— Discutimos e ele saiu, pai. Por isso não sei aonde ele está.

— Ele saiu? — perguntou e eu assenti. — Gabriel é um canalha mesmo, como que ele sai, deixando você sozinha com uma criança? — falou negando com a cabeça.

— Pai, isso é coisa nossa. Eu vou conversar com ele. — falei tentando amenizar a situação.

— Olha, Giuliana. Eu não vou me meter nesse assunto, até porque você já é bem grandinha. Mas, filha, abre os teus olhos. O que o Gabriel tá fazendo, não são atitudes de um homem responsável, e você sabe disso. — Falou se levantando da cadeira. — O Bernardo é pequeno, então por favor, converse com o seu marido, pra ele parar com essas atitudes de moleque. Boa noite, Gi. — me deu um beijo na testa e saiu do local.

Nem nos meus piores pesadelos, eu conseguia imaginar tudo o que o Gabriel tá fazendo, não só comigo, mas com a nossa família.

Fase ruim - Gabigol. Onde histórias criam vida. Descubra agora