i'm lonely

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sugestão de música :
stranger - tove lo




Já passavam das onze da manhã quando Giovanna começou a despertar. Os raios de sol entravam fortes pelas grandes janelas de vidro, trazendo incômodo aos olhos. Amaldiçoou-se por não ter fechado as cortinas, odiava acordar com a claridade muito forte nos olhos. Espreguiçou-se na cama, fazendo um leve alongamento nos brações e pernas, pegou seu celular para verificar as horas e se tinha alguma mensagem das meninas. Levantou da cama e foi em direção ao banheiro tomar banho para acordar de vez.

Era sábado e ela estava sozinha em casa. Geralmente as meninas que a ajudavam durante a semana, não iam aos sábados e domingos, já que ela sempre ficava em casa esses dias. Aos finais de semana, a Secrets só abria no sábado, mas como Giovanna era muito organizada com tudo, raramente ia até lá nesse dia, gostava de curtir o fim de semana sozinha, recuperar suas forças, e sem contar que ela tinha a Ingrid, a Ale e a Amora, que sabiam como funcionava tudo, e cuidavam de tudo.

Como ela estava sozinha, e seus dotes culinários não eram lá essas coisas, resolveu pedir um japonês para almoçar. Colocou uma música para tocar, abriu uma garrafa de vinho, e foi arrumar alguns papéis que tinha deixado sobre a mesa de centro da sala na noite anterior. Cerca de trinta minutos depois, seu interfone tocou e ela foi pegar seu almoço. Fez sua refeição, juntou toda a louça, lavou, guardou e foi assistir um filme. Passou o dia todo assim. Entre a tv da sala, a varanda, e seu quarto. Hoje em dia, amava estar sozinha, aprendeu a gostar da própria companhia, depois de tanto tempo odiando essa sensação.

O domingo nasceu preguiçoso, diferente de Giovanna. Eram oito da manhã quando levantou-se, vestiu sua roupa de malhar, e foi em direção a academia do próprio prédio. Fez seu treino de musculação e também uma aula de yoga que tinha aprendido. Cerca de duas horas depois chegou em casa e foi direto para o chuveiro tomar um banho gelado para refrescar. Colocou uma roupa leve e foi para a varanda. Sentou-se em uma das poltronas que estavam ali e abriu seu aplicativo do Instagram. Ficou algum tempo ali, rolando o feed e vendo inúmeras fotos de pessoas na praia. Não deu outra! Rapidamente já estava em closet procurando um conjunto de biquíni e saída de banho. Escolheu um conjunto preto que tinha amarrações na parte superior e na inferior era estilo "cortininha". Pegou uma saída de banho branca longa, um chapéu e seus óculos escuros. Dentro da bolsa colocou um protetor solar, bronzeador, uma canga, um shorts jeans, um livro que estava lendo e uma toalha. Chaves do carro, celular, carteira e documentos, também já estava com ela. Deu uma última checada em tudo e seguiu seu caminho para a praia da Leblon.

O calor estava insuportável. Por um instante, arrependeu-se de ter posto o pé para fora de casa. Mas logo essa sensação foi embora quando viu como o mar estava lindo e chamativo. Estendeu sua canga na areia e logo foi tirando a saída de banho, ficando apenas de biquíni. Recebeu alguns olhares de homens que passavam por ali, o que era comum para ela, já que o corpo exuberante, chamava atenção de todos mesmo. Mas ela não se importava com olhares, contanto que eles não mexessem com ela, estava tudo bem. Passou o bronzeador no corpo inteiro e deitou-se de costas sobre a canga. Ficou um tempo naquela posição, deixando o calor do sol invadir sua pele. Trocou de posição, ficando de bruços, permitindo agora que o sol fizesse contato com a parte de trás de seu corpo. Estava deitada confortavelmente, mas a necessidade por algo gelado se fazia presente. Foi até um quiosque e pediu uma água de coco é um sorvete de frutas. Pagou por tudo e voltou ao local que estava.

Terminou de saborear seu sorvete e foi se jogar no mar. Estava suada, precisava se molhar. Ficou um bom tempo aproveitando as águas geladas do mar do Rio de Janeiro, estava feliz de estar ali, a tempo que não tirava um tempo para ir à praia. Voltou do mar, e deitou-se novamente na canga. Pegou seu livro e começou a ler. Ora ou outra parava sua leitura para ver o movimento da praia. Pessoas jogando altinha, alguns fazendo caminhada, crianças correndo por todo o lado, famílias construindo castelos de areia, casais passeando com seus cachorros, uma cena comum e ao mesmo tempo, tão fora da realidade de Giovanna. Uma fagulha de tristeza se fez presente. Ela tinha aberto mão de tudo aquilo quando fez a escolha que ditaria todo o resto da sua vida. O caminho que tinha escolhido não permitiria que um dia ela tivesse o que pessoas comuns tem. Uma família, filhos, casamento, um amor, eram coisas que, talvez em uma realidade completamente diferente, ela almejasse ter. Mas a vida fez-se dura demais, e a sua única chance era deixar tudo isso para trás.

Giovanna balançou a cabeça em negação, afastando aquele tipo de pensamento. Aquilo já era concreto em sua vida, não tinha porque ficar voltando a esse assunto. Ficou mais um tempo ali, lendo seu livro, se refrescando no mar e tomando um banho de sol. Se assustou quando uma voz grave fez presente no local.

— Não sabia que deusas frequentavam a praia do Leblon aos domingos.

Giovanna abriu os olhos  de repente e o sol embaçou sua visão. Aparou a mão sobre a testa, afim de fazer um pouco de sombra e encontrou a imagem de Alexandre em pé ao seu lado. Estava de bermuda, com uma camisa apoiada no ombro, deixando à mostra o peitoral e os músculos do braço a mostra. Usava um chinelo branco e óculos escuros. O cabelo um pouco bagunçado, devido ao vento forte. Ela engoliu em seco ao o ver ali. Como era gostoso. Imaginava que fosse, mas ao vê-lo ali sem camisa constatou tudo. E ali estava novamente o desejo de tê-lo e agora, com mais intensidade.

— Você está me seguindo agora? — Ela perguntou com uma sobrancelha arqueada, fazendo-o sorrir.

— Como você é convencida. — Ele olhou para baixo, já que ela ainda permanecia deitada. Continuava olhando para ela, e agora seus olhos passeavam por todo seu corpo, deixando seu olhar fixo por um tempo em partes específicas, como por exemplo sua calcinha.

— Se você continuar olhando assim, as pessoas vão pensar que você é um tarado. — Ela comentou sorrindo sarcasticamente.

Ele soltou um um riso entre os dentes. Tirou os chinelos, colocou ao lado dela e sentou-se em cima deles.

— Se as pessoas estivessem dentro da minha cabeça, elas não só achariam, como teriam certeza. — Ele comentou sem olhar para ela.

Giovanna contraiu um pouco as pernas. Como que meras palavras conseguiam deixá-la excitada a esse ponto?! Concentrou-se em afastar aqueles pensamentos e sentou-se, ficando na mesma posição que ele.

— O que você está fazendo aqui? — Ela perguntou finalmente.

— Passeando.

— Hum. Entendi.

— O que foi? — Ele perguntou.

— Nada. Só acho estranho. Tantos quilômetros de praia no Rio de Janeiro, e você estar justamente na mesma área que estou. Ela o olhou e ele soltou uma gargalhada.

— Para sua informação, eu não moro muito longe daqui, eu sempre venho para esse lado da praia. Então não, não estava te seguindo, se é isso que você está desconfiando.

— Ah. Entendi. — Ela respondeu um pouco envergonhada. Ficaram em silêncio por um tempo.

— Sabe, é triste. — Ele comentou de repente.

— O que ?

Ele tirou os óculos e virou-se para ela, se aproximando mais do seu rosto.

— Ver você com esse fiapo de biquíni, e não poder rasgar e te chupar até fazer você gozar gritando meu nome.

Giovanna engoliu em seco. Não estava esperando por aquilo. Sentiu sua calcinha molhada, e não era por conta dos banhos no mar. A voz carregada de tesão, falando ao pé de seu ouvido, sentia que iria se desfazer ali mesmo, sem ao menos ele ter a tocado. Involuntariamente soltou um gemido baixo, que não passou despercebido.

— Se você gemer assim de novo, eu juro que vou preso, mas arranco tudo isso, e faço tudo que eu tô imaginando fazer, aqui e agora. — Ele continuou falando no ouvido dela.

Ela prendeu os lábios. Não queria ninguém preso, e muito menos que ele fizesse algo ali. Não que não quisesse, mas não ali.

— Eu... eu... err.. — Vacilou com as palavras. — Vou tomar um banho.

Levantou-se rapidamente, e correu para o mar, não dando chance dele a impedir.

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