Secrets

I found love where it wasn't supposed to be

sugestão de música :
I found - amber run

Os raios de sol entravam pelas janelas de vidro do quarto de Giovanna. Ela foi abrindo os olhos com dificuldade e assim que a luz encontrou seus olhos, ela os fechou novamente sentido-os arder. Apoiou a mão sobre o olhos e ficou deitada. Sentia seu corpo todo dolorido, devido à noite mal dormida. Havia sido um verdadeiro inferno pegar no sono aquela noite. A todo momento sua mente a levava de volta a briga com ele, aos momentos que antecederam a briga, e acima de tudo, a imagem da cama fazia cerca de quase dois meses atrás.

Sua cabeça doía demais, seu corpo doía demais, tudo havia se tornado dor, em questão de horas. Giovanna se amaldiçoava por permitir sentir tudo aquilo novamente. Tinha prometido para si mesma que, depois de Leonardo, nunca mais permitiria que homem nenhum entrasse em seu coração. E de novo ela estava ali, arcando com as consequências de querer amar e não poder.

• flashback on •

Giovanna tinha seus 28 anos e estava abrindo sua casa noturna. Nos últimos quatro anos, ela trabalhou arduamente para conquistar seu espaço e levar uma vida no mínimo digna. O meio que escolhera para isso tinha havido sido bem difícil, o que não a fez desanimar, mas sim trabalhar ainda mais para conseguir seu espaço.

No dia da inauguração Giovanna e Ingrid estavam super ansiosas, nervosas e com muito medo. Medo de não dar certo, medo de ninguém aparecer, era um turbilhão de coisas que passava na mente das duas. Tudo estava milimetricamente perfeito. A decoração, as bebidas, as meninas que iriam se apresentar, absolutamente tudo estava em seu devido lugar. O local era pequeno, apenas com um pequeno bar nos fundos, um salão com poucas mesas e um pequeno palco, onde aconteciam as apresentações. Tudo o que Giovanna tinha estava ali. Seu dinheiro, seu suor, seu tempo, suas forças, literalmente apostou todas suas fichas naquele pequeno lugar. E de uma forma ou de outra iria fazer dar certo.

As pessoas foram chegando aos poucos, em sua maioria homens, alguns mais velhos, outros mais novos, mas em sua totalidade, o público era masculino. Ela já esperava por isso. Se manteve longe do salão, sempre discreta, tentava se manter longe da vista de todos, acompanhava e monitorava tudo, porém de longe. O show havia começado e ela podia observar que estavam gostando. Ao passar das horas, o local ia ficando mais cheio, e em certo momento, precisou fechar, pois não cabia mais ninguém ali. Havia sido um completo sucesso aquela noite e Giovanna não poderia estar mais grata.

Passava pelo salão quando alguém a tocou no braço. Se assustou pois não tinha visto ninguém ali que conhecesse.

— Oi, desculpa o susto.

— Tudo bem. Posso te ajudar?

— Acho que sim. — O homem alto sorriu amigavelmente. — Me chamo Leonardo. Prazer. — Ele estendeu a mão direita a ela.

— Prazer! Sou Giovanna. — Ela aceitou o cumprimento.

— Você sabe quem é o dono do local? Ou o gerente?

— É dona. E está falando com ela. — Ela deu um sorriso com os lábios fechados.

— Me desculpa, não queria ser inconveniente.

— Tá tudo bem. É um meio naturalmente machista. É difícil ver uma mulher no comando.

— Não acho que seja difícil, só não é convencional. — Ele sorriu meio sem jeito. — Desculpa de qualquer forma.

— Como eu disse, está tudo bem. — Ela sorriu de volta. — No que eu posso te ajudar?

— Eu queria saber dos horários. Vocês vão abrir todos os dias ?