we'll start anew

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sugestão de música :
fate don't know you - desi valentine



Eles se olharam intensamente. Estudavam os mínimos movimentos um do outro.

— Eu estava indo atrás de você. — Ele sorriu de canto. — Você está maravilhosa. — Ele deu um passo à frente.

— Obrigada. — Esboçou um pequeno sorriso. — Obrigada pelo presente.

— Não precisa agradecer! — Fez-se um silêncio.

— Parabéns pelo espetáculo! Foi lindo e muito emocionante. — Ela juntou as mãos em frente ao corpo. Estava nervosa.

— Você gostou mesmo? — Ele perguntou mostrando o mesmo nervosismos dela. Ela assentiu positivamente.

— Você canta muito bem, já te disse isso.

— É verdade... — Outra vez o silêncio tomou conta do camarim. — Eu estava falando sério. — Ele falou repentinamente.

— Não entendi. — Ela arqueou uma sobrancelha, claramente confusa.

— Quando eu disse que poderíamos ser Bonnie e Clyde. — Giovanna respirou fundo. A poesia.

— Alexandre... — Ela soltou o ar que estava prendendo.

— Por favor, me perdoa! — Ele deu mais um passo à frente, e ela dessa vez, recuou. Ele notou esse gesto de defesa e recuou também. — O que eu preciso fazer para você me perdoar? Por favor me fala... — Ele implorou.

— Eu... — Ela respirou fundo, tomando coragem para falar. — Você me magoou muito...

— Eu já sei disso... — Ele a interrompeu. O que a deixou com raiva.

— Você vai me deixar falar? — Ela cruzou os braços.

— Desculpa. — Ele se calou. Mas ela já tinha perdido a vontade e a coragem de falar.

— Olha, isso foi um erro. Eu vou embora. — Ela ajeitou a bolsa no ombro e foi saindo do camarim. Mas ele a segurou pelo pulso.

— Não, por favor Giovanna, fala comigo. Você veio até aqui, o que você quer falar comigo? Me xinga, me bate, mas fala comigo. — Ele falou desesperado.

— Esquece tudo isso Alexandre. Esquece que um dia você me conheceu, esquece que algum dia a gente transou, me esquece por favor. — Os olhos de Giovanna marejaram por dizer aquelas coisas.

— Eu sei que você não quer isso. Eu não quero isso. — Alexandre falava rápido. O desespero de vê-la indo embora era evidente.

— A gente não pode ter tudo que quer Alexandre. E nem tudo que a gente quer, é de fato para ser nosso. — Aquele foi um golpe bem doloroso. A tristeza no olhar de Alexandre e a decepção estampa no rosto de Giovanna, preencheram aquele cômodo.

— Por favor, não fala isso... — Os olhos dele marejaram. — Por favor me perdoa.

— Eu já te perdoei Alexandre. —Ele arregalou os olhos pelo choque da resposta dela. — Te perdoei no momento em que recebi as primeiras flores que você mandou, no primeiro cartão, e em todos os outros que guardei e que pelo menos uma vez no dia eu vou lá e pego algum pra ler aquelas frases bregas ou então algum trecho de música. Eu já te perdoei Alexandre, porque meu perdão em nada tem a ver com o fato de te ter novamente em minha vida. Isso depende exclusivamente de confiar em você. E no momento, isso é a única coisa que eu não posso ter em você. — Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto de Giovanna.

Um silêncio doloroso tomou conta daquela sala. Alexandre a olhava digerindo tudo aquilo que ela havia acabado de falar. As palavras lhe atingiram bem no estômago, senti-o revirar.

— Olha eu não queria estragar essa noite. Me perdoa por isso. — As lágrimas escorriam pelo rosto dela. — Eu... vou embora.

— Você não estragou nada. Eu que estraguei bem antes. — Ele limpou uma lágrima que escorria em seu rosto. — Eu posso falar uma coisa? Depois eu prometo que vou deixar você ir. — Ela assentiu. — Eu não vou desistir de você. Eu não vou desistir de te reconquistar. Vou mandar flores todos os dias, te escrever cartões com as frases mais bregas e trechos de músicas em todos os idiomas possíveis...

— Alexandre...

— Não Giovanna. Eu sei o que eu sinto, na verdade, agora eu tenho certeza. Eu fui um covarde? Sim. Me arrependo disso? Muito. Eu quis colocar minha carreira à frente de tudo, eu tive medo do que as pessoas poderiam falar de mim, mas principalmente, o que elas poderiam falar de você. Os olhares tortos, os julgamentos, eu tive medo disso te afetar e me afetar também. Eu fui um completo idiota. Eu não vou desistir de você. Você pode até não estar apaixonada por mim do jeito que eu estou por você, mas eu não ligo, eu não vou desistir de você. Eu vou lutar por você. Foda-se o destino e esse papo de que não é para ser nosso. Você é minha, assim como eu sou seu desde o primeiro instante em que eu te vi.

A respiração de Alexandre era pesada e totalmente descompensada. Havia falado muito rápido, o que o deixou ofegante. Eu sua frente, Giovanna estava totalmente perplexa com o que acabara de ouvir. Em nenhum momento ela esperava uma declaração daquelas, muitos menos saber ter a certeza de que ela havia se apaixonado por ela, assim como havia acontecido com ela. Giovanna agora compreendia ele. Eles tinham as mesmas inseguranças, os mesmos medos em relação ao que estavam tendo. Mas ele agora, já tinha total certeza do que queria. Já ela ainda sentia-se insegura. Era difícil confiar de novo em alguém, que na primeira oportunidade de te decepcionar, fez e ainda da pior forma possível.

Giovanna tentava enxugar as lágrimas que insistiam em cair pelo seu rosto. Era inútil, porque quanto mais ele falava, mas ela chorava. O choro de dor e alegria se misturavam. A alegria por estar ouvindo tudo aquilo. A dor por ser naquelas circunstâncias.

— Eu não me importo de abrir do que quer que seja para estar com você. Você é meu destino Giovanna. Eu quero você, eu te desejo, como nunca desejei alguém antes. Eu me sinto um merda por ter te magoado, e me condeno por isso todos os dias. Mas mesmo assim, sabendo que eu não te mereço, sabendo que eu nunca estarei a sua altura... — Ele passou a mão no rosto limpando as lágrimas que também escorriam pelo seu rosto. — Eu não vou desistir de você. Leve o tempo que for, eu vou provar para você que o seu destino também é ao meu lado.

Ele não entendeu muito bem o que aconteceu naquela fração de segundos, apenas sentiu o corpo e os lábios de Giovanna chocando-se com o seu. Quando ele se deu conta, correspondeu ao beijo. Era urgente, cheio de saudade, cheio de dor, mas também cheio esperança de ambas as partes.

Alexandre agarrou a cintura de Giovanna, como se sua vida dependesse daquilo. Não queria a soltá-la nunca mais. Quando o ar fez-se necessário, eles encostaram as testas e ficaram ali um sentindo a respiração do outro. Tentando digerir tudo o que foi dito e sentido ali naquele camarim.

— Eu também tive medo. — Giovanna falou pausadamente ainda ofegante. — Mas eu também me apaixonei por você.

Um sorriso sincero formou-se nos lábios dos dois e eles iniciaram novamente o beijo. Mas dessa vez, era diferente. Um beijo apaixonado, calmo, sentindo o gosto um do outro e além de tudo, carregado de sentimento. Não era mais apenas desejo, ou tesão. Era a confirmação de que eles se entregaram de corpo e alma a algo totalmente novo e que a partir dali, enfrentariam qualquer coisa, desde que estivessem juntos.

Secrets Where stories live. Discover now