does you smile hide lies ?

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sugestão de música :
can I - tedy


Era domingo de manhã e Alexandre estava em casa, jogado no sofá, assistindo um jogo qualquer que passava na tv, e que na verdade, não estava prestando muita atenção. Fazia uma semana que não pisava no Projac, alegando uma dor de dente junto com uma pequena cirurgia que precisou fazer de última hora. E que na verdade era mentira.

Estava de ressaca. Pelo menos pela última semana, tinha bebido todos os dias, se não em casa, em algum bar de esquina, que digamos, não teria aval da vigilância sanitária para estar em funcionamento. Ele simplesmente havia sumido, pela última semana e pelo último mês. As vezes que foi ao Projac, evitou ficar por muito tempo, cumpria suas obrigações e logo ia embora. Evitava Rodrigo ao máximo, pois sabia que ele iria perguntar o que havia acontecido, provavelmente Alessandra o contou sobre o acontecido, e definitivamente, Alexandre não estava com cabeça para falar sobre nada daquilo.

Seu celular, que estava em uma mesa lateral, começou a tocar insistentemente, e quando olhou o contato, revirou os olhos. Era Rodrigo. Alexandre não queria falar, mas entendi a preocupação do amigo, afinal, já fazia praticamente um mês que não conversavam direito. Então, resolveu atender.

Ligação on

— Oi. Eu tou vivo. Tchau. — Nero falou de uma vez e já estava deslisando o aparelho.

— Calma seu idiota. Fala direito comigo.

— O que você quer?

— Saber de você seu imbecil. Você some, quando vai trabalhar, fica me evitando, não atende minhas ligações... você tá me traindo Alexandre Nero? — Ele fez uma voz de choro.

— Deixa de ser idiota. Só quero um tempo pra mim. — Ele falou sem importância.

— Um tempo pra você um porra. Eu sei o que houve. Alessandra me contou. — Rodrigo falou por fim.

— Não quero falar sobre isso.

— Pois vai falar sim. Eu tô indo aí. E se você não deixar eu subir, vou bater panela na frente do seu prédio até você abrir. Tchau.

— Não venhaaa — Alexandre falou, mas Rodrigo já havia desligado. — Que bostaaa.

Ligação off

Alexandre, contra sua vontade, levantou-se do sofá e começou a arrumar minimamente sua casa, que estava horrível. Lavou uma louça que estava a dias em sua pia, e juntou suas roupas que estavam espalhadas. Cerca de vinte minutos depois, o interfone tocou, ele atendeu e liberou a entrada do amigo. Logo ouviu a campainha tocar.

— Nossa você tá péssimo! — Rodrigo falou fazendo uma careta ao vê-lo de roupão e com o cabelo todo bagunçado.

— Bom dia também.

— Cara vai tomar um banho, escovar os dentes... — Rodrigo riu com a expressão rabugenta do amigo e foi entrando no apartamento.

— Cala a boca seu imbecil. O que você veio fazer aqui heim? — Alexandre passou a mão na cabeça e fechou a porta.

— Conversar e te levar pra almoçar.

— Conversar pode ser, mas sair, só se você me matar e levar meu corpo. — Alexandre se jogou no sofá novamente.

— Você tá horrível. O que aconteceu?

— Dor de dente.

— Alexandre... — Rodrigo o repreendeu. — Comigo isso não funciona né?!

— Ai cara para de ser chato.

— Vai Alexandre, vai falando.

— Eu não tava afim de nada. Só queria ficar sozinho. Aliás ainda tou querendo. — Ele fez uma cara de tédio.

— Pois azar o seu. — Rodrigo sorriu largamente para ele. — Me conta o que aconteceu com a Giovanna. Você tava bem, curtindo, e do nada não foi mais lá. O que rolou?

— Nada. E eu não quero falar sobre isso.

— Azar o seu novamente, porque eu só saio daqui quando você falar.

— Você é INSUPORTÁVEL!! — Rodrigo sorriu e Alexandre calou a boca.

— Eu tou esperando.

— Cara, só não ia dar certo tá.

— Não ia dar certo o que Alexandre?

— O que estava acontecendo. Não ia dar certo.

— Você entende o conceito de cabaré né ? Entende que não é para dar certo, é apenas para curtir.

— Tá tá, isso aí mesmo. Eu só cansei, não quero ir mais.

— Você tá mentindo pra mim. Alexandre eu te conheço, sei quando você tá tentando me enrolar.

— Rodrigo, foi isso! Só cansei.

— MEU DEUS! Você se apaixonou. — Rodrigo falou mais alto e colocou a mão na boca com uma expressão de surpresa.

— O QUE ? VOCÊ ENDOIDOU ? E EU LÁ IA ME APAIXONAR POR UMA... — Ele parou de falar na hora. Não teve coragem de continuar.

— Cara... — Rodrigo gargalhava. — Você se fudeu muito.

— Eu não estou apaixonado Rodrigo, deixa de ser doido.

— Agora tudo faz sentido!! Seu sumiço repentino, as bebedeiras, o chiqueiro que tá essa casa... agora você se fudeu!

— Como você é chato, vai embora Rodrigo.

— Não vou! Você vai me contar tudo direitinho.

Eles ficaram conversando por mais um tempo, até Rodrigo finalmente convencer Alexandre a sair com ele. Ficou esperando ele tomar um banho e se arrumar. Não demorou muito até eles já estarem no estacionamento do condomínio de Alexandre.

Cerca de vinte minutos depois, os dois estavam passeando pelos corredores do shopping. Algumas pessoas os olhavam, reconheciam, mas ninguém os parou para tirar fotos ou falar com eles. E mentalmente agradeceram por isso. Não teria problema em pará-los para pedir uma foto, mas estava sendo ótimo caminhar sem serem interrompidos.

Seguiram em direção a um dos restaurantes, afim de almoçarem, depois de trinta mil reclamações de Rodrigo, dizendo que estava faminto. Passaram cerca de uma hora e meia no local e voltaram a passear pelo shopping.

— Olha aquela loja de lingerie. Vamos lá. — Rodrigo o chamou.

— Pra quem você tá comprando coisa hein?

— Pra Alessandra.

— E depois diz que o apaixonado sou eu.

— Eu não estou apaixonado, só gosto de agradá-la, já que ela me agrada bem muito. — Ele deu um sorriso sarcástico.

— Você não presta sabia.

— Sabia sim! — Ele gargalhou. — E se estivesse apaixonado também, não teria problema, sei dividir as coisas. Sou adulto né?!

— Vai tomar no cu Rodrigo. Vai logo comprar isso. — Alexandre cruzou os braços e fechou a cara.

— Você não vem?

— Não. Tou bem aqui. — Ele se encostou no grada corpo e ali ficou esperando pelo amigo.

Rodrigo estava saindo da loja e chamou Nero para ir embora. Quando ouviram uma voz feminina os chamando.

— Nero, Lombardi!

Os dois se viraram e viram quem os estava chamando.

— Oi Marina. — Nero respondeu a abraçando e sorrindo. — Como você está?

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