um encontro de almas |parte 2

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não poderíamos ser só você e eu?... ou melhor, não seríamos nós contra o mundo? Por que diabos você me deixou segurando o mundo nas costas sozinho

Fragmentos de 22 histórias de amor mal rabiscadas

*capítulo narrado por Richarlison*

— oh, vocês devem ser os jogadores de conte

Uma mulher surgiu no topo da escada, a voz doce combinava com ela. Os seus cabelos pretos caídos em cascatas iam até sua cintura e, em contraste com sua pele exageradamente branca, faziam-na parecer um anjo. Mas minha atenção não estava na senhorita de beleza estonteante que descia elegantemente pela escadaria como uma delicadeza que fazia parecer que ela estava pisando em nuvens e não em uma madeira avermelhada que resistiu ao século passado.

Eu realmente não estava interessado, apesar dela ser linda, o meu tipo são loiras, de preferência que não pareçam anjos, pois me sentiria constrangido em flertar e fazer qualquer outra coisa com alguém de tal aparência.

Enfim, o que realmente me deixou encantado foi uma garotinha que estava agarrada a bainha da saia da moça bonita, ao ver aquele pequeno ser envergonhado, tímido e que parecia ter medo dos estranhos–eu e Son, claro–meu coração disparou e, prontamente, constatei que, se almas gêmeas existissem, ela seria a minha.

Acho que pensei nisso em voz alta porque minha visão periférica flagrou uma carreta de Son que estava ao meu lado.

Eu não ligava para o que ele estava pensando, uma vez minha mãe me contou que eu e meu pai éramos almas gêmeas e que ela sabia disso porque, logo após o parto que me trouxe ao mundo, meu pai me pegou em seus braços e imediatamente eu abrir um sorriso enorme e me contorci em seus braços como se buscasse me encaixar melhor naquele espaço ou afundar em suas mãos, foi a primeira vez que minha mãe o viu chorar e também a última. Sempre adorei essa história, mesmo sem acreditar em alma gêmea, porque fugia um pouco do clichê de um homem e uma mulher se encontrando e percebendo que foram feitos um para o outro, romanticamente falando. Meu pai poderia ser minha alma gêmea e isso era incrível.

Eu não acreditava que isso fosse possível, bem, antes dela eu não acreditava, mas, agora, vendo aquele pequeno ser que tomava toda a luz do ambiente para si, sabia que era sim possível e, isso me levou a decisão que poderia ser a mais importante e impactante que tomaria ao longo de toda a minha vida: eu adotaria aquela criança, ela era a minha filha, eu podia sentir.

Por isso, não me importei com a careta de Son, ele apenas poderia não acreditar em almas gêmeas ou pensar que eu estaria me referindo a senhorita e não a garotinha.

( ) 

Passamos o dia no orfanato brincando com as outras crianças, depois de entregar os presentes, algumas já eram adolescentes, o que me deixava um pouco triste, era óbvio que as chances de serem adotados diminuía a cada ano que eles passavam ali.

Gostaria de poder adotar todos, mas não acho que não conseguiria dar o  amor necessário para cada um deles e com cada um merece, seria a mesma coisa que não ser adotado, talvez se sentisse até pior. 

O tempo passou voando, e eu fiquei ainda mais encantado pela pequena Sam, a minha filha.

Ela tinha 6 aninhos, era tão pequena que parecia ter 4, suas mãos eram gordinhas assim como suas bochechas.

Photograph (2SON) Onde histórias criam vida. Descubra agora