ele acordou

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— você é egoísta para caralho seu filho da puta, você está aí na merda do seu inconsciente ou seja lá onde esteja apenas para se safar dos problemas que você próprio criou e enquanto todos ao seu redor sofrem com as suas atitudes de merda, você está aí deitado como a bela adormecida esperando um beijo. Você é um palhaço, seu idiota. Você pode acordar e não acorda ? Qual o sentido dessa merda toda ? você acha bonito fazer sua mãe sofrer, o seu pai surtar … me deixar a beira de um abismo por me sentir culpado — Richarlison gaguejou entre as lágrimas — a Sam, seu coreano safado, ela acha que a culpa é dela, ela é só uma criança porra — ele chutou a cama fazendo com que o corpo de Son balancase encima, mas o brasileiro não se importava com nada, nem se o amontoado de fios e tubos caussase algum problema com os chutes fortes que ele deferia na cama. Ele só queria descontar a raiva em algo e não estava raciocinando direito, sua mente estava nublada demais para dar espaço a algum pensamento minimamente coerente.

— o coreano é um idiota, mas se quer matar ele ao menos espere o traste acordar para ele ter a oportunidade de se defender, você está agindo como um covarde — A voz de Emerson surgiu potente no cômodo

ele imobilizou Richarlison com os grandes braços, o afastando da cama do camisa 7. Richarlison chorava tanto que Emerson achou que ele iria morrer antes do homem na maca, os gritos do brasileiro eram sofríveis de ouvir e ele parecia uma fera que foi abatida mas lutava contra a ideia da morte

Richarlison nunca chorava, não quando o assunto não era o futebol ou os acontecimentos em campo… ao menos na frente de outros, ele só se permitia chorar quando se sentia seguro.

Uma das suas zonas de conforto era o gramado e ele não se continha quando queria chorar de frustração dentro do campo; a outra zona era sua família. Richarlison sabia que, apesar de tudo, seus pais estariam ali para secar suas lágrimas caso fosse necessário. Mas, agora, ele estava despido de toda a sua armadura, não porque sentia-se seguro naquele hospital, mas porque a bagunça que Son provocou na sua vida lhe fez baixar a guarda para tudo e ignorar qualquer outro sentimento além do ódio e da culpa que cresciam a cada dia.

— porque eu tô assim — Richarlison questionou olhando o soro que caia gota a gota do seu lado e estava ligado a sua mão, ele tentou tirar e se levantar mas Emerson o parou

— você teve uma crise horrível, os médicos tiveram que te sedar. Um psicólogo vai vir te ver, porque os médicos acham que é uma questão emocional

— não preciso— ele fez uma pausa seguida de uma careta, sua cabeça latejava de dor — não preciso de um psicólogo

Emerson nada respondeu, conhecia Richarlison o suficiente para saber que ele não iria querer comentar o assunto naquele momento.

— tudo bem, eu vou buscar o médico e você não se mexa

Horas antes

Richarlison adentrou o hospital com uma certa inquietação envolta em tédio. Ele odiava os hospitais.

Sam não o acompanhou, Richarlison havia prometido à garotinha que quando Son acordasse ela seria a primeira a saber e ele a levaria imediatamente até ele.

O brasileiro sabia que ver a figura de Son perder a cor poderia provocar ainda mais o sentimento de culpa da menina, assim como vinha despertando nele.

O camisa 9 parou assim que se deparou com o quarto 325. O quarto de Son.

As mãos impacientes, um tanto quanto trêmulas e suadas receando por abrir a porta

Talvez fosse melhor que ele desse voz à pulsação inquietante no seu coração e não abrisse, mas já era tarde para voltar atrás.

Photograph (2SON) Onde histórias criam vida. Descubra agora