estranho

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Para que se valer do amor quando esse só machuca 

Quantas vezes é necessário lutar para se livrar da culpa 

Desde quando amar é tão complicado que te faz refém 

Não deveria o amor ser liberdade 

O sentimento não deveria ser conforto

Porque então me sinto aprisionado 

Acaso sou eu o culpado  

Talvez não seja da minha natureza amar 

Talvez a sociedade esteja certa e isso é mesmo um pecado  

Mas sabe o que, EU prefiro amar e acabar no inferno em que ser acorrentado em uma realidade que só me fará sofrer 

e se amar é ser machucado

Prefiro que os meus- machucados-
sejam feitos por você

— Fragmentos de 22 histórias de amor mal rabiscadas

A luz solar atravessa as frestas da janela iluminando o ambiente, fazendo meu rosto arder um pouco por conta dos raios que chegam até mim. A luminosidade dificulta o meu abrir de olhos, é incômodo. Não a luz, mas a dificuldade que tenho a me acostumar a ela. 

A claridade é forte, nem parece que uma cortina está ali, mas não foi isso que me despertou. O que me fez acordar foi um cheiro gostoso de café e canela que, de algum modo estranho, tomou posse dos meus sentidos e me fez despertar.

Só agora consigo me acostumar com a luminosidade, paro para analisar o local. A cama que eu estou não é a minha, as paredes do quarto eram tingidas por cores vibrantes, quadros realistas com cores quentes estavam dispostos por toda parte, os móveis eram bancos o que combinava bem com toda a decoração. Definitivamente, não era o meu quarto, mas era, de uma forma bem estranha, aconchegante. Mais aconchegante que o lugar que eu dormia, infinitamente muito melhor.

Tentei lembrar-me da noite anterior, talvez o quarto pudesse ser de alguma mulher -ou-de-algum-homem- que conheci em alguma balada. No entanto, me lembrava nitidamente de colocar o meu pijama e ir dormir. 

No quarto não havia fotos ou qualquer outra coisa que me desse uma ideia de quem seria a dona do local .

Desci as escadas de mármore branco, e fui direto para a grande porta que, pelos meus instintos, deveria ser a de saída. Estava pronto para sair dali, mesmo sem saber quem foi que me trouxe e como vim parar aqui, mas fui obrigado a me desfazer do meu plano  quando alguém se agarrou aos meus pés

— daddy — a figura pequena prendia-se a mim com suas pernas em volta de uma única minha, ela ria tentando se manter ali sem despencar de volta para o chão. Era Sam. 

Esfreguei os olhos. Me belisquei. Dei alguns tapas na minha própria cara. 

A risada da garotinha só aumentava. Eu não estava dormindo. 

De repente uma voz surgiu tomando o comodo, eu poderia reconhecer aquele timbre mesmo que não o visse, era Richalison. 

Se eu não tivesse feito uma lavagem no ouvido semana passada, acharia que estava ficando maluco. Mas, mesmo que ouvisse nitidamente, eu estar em algum estado de loucura seria a melhor explicação. 

— Sam, deixe seu pai em paz, ele acabou de acordar.

Era isso que Richarlison tinha dito e que me deixou - ainda mais- atordoado.

Ele se referiu a mim como pai de Sam. 

Meu coração aqueceu e errou algumas batidas. Eu queria sorrir, mas minha boca estava travada em um O de plena e completa surpresa.

Richarlison sorria para mim como se eu fosse alguém especial, os olhos dele brilhavam como duas estrelas vibrantes, o que fazia minha vontade de sorrir aumentar 

Era estranho. Estranho de uma forma boa. Estranhamente boa, era exatamente a forma que eu poderia definir a sensação que tomava conta do meu peito.

Richarlison se aproximou de mim, agora ele tinha Sam em seus braços, ela movia as pontas dos pequenos dedos no" he's brazilian" tatuado no pescoço dele. Ele ainda carregava o mesmo sorriso de antes, com uma diversão diferente nos lábios. Então ele tirou seus olhos do meu, e  cochichou algo nos ouvidos de Sam que prontamente estendeu os braços para mim. Enquanto eu tratava de pegá-la, Richarlison aproveitou a oportunidade para selar os nossos lábios.

Meus olhos tornaram-se a se arregalar e ele riu, como se divertisse com a situação, talvez com meu notório estado de confusão.

Antes de se afastar completamente, ele beijou minha testa e fez um carinho na cabeça de Sam que estava afundada no vão do meu pescoço. 

Tudo girou, como uma chave abrindo uma porta e eu acordei no meu quarto, agora meu quarto mesmo.

Os aspectos da arquitetura brutalista, a cor cinzenta das paredes me fizeram suspirar imaginando como seria acordar em um quarto de cores vibrantes tomado pela luz forte e calorosa do sol e com um cheiro de canela e café pairando no ar.

Me sentia mais vazio

Forcei-me a levantar da cama e deixar as memórias e sensações do sonho evaporarem junto com o vapor da água quente que caia no meu corpo durante o banho.

Depois disso, voltei ao quarto e abrir as grades cortinas tão cinzas quanto as paredes do quarto 

O- dia- também- estava- cinzento 

Primeiramente, obrigado a todo mundo que está lendo esse história. Já são 1k de leituras e eu, verdadeiramente, me sinto muito emocionada com isso. Faz um bom tempo que não escrevo nenhuma história e minhas habilidades com a escrita se perderam um pouquinho, o que reconheço graças aos rascunhos das infinitas histórias que não tive coragem de postar. Saber que, mesmo com uma habilidade " crua", alguém lê o que escrevo me deixa um pouco motivada para continuar. Então, obrigada por isso, espero não decepcionar vocês ❤️

O próximo capítulo sai ainda hoje e continuará com uma narração do Son

Photograph (2SON) Onde histórias criam vida. Descubra agora