Capítulo 11

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A verdade é que...

Não há ciclo, feitiço, amarração, remédio, identificação, desculpa, porre ou poesia para prolongar pessoas.

Partir ou ficar são escolhas não acidentais e intransferíveis.

Akira nunca entendeu esse conceito, até agora...

"Estar sozinho nunca me pareceu certo. Às vezes é bom, mas nunca o certo."

E esse era o problema.

Sua vida todo, ele aprendeu que só precisava de si mesmo para prosseguir pelo o caminho.

Mas dessa vez, ele poderia ter sido acompanhado.

Ele sabia que tivera falhado consigo.
Tivera falhado com todos.

E falhou mais ainda quando resolveu culpar o mundo.

O fracasso estava dentro dele e nada o justifica, além de suas próprias ações.

Obviamente, o relacionamento com seu pai. Um ex militar, e agora, um presidiário, havia posto algumas desconfianças em sua própria personalidade.

Akira soltou um riso de escárnio, bebendo um copo de whisky, sentado na borda da piscina do terraço.

Sua mania de antecipar o fim, fez com ele fosse embora sem se despedir tantas fodidas vezes.

O Kimura olhou para o copo, bebendo o resto do líquido.

Ele queria ter feito alguma coisa.
Ele devia ter feito alguma coisa.

— Akira! Preciso de ajuda! — disse a voz no rádio, e o moreno se levantou, pegando o walkie-talkie na mochila.

— Tatta! O que foi? — perguntou.

— Já estou com Usagi, mas não encontro o Arisu — respondeu, a voz desesperada. — Devem tê-lo mudado de quarto.

— Tente no prédio principal, eu chego aí em alguns minutos — iria continuar, mas o walkie-talkie acabou por levar um tiro.

Akira o soltou, arregalando minimamente os olhos. Quase que pegava em seus dedos, de qualquer maneira, o aparelho de comunicação já era.

— Eu disse que íamos ter uma conversinha, não disse? — a voz saiu risonha, e o moreno nem precisou se virar.

Niragi.

— Você não cansa? — girou nos calcanhares, pondo as mãos nos bolsos.

Puta merda.

O Suguru não estava sozinho, tinha mais três homens armados com ele.

— Olha como fala, eu tenho uma arma de longo alcance e agora... — balançou, atirando algumas balas no céu. O barulho era incômodo. — Eu sei como usá-la.

— Ae? — o sorrisinho cínico estava presente. — Então por que você não chega mais perto? — sugeriu. — Sem armas ou seu clubinho, só você e eu.

— Tentador — apoiou o rifle no ombro. — Mas eu tenho outros planos pra você — alargou o sorriso, fazendo um movimento de cabeça.

Os três outros homens seguiram até ele.

— Quanta merda — comentou Akira, tirando o bastão do bolso e apertando o pino. O metal se alargou.

O garoto rodopiou, batendo em um dos capangas com a arma.

A luta se iniciou, e o segundo homem pôs o cano da metralhadora em seu pescoço enquanto o enforcava por trás.

O Kimura pensou rápida, vendo que o terceiro vinha o atacando pela a frente.

𝐆𝐀𝐌𝐄 𝐎𝐕𝐄𝐑 ✦ ᴀʟɪᴄᴇ ɪɴ ʙᴏʀᴅᴇʟᴀɴᴅOnde histórias criam vida. Descubra agora