Décima rodada iniciada.
Urumi tivera caído na própria armadilha e, com ela, mas outros três de seu pequeno grupo.
Já quase não sobravam pessoas para jogar, o que Akira agradecia de certa forma.
Estava começando a ficar em pânico.
Como havia dito antes, o garoto já tivera entrado na cadeia, embora nunca tivesse realmente sido preso, foi apenas detido por algumas horas.
Ele era bom em livrar dos extras, era impossível os policiais acharem provas de algo que pudesse incriminá-lo.
O garoto passou pelas as prateleiras, buscando um chocolate diferente dessa vez.
Seus olhos foram para Ippei, esse que desviou rapidamente e seguiu adiante.
O Kimura suspirou, exausto. Tudo que ele mais queria era deitar, mas as camas do presídio não ajudavam.
Eram duras e gélidas.
Seu coração saltou quando deu de cara com Chishiya, o homem estava atrás de si, segurando a mesma embalagem de biscoito.
— Quando vai parar de se viciar no chocolate? — perguntou, se apoiando na parede.
— Quando você parar de me perguntar se eu quero biscoitos — rebateu, se recompondo.
— Eu não me perguntei dessa vez — se defendeu.
— Mas você pensou — retrucou.
O Shuntarō se calou, sabendo perfeitamente que Akira estava certo.
— Ainda acho que deveria provar — seguiu em direção a mesa de pedra, sentando-se no banco.
— Eu não quero — mordeu o chocolate.
— Tem certeza? — perguntou. — É uma das únicas coisas boas no mundo — balançou o saquinho.
— Chishiya, se me oferecer esses biscoitos de novo, te farei engolir todos de uma vez — alertou, se aproximando.
— Você não faria isso — rebateu, arfando o peito.
Checando.
O Kimura era um motorista péssimo e irresponsável, sem senso algum de como lidar com danos emocionais e físicos.
Ele facilmente poderia matar alguém, isso também era notável.
Mas Chishiya era um médico pediatra, renomado e bem sucedido, embora odiasse no que seu trabalho havia se transformado.
O loiro não iria se submeter a um garoto que nem idade tinha para bater de frente consigo.
Era apenas uma ameaça vazia, ele jamais faria isso, correto?
Errado.
Akira o fez.
O Shuntarō se engasgou, sentindo-se sufocar com metade das bolachas em sua boca.
Sua garganta ardeu e ele tossiu, tentando respirar.
Sua atenção se direcionou para o moreno, seu olhar acusatório.
— Vou levar isso como o fim do nosso relacionamento — disse, passeando as mãos no moletom para que pudesse retirar os vestígios de quase morte.
Sua calma sendo invejável.
Relacionamento? — pensou o Kimura, soltando o ar pela o nariz e caminhando para qualquer outro lugar longe do médico.
Chishiya era uma graça, isso quando não estava fazendo o drama quase imperceptível dele.
Akira o amava, embora não tivera pensado em dizer em voz alta.
Entretanto, aquele lugar já estava se tornando quente. Não no sentindo gostoso, mas, sim pelo o fato das camas serem horríveis, companhia péssima e apenas algumas marcas de chocolate sobrando.
Ele estava estressado.
Acabou por bater de frente com Enji Matsushita, fazendo o homem soltar o pacote de biscoitos.
— Eu pego — tentou o Kimura, o outro sendo mais rápido.
— Não, eu pego! — retrucou, tomando-o em mãos.
O moreno estreitou os olhos, o examinando.
— Apenas tentando ser educado — pôs as mãos nos bolsos, se preparando para ir.
— O grupo de Urumi está quase acabando, se desfazendo em poucas pessoas — começou. — Por que todos estão morrendo, menos você?
— Eu te faço a mesma pergunta — sorriu. — Afinal, não é todo dia que se encontrar um curioso vivo — argumentou, não realmente se importando. — Eles são os primeiros a morrer.
— Está me ameaçando? — perguntou, apertando o pacote de biscoitos.
— Isso? — apontou. — Isso não é uma ameaça — se aproximou. — Seria uma ameaça se eu dissesse que vou arrancar as suas bolas caso seja o Valete.
Matsushita estremeceu.
— Isso é uma ameaça — zombou. — Mas não estamos realmente discutindo aqui, estamos?
— Não — respondeu rapidamente. — Só que algo mudou, agora eu tenho mais chances de acreditar que você é o Valete — se atreveu.
Akira sorriu, mordendo o lábio inferior em seguida. O garoto subiu suas mãos, arrumando adequadamente a camisa do outro.
— Você assiste filmes de terror? — perguntou, o mais alto assentiu. — Sabe quando aparece aqueles personagens que a gente já sabe que não vai durar nadinha na merda do filme?— brincou. — É sempre uma loira burra, um cara idiota e um curioso — focou seus olhos nele. — Você é o curioso, caso não tenha notado. Então, Matsushita... você não dura muito — sussurrou a última parte, se distanciando.
Ele piscou, contente antes de seguir em frente.
...
Chishiya se virou, notando uma presença em seu alcance. Por um momento, esperava que fosse Akira.
Entretanto, já havia decorado os passos dele.
E, definitivamente, não era o Kimura.
— Sua postura me diz que você é um médico — pronunciou Banda, seus olhos fixos no loiro. — Não achava que tinha algum sentido para viver, mas agora o encontrou.
O loiro permaneceu quieto, suas mãos nos bolsos e sua calma exalando ao redor de si mesmo.
Akira também tivera falado sobre ele, e de como Banda o leu como uma carta.
Chishiya se perguntava o que o Sunato era antes de se tornar um serial killer.
— Embora eu não me simpatize com você, sua ajuda seria de grande utilidade contra o Valete. — Eu o torturaria, e você o curaria. E assim poderíamos recomeçar de novo e de novo.
O Shuntarō soltou o ar, seu sorrisinho zombeteiro a mostra. Seus olhos banhados em superioridade sendo algo visível.
— E por que eu faria isso? — perguntou.
— Você é um médico — comentou, como se fosse óbvio. — Não importa se é o pior tipo de assassino em série, teria que tratá-lo como paciente da mesma forma que os outros.
Chishiya assentiu, balançando a cabeça em cinismo.
— Tem razão, mas tem uma falha no seu sistema — retrucou. — Se eu quisesse salvar animais, eu seria veterinário. Se eu quisesse salvar demônios, eu seria pastor. Eu só salvo pessoas.
Banda não conseguiu manter o sorriso de escárnio, tentado a examinar o homem a sua frente.
— Estamos falando de medicina ou de um moreno com piercings? — foi direto, querendo causar desconforto no loiro.
Não funcionou.
Chishiya era bom em esconder as emoções, talvez só não para o Akira. Mas para o restante da população era bastante fácil.
— Deveria perguntar a ele — rebateu, se distanciando.
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𝐆𝐀𝐌𝐄 𝐎𝐕𝐄𝐑 ✦ ᴀʟɪᴄᴇ ɪɴ ʙᴏʀᴅᴇʟᴀɴᴅ
Fanfiction"Você é minha pessoa." Chishiya X personagem masculino!¡