CAPÍTULO 7

3 1 0
                                    

As duas mulheres, já confortavelmente bem acomodadas sobre o lençol na grama, começaram a conversar.
-Mel,eu e minha família, sempre tivemos muitas terras,bem ao lado das terras da família de Luiz,nos conhecemos desde a infância, nos apaixonamos loucamente.
Começamos o namoro, com o consentimento de nossos pais.
Mas nossos avós, nunca se deram bem,viviam em guerra por causa de terras, sempre um queria roubar parte das terras do outro, fazendo demarcação invadindo a outra propriedade. Somente quando o meu pai,herdou toda a fortuna do meu avô,foi que, pessoalmente, ele fez as pazes com o pai do Luiz.
Essa parte o Luiz mentiu para mim! Pensava mel.
-E com isso, fomos felizes desde então.
Continuava Laura.
Meu pai não tinha nenhum inimigo, todos os coronéis, doutores, todos sem exceção o prezava muito .
E  durante a época do meu noivado, um dia fui passear com Luiz,e começou a chover muito,na volta para casa. Por estar bem mais perto da casa do meu noivo, decidimos que eu dormiria no quarto de hóspedes, até o dia seguinte, quando ele me levaria para minha casa.
- Casa não, castelo né? Disse Mel.
- Sim! Disse Laura, continuando a contar a história de sua vida.
- Quando chegamos na entrada do castelo, já vimos os sentinelas mortos, com o pescoço cortado.
Chocada,corri com Luiz até os aposentos dos meus pais,e elas também estavam mortos,da mesma maneira.
E assim também, estavam mortos meus quatro irmãos e cinco irmãs.
Só fiquei eu,com certeza, porque  não estava lá, naquela noite.
Toda a polícia esteve lá, vasculhando para saber o que aconteceu com todos da minha família. Só me disseram que alguém, muito mau e louco, poderia ter feito aquilo. E com toda certeza,era um grupo de pessoas más.
Pois só um, não faria tanta destruição.
Não roubaram absolutamente nada!
Somente dizimaram a minha família inteira.
Nesse momento, Laura estava chorando.
Mel a abraçou e disse:
- Não diga mais nada!
- Eu preciso continuar! Respondeu Laura.
-Sem ter o que fazer,ou como descobrir o assassino,eu adoeci de tristeza. Luiz se casou comigo,para que eu não ficasse sozinha,e porque nos amávamos.
Fomos morar com a família dele por algum tempo. Foi quando eu engravidei,e nasceu meu filho....o Leonel, minha alegria de viver.
Certo dia, estávamos jantando à mesa, quando meu Leonelzinho,parou de comer e começou a cantar. Luiz falou com dureza!
- Cale-se menino!Não vê que estamos jantando?
- Mas meu menino, só tinha três anos de vida, com a bronca do pai, que sempre gritava,berrava, nunca dava carinho, Leonel desceu da cadeira e correu para o quintal.  Como era noitinha,estava escuro lá fora, meu filho caiu dentro do poço de água, que abastecia a casa, quando eu cheguei lá, ele já estava morto. A tampa do poço estava aberta,e ninguém havia visto!
Nessa hora amiga...... meu mundo parou.....eu enterrei meu filho,sem ter noção do que fazia, parecia que eu havia tomado um tiro no peito.
Continuei a viver por viver......e Luiz começou a ficar diferente comigo.
Sem mais nem menos,ele começou a brigar comigo,e sempre me acusava de ser uma mãe descuidada. Eu sabia que foi um acidente, devido ao menino ter ficado chateado com a bronca do pai.
Mas Luiz dizia que a culpa era minha!
Após um ano de tristeza profunda, meu marido queria que eu vendesse as terras que herdei de papai. Queria fazer dinheiro, muito mais do que já tinha,para construir uma empresa de fármacos.
Eu não queria, pois era minha herança,e  Luiz, já tinha muitos milhões.
Parecia que fazia isso,para me contrariar.
E conseguia ! Porque eu ficava me perguntando, porque ele não vendia um pouco das terras dele então?
E de repente,eu entrava numa sala de nosso palácio,e notava que um ou mais quadros,havia desaparecido da parede,e quando eu perguntava a Luiz, ele dizia:
- Estão todos lá mulher!
Eu o chamava para ir ver,e quando chegàvamos lá,ele perguntava:
- Onde falta quadro mulher?
- Era aqui Luiz! Dizia eu, apontando para o lugar antes vazio.
- Você está ficando louca, isso sim! Respodia Luiz.
Os espaços vazios já estavam preenchidos,a mudança de lugar não havia mais. Eu comecei a ficar com medo de que meu marido tivesse razão.
E começou a acontecer coisas estranhas no castelo.
- Que tipo de coisas? Interrompeu Mel.
- Eu me deitava para dormir,e de repente,o mundo girava, comecei a ter visões de pessoas desconhecidas, de monstros.
Com medo de ser taxada de louca,preferi guardar só para mim.
Mas todas as noites eram iguais, até que meu marido percebeu.
- Você está falando com quem mulher? Me perguntou Luiz em um devaneio meu .
- Com ninguém! Respondi.
- Laura,eu estou muito preocupado com você, vou marcar uma consulta com o Dr. Arthur qualquer hora.
- Era o mesmo do manicômio? Perguntou Mel.
- Sim! Nessa cidade, só temos ele,como psiquiatra, como você sabe. Respondeu Laura.
- Laura,antes de dormir,ou das refeições, você tomava alguma coisa para relaxar? Questionou Mel.
- Não! Somente alguma infusão,feita por Maria, uma de nossas escravas.
- Sei! E,essa Maria,era a única a fazer as refeições? Questionou Mel.
- Claro que não! Nós temos mais de três mil escravos e outros a quem dei alforria,mas Continuavam conosco,por gostar da minha família.
- Entendi.....mas, então nunca era a mesma pessoa quem te trazia as infusões? Continuo
Mel.
Mas sempre as mesmas pessoas quem as preparava provavelmente,e quem era o responsável dos cozinheiros? Insiste Mel.
- A responsável sempre foi Maria,ela sempre foi muito carinhosa comigo, nunca me deixou faltar nada que eu precisasse.
Respondeu Laura.
- Certo! O que estou tentando descobrir, é se alguém não esteve te dando alguma infusão que a deixava vendo coisas, uma erva alucinógena, poderia ser! Concluiu Mel.
- Talvez não seja nada, além de um plano,para tirar você do caminho....eu nunca acreditei que você fosse louca Laura. Continuo a enfermeira.
-  Há quase um mês,venho retirando seus medicamentos,os que eu sei que são alucinógenos. E o que percebi,foi a sua inacreditável melhora, ouso dizer,cura!
Justamente por duvidar de sua loucura, não sei te explicar,mas vi algo diferente na sua pessoa. Uma força maior, que me dizia,para ajudá-la.
- Mel,foi Deus! Eu acredito nele,e no seu poder infinito, mesmo dopada,e vendo coisas,eu sempre pedia a Deus,para me tirar daquela situação,e ele me ouviu, colocando você na minha vida!
As duas se abraçaram,o silêncio pairou no ar,por alguns segundos.
E continuo a contar o resto de sua vida.
-  Então Mel, como eu dizia, comecei a ver móveis em lugares diferentes, tudo mudava de lugar,e quando eu chamava Luiz para ver, tudo estava no devido Lugar.
Por fim, ele vivia me chamando de louca.
E quando fazíamos amor, ele dizia que eu tinha sonhado, pois naquela noite anterior, ele estava fora,a trabalho.
Eu mesma acreditei que estivesse louca, porque o mordomo, sempre confirmava as explicações de Luiz.
Num noite,eu o esperava ansiosa, pois estava vendo aquelas pessoas que eu te falei,mas ele não chegava nunca!
Eu me debrucei na janela do segundo andar,e vi,nossa carruagem chegando.
Luiz desceu,e voltou até a janela da carruagem, uma mulher,colocou o rosto para fora,e ele a beijou intensamente.
Eu não respondi por mim naquele momento, comecei a gritar lá do alto,xingar, desci às escadas correndo,para ver quem era aquela mulher que tinha tanta intimidade com o meu marido.
Mas a carruagem,saiu muito depressa,e o que eu fiz,foi pular em cima de Luiz,e agredi lo , Ele e o mordomo,me seguraram,e me levaram para dentro do palácio.
Eu queria explicações.
- QUEM É AQUELA MULHER QUE VOCÊ BEIJOU NA BOCA,EM NOSSA CARRUAGEM? ALIÁS, VIERAM JUNTOS, ATÉ AQUI, PORQUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO LUIZ! Gritei.
- Você está delirando mulher! Eu estava tomando um ar aqui fora. Que carruagem? Que mulher? Você simplesmente me agrediu! Isso não pode continuar Laura, você precisa de ajuda.
Amanhã mesmo, procuraremos o Dr. Arthur,sem falta! Respondeu meu marido.
Eu perguntei ao mordomo Pedro,se eu não estava certa.
Ele olhou para baixo,e disse.
- Infelizmente senhora Laura,seu marido disse a verdade. Não havia nenhuma carruagem,e muito menos uma mulher lá fora ontem a noite!
- Eu agradeci,e fomos visitar o Dr. Arthur
E meu marido relatou tudo o que vinha acontecendo comigo.
O médico não falou uma palavra comigo, só ouviu Luiz,e achou por bem, que eu fosse internada ,mas me medicou com uma injeção,mas não sei o que era.
- ELE NEM TENTOU TE MEDICAR EM CASA? NÃO TE FEZ NENHUMA PERGUNTA,OU EXAMES,NADA?! JÁ TE ENTERNOU DIRETO! Gritou Mel furiosa!
- chuuuuuuu! Calma amiga,se não irão nos ouvir. Disse Laura, vamos manter segredo absoluto sobre tudo, não é o que você me disse?
- É verdade! Me desculpa,mas aí tem,e tem muuuuita coisa Laura,
E, nós vamos descobrir.
- Só finja que continua tomando seus remédios todos os dias, não poderemos mudar nada, até o dia em que soubermos o que aconteceu com você de fato.  Ninguém,mas ninguém mesmo,pode saber que você está bem. Concluiu Mel.
- Sim amiga, graças a Deus e a você, estou realmente ótima de saúde, até engordei um pouco, você percebeu? Disse Laura.
- Claro que percebi,seus ossos, não aparecem mais,sua pele e seus cabelos tem vida agora, você renasceu,e eu estou feliz demais. Mas não posso me esquecer de dizer que,seu marido me contou a história de vocês,como se ele fosse a vítima.
E eu sabia que não era daquele jeito,por isso falei com você. Disse Mel.
- A partir de hoje,nossa luta, será desvendar esse mistério! Concluiu a enfermeira.
As duas mulheres , fizeram um pacto de que, Laura,continuaria agindo como uma maluca.
Na próxima semana,o Dr. Arthur estaria no hospício novamente,e as duas, queriam ver a reação dele, com a melhora física de Laura,e sobre a visita de Luiz, que com toda a certeza, ele já estava sabendo pois,os dois eram amigos ha muitos anos.
E Laura também contou a Mel, que nunca saiu do Brasil,para se consultar com ninguém,ou seja..... Mais uma mentira de Luiz!
Estava comprovado que,o marido de Laura,estava armando alguma coisa contra ela, há seis anos ou mais.
Agora,seria desvendar tudo, com provas contundentes.
Pois só palavras, não resolveriam esse caso.
Foi aí, que Laura percebeu que, retornar a realidade,e ter  sua liberdade de volta, não seria tão simples assim.
Elas teriam que fazer tudo conforme o combinado,para que ninguém desconfiasse de absolutamente nada!
E assim foi feito! Laura voltou para seu quarto,e Mel,a seus afazeres.
Na próxima segunda feira, Dr Arthur, virá como sempre ao manicômio,e, é de costume dele,atender sempre a Laura,por último.
Tudo corria tranquilamente.
- Mel ! Chamou Paulo.
- Oi, tudo bem Paulo?
- Médio! Respondeu o Jovem.
-O que houve? Pergunta Mel.
- É na próxima segunda feira, que meu pai vai trazer a minha mãe, estou chateado,mas ,o que você me falou aquele dia,me anima um pouco.
- Ah sim! De você poder cuidar dela de perto? Pergunta Mel.
- É,eu também acho que será bom para nós dois. Disse Paulo.
- Seja confiante meu amigo, dará tudo certo, melhor diante dos seus olhos, que ela ficar lá longe, só com o seu pai, que já não a suporta mais,pelo jeito que você me falou.  Concluiu Mel.
- Você tem razão minha colega querida, muito obrigado pelo conselho. Falou Paulo.
- De nada! Quando ela chegar,pode contar comigo sempre. Disse Mel.
Os dois,se dividiram no corredor e foi cada um para mais um paciente.
E como sempre, Lúcia e os outros enfermeiros, sempre maltratando os internos. E mesmo que reclamassem com a diretora Sandra,nada era resolvido. Entre eles mesmos, às vezes o assunto era resolvido,toda vez que Mel presenciava alguma coisa errada com os internos,ela dizia a quem os perturbava:
- Um dia sua recompensa chegará! Se você for bom ou boa, receberá o mesmo,caso contrário.....
Os que a ouviam falar,na maioria, faziam cara de deboche e se retiravam.
Mas ela percebeu que Paulo, havia mudado para melhor, depois que soube da chegada da sua mãe alí.  Realmente, quando o problema é nosso, aí a história é diferente,
Infelizmente, tem gente, que só muda o comportamento, quando a vida,troca os lugares delas.
E poderia ser diferente,se fosse, não haveria sofrimento ! Pensou Mel.

NO PARALELO Onde histórias criam vida. Descubra agora