CAPÍTULO 9

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Os dois homens, foram direto para o palácio de Luiz,para conversar.
- O que aconteceu naquele hospício hoje Luiz? Indaga o médico, enquanto se servia de uma dose de licor.
- Eu não sei Arthur,a única coisa que eu sei, é que a enfermeira mentiu que não me viu,na visita anterior. E porque razão? Indagou Luiz, olhando para o nada, buscando uma resposta.
- Meu caro amigo! Laura está do mesmo jeito de seis anos atrás....creio que você sonhou que esteve lá. Aquela enfermeira Mel, é muito eficiente e respeitada, uma mulher de caráter impecável. Não acho que ela tenha mentido, até porque,os mentirosos aqui, sempre fomos nós dois! Kkkkkkkkk. Ironizou o médico.
- Então você duvida de mim! Disse Luiz.
- Sinceramente sim! Talvez porque não quer mais me pagar para mantê-la afastada de tudo,e quer que eu acredite que não estou fazendo o meu trabalho direito! Falou Arthur.
- Eu não preciso disso! Tenho muito dinheiro,mas espero nunca mais ver Laura bem, como eu a vi. Caso contrário, não te darei mais nada! Concluiu Luiz.
- Não se preocupe! No que depender de mim,sua esposa morrerá naquele lugar imundo! Continuo o médico.
- Melhor assim! Ou tudo o que fizemos para ficar com toda a fortuna de Laura, será descoberto, e.....o senhor tem muito a perder.
- Relaxa Luiz,com os novos medicamentos que passei para ela, até babar ela vai começar,kkkkk, não podemos ter pressa de nada. Disse o Dr.
Nesse momento, o Médico já saía do castelo, indo para sua casa.
E no sanatório......
- Bom dia mamãe! Disse Paulo para sua mãe, que desde a consulta que teve com o médico do sanatório, ficou internada.
- Como está se sentindo hoje? Perguntou o rapaz a sua mãe.
- - Estou muito bem meu filho! Melhor agora aos seus cuidados! Respondeu a dona Margarida.
- Que bom que me reconheceu mamãe! Falou Paulo.
- E porque eu não o reconheceria? Você é meu filho amado! Concluiu dona Margarida.
- É verdade mesmo! Sorriu Paulo, deixando a mãe tomando um banho de sol,numa cadeira de rodas, devido a sua idade e cansaço.
- Laura,venha! Precisamos conversar. Disse Mel
As duas mulheres, foram para fora dar uma volta, enquanto conversavam.
- Eu vou sair de férias semana que vem! Disse Mel. Quero aproveitar esse tempo,para buscar todas as informações sobre seu passado, vou me dedicar a isso! Concluiu a enfermeira.
- Obrigada amiga,se eu pudesse sair daqui,eu mesma iria descobrir o porque fizeram isso comigo. Falou Laura.
- Eu sei! Por isso irei eu mesma. E quando você sair desse lugar amiga, será de cabeça erguida, você vai ver! Disse Mel.
As duas mulheres sabiam que, ninguém poderia descobrir o que ambas estavam fazendo, pois Mel, não confiava em ninguém!Nem dentro,nem fora dali. Ao menos,era o que ela pensava.
Mel já havia visto os medicamentos que agora, Laura teria que tomar.
E Laura já sabia o que deveria fazer,caso outra enfermeira fosse medica- la nas férias de Mel.
- Boa tarde pessoal! Como sabem, amanhã estarei de férias. Disse Mel no horário de almoço dos funcionários.
- É verdade! Falou Lúcia. E quem vai ficar com sua doidinha kkkk. Concluiu.
- Paulo! Você me faria esse favor? Pediu Mel.
- Pode ficar tranquila Mel,eu cuido dela pra você, enquanto estiver fora. Respondeu Paulo.
- Ué! Dessa vez não pediu pra mim porque? Questionou Lúcia, com ar de ironia.
- Por nada Lúcia, simplesmente porque dessa vez,pedi para o Paulo,oras! Respondeu Mel.
- Então Laura estará aos seu cuidados Paulo, muito obrigada por isso! Concluiu Mel.
- Não seja por isso! Falou Paulo.
- E sua mãe , como está? Pergunta Mel.
- Ótima colega! Nem parece a mesma pessoa,de tão bem! Respondeu Paulo.
- Fico feliz por vocês,o amor faz milagres meu caro! Falou Mel.
- É verdade! Concordou o rapaz.
Continuou o corre,corre dos enfermeiros, cuidando cada um de seus respectivos pacientes, enquanto o tempo passava.
E os funcionários,a cada folga que não iam para a cidade,arrumavam um pouquinho mais as coisas naquele sanatório.
E com isso, tudo ia ganhando mais vida, mais cor,e aquele ambiente tão sombrio e hostil,ia ganhando um aspecto bem melhor.
Mas a diretora Sandra, sempre comentava, que os méritos eram dela, pois não se opunha a atitude nobre,de seus funcionários.
Como todos já sabiam como ela era, simplesmente ignoravam o que ela dizia.
E dessa forma, tudo estava fluindo muito bem por lá,e isso já era o suficiente para todos.
E chegou o dia de Mel sair de férias.
- É hoje amiga! Apesar da falta que você me fará, precisa descansar também. Disse Laura.
- É verdade amiga,mas lá fora, trabalharei muito mais, pois vou revirar céus e terra,mas virei com boas notícias, você verá! Falou Mel.
- Eu não sei como te agradecer Mel! Disse Laura.
- Deixa para agradecer, quando você estiver fora daqui amiga! Concluiu Mel.
Naquele mesmo dia,Mel arrumou suas coisas,mas dessa vez,seu pai mandou um cocheiro ir buscá-la de carruagem,o que foi muito bom para ela.
O ano era 1888... o dia,treze de maio. Era o fim da escravidão no Brasil.
Graças a princesa Isabel, que havia assinado a Lei áurea.
Era uma data muito importante para Mel, que nunca aceitou que um ser humano,fosse escravo de ninguém.
Laura já estava naquele lugar há quatorze anos,pensou a enfermeira, enquanto entrava na carruagem. E todos os responsáveis por isso, teriam que pagar,chega de tanta injustiça!
Ao chegar na cidade,o único assunto era a abolição,e todos estavam felizes, menos os fazendeiros cruéis, que agora,seriam obrigados a pagar pela mão de obra de seus funcionários.
- Olá minha querida filha! Disse o pai de Mel, que a aguardava no portão, todo feliz!
- Ooooi papai querido! Muito obrigada pela carruagem,me poupou do cansaço,e pude trazer o que precisava! Agradeceu Mel.
- Você merece tudo de melhor minha filha!
- Ah pai,o senhor sempre gentil! Disse Mel o abraçando.
Depois de um belo banho de banheira, já com o estômago cheio,pai e filha, sentaram-se na varanda para conversar um pouco.
Mel contou todo seu plano sobre Laura.
Ela sabia que em seu pai, poderia confiar sem medo.
- Essa é a filha que eu eduquei! Disse seu pai todo orgulhoso.
- Obrigada meu pai! O senhor me ajudará a colher informações sobre o passado da família de Laura? Pergunta Mel.
- Com toda certeza minha filha! Ainda mais que,eu conheci o avô dessa moça,sei onde mora muitos descendentes dessa família dos Albuquerques. Nos sairemos melhor que muitos detetives por ai,kkk. Concluiu o senhor José,pai de Mel.
- Muito obrigada meu pai,eu sabia que poderia contar com o senhor!
- Sempre minha filha, sempre! Respondeu seu José.
Já era bem tarde, quando foram dormir, pois eles já ouviam o cantar dos galos.
Mas não se importaram com isso, o importante,era que os dois agora, ajudariam a desvendar a maldade que fizeram com aquela pobre mulher!
A cidade era só festa,quase não se podia dormir,com a cantoria e falação dos escravos, agora cidadãos livres!
Quando o dia amanheceu, Mel começou a fazer uma bela faxina na casa de seu pai, logo depois do café da manhã.
A enfermeira ajudava a moça que sempre trabalhou lá para seus pais.
Logo depois de um bom banho,mel deu início às buscas por informações.
Ela foi para um lado da cidade,e seu pai foi para o outro. Assim,ganhariam mais tempo.
Cada um com seu cavalo. Mel entrava fazenda por fazenda, conversando com os moradores, funcionários, com quem ela visse,para tentar encontrar alguma notícia sobre a família Albuquerque.
E por incrível que pareça,logo no primeiro dia de buscas,ela entrou em uma fazenda,a quarta que visitava. Sentado numa cadeira de balanço,na varanda da frente da belíssima sede, estava um senhor sentado, tomando alguma coisa na xícara. Ele aparentava ter mais de oitenta anos.
- Boa tarde senhor! Falou Mel, chegando bem próxima do homem,ainda sobre o cavalo. Meu nome é Mel, estou procurando nas fazendas mais próximas da cidade,por alguém que tenha conhecido uma família muito rica, e tradicional dessa região.
O idoso,parou de tomar o que estava bebendo,olhou calmamente para a moça,e disse:
- Boa tarde minha jovem, desça,entre aqui na varanda,para que possamos conversar sobre que família você se refere. Eu nasci e cresci aqui,conheci muita gente,e ainda conheço. É claro que muitos já se foram,kkkk. Falou o senhor. Mel desceu do cavalo,subiu às escadas que levavam até a varanda onde estava o velhinho.
- Obrigada! Qual é seu nome senhor? Pergunta Mel.
- Me chamam de coronel,mas meu nome é Rufino.
- É um prazer conhecê-lo senhor Rufino! Então, como eu estava dizendo, preciso de informações sobre a família Albuquerque,o senhor os conheceu? Disse Mel.
- Os Albuquerques ? Conheci demais! E fiquei doente com a tragédia que aconteceu com eles,eu e o sr Gustavo Albuquerque,éramos amigos demais, e a dona Luara, esposa dele,era a melhor amiga da minha esposa,e nossos filhos sempre brincavam juntos, inclusive o senhor Lúcio,pai do Luiz,nossas famílias viviam festejando juntos todo ano.
E toda pescaria, íamos sempre juntos,foi uma perda terrível. Disse o senhor Rufino.
Mel não podia acreditar na sorte que teve,em conhecer esse homem.
- O senhor sabia que uma das filhas do senhor Gustavo,se casou com o Luiz? Pergunta Mel.
- Soube e fui ao casamento deles,e o rapaz disse que estava se casando,para não deixar a moça sozinha.....eu nunca gostei desse rapaz minha filha! Falou o velho, com uma expressão de tristeza.
- Porque não senhor Rufino? Pergunta Mel.
- Olha filha,eu estou com noventa e cinco anos de vida, tudo o que eu puder fazer,para te ajudar,eu farei. Por muitos anos, tive medo de dizer o que sei,mas a essas alturas da vida..... não preciso mais ter medo de nada,nem de ninguém! Perdi minha esposa, meus filhos se casaram e foram embora,e agora, não tenho mais escravos, estou vivendo aqui somente com um funcionário, melhor! Um amigo, que me ajuda em tudo. Concluiu Rufino.
- Sinto muito sua perda! Mas se o senhor quiser me ajudar, estará salvando uma vida! Disse Mel
- Pois bem! Eu sei a filha do Gustavo que você está falando, é a Laura não é? Pergunta Rufino.
- Exatamente! É essa mesma! Diz Mel com ansiedade.
- Essa coitada caiu numa arapuca! Esse Luiz nunca foi gente boa, ele sabia disfarçar muito bem,mas eu sentia no ar...... o pai de Laura, sempre foi o mais rico dessas redondezas,e Luiz quando cresceu,passou a ser um homem muito interesseiro,vivia dizendo que, um dia ele seria dono das terras de Gustavo. Depois ele falava que era brincadeira,mas sabia que era verdade.
Que ele nunca amou a moça,e depois da perda que ela teve, ficou vulnerável, um prato cheio para ele. Concluiu o velho.
- Continue senhor! Disse Mel.
- Pois é.....eu só sei que,meus amigos, foram brutalmente assassinados,e nunca,nem a polícia,deu resposta nenhuma sobre o crime,e caiu no esquecimento. Até hoje,o assassino nunca foi preso. Concluiu Rufino.
- Descobriram quem foi o assassino,pelo menos? Questionou Mel.
- Claro que não! E nunca mais se falou nesse assunto. Concluiu o velho.
- E qual é a opinião do senhor? Pergunta Mel.
- Na minha opinião minha filha, tem o dedo do Luiz nisso! Pois, assim que se casou com Laura, realizou o sonho de ser dono das terras de Gustavo. Eu esqueci de te falar, que os pais de Lúcio, nunca se deram bem com os pais de Gustavo,mas Luiz,foi quem aproximou as famílias,pelo menos isso ele fez,de bom!
- Eu também acho exatamente isso senhor Rufino. Aliás,o senhor soube que Laura está no hospício há quatorze anos? Fala mel.
- Eu pensei que ela já tinha morrido,eu soube da internação por boatos. Diz Rufino.
- É por ela que estou fazendo isso senhor Rufino,eu preciso provar tudo o que penso,para poder tirar a moça de lá,e retomar a vida, com tudo o que lhe pertence. Luiz a internou como louca,e isso ela não é! Disse Mel.
- Eu farei tudo o que eu puder para que isso aconteça! Verei o que consigo de provas para te dar. Falou Rufino.
- Então,voltarei semana que vem, assim, dará tempo para que o senhor consiga algum documento talvez,ou qualquer prova fundada. Desculpa o incômodo,e muito obrigada pela atenção e carinho. Disse Mel.
- Estarei te esperando minha filha! E farei tudo para conseguir fazer justiça a filha do meu amigo Gustavo.falou Rufino.
Os dois se despediram com um aperto de mão,e Mel montou em seu cavalo,e saiu galopando depressa,para chegar em casa,e contar a novidade para seu pai.

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