Mais Que Poesia: Uma coleção de poemas e textos

Prefácio

      Há quem diga que não gosta de poemas. Mas antes de acharmos um absurdo o fato de alguém não gostar de poemas, vamos dar a essas pessoas o benefício da dúvida. De que forma? Vamos duvidar de que essas pessoas saibam a extensão da poesia. Dado que essas pessoas não sabem até onde a poesia se estende, podemos supor que seu conhecimento é limitado nesse campo, motivo pelo qual podemos concluir que ignoram o fato de que gostam sim de poemas, mas os consomem apenas em uma ou algumas de suas muitas roupagens.
       O poema não é apenas aquele texto impresso em um papel ou em uma tela de algum dispositivo eletrônico. Essa é apenas a sua roupa de casa. O que muita gente ignora é que há roupas mais sofisticadas que, apesar de serem realmente um atrativo notável, não seriam tão especiais sem o seu conteúdo, ou melhor, sem a sua essência, que é o poema em si.
       O poema às vezes se veste de música, outras vezes se veste de uma sequência estonteante de um filme, de uma paisagem, e assim por diante. O poema está em toda a parte. Não enxergá-lo é um fato oriundo de nossa miopia cultural, mas não de sua ausência.
Este livro é uma roupa também, uma das mais nobres, diga-se de passagem. A variedade de temas, de estilos, de visões de mundo e de histórias de vida é riquíssima.
Ao ler os poemas neste livro, somos colocados diante de autores e autoras de diferentes idades, oriundos de diferentes localidades, com histórias de amores, dores, vitórias, prazeres e realidades distintas.
        Sobre o que queriam falar também eram de coisas diferentes. Alguns poemas falam de esperança, de realização de sonhos. Outros falam da decepção, e até de decepções intermináveis e consecutivas. Há ainda os que falam de política, que expõem as mazelas da sociedade, cumprindo um dos papéis mais altivos do artista.
         Ainda que sejam várias as autorias, os estilos, os temas, as visões de mundo, há um elemento em comum, um elemento que conecta todos eles, formando uma rede belíssima: o cuidado com a palavra. Sim. Ser poeta é ser zeloso com a unidade que forma o todo de sua obra. É ser o guardião da palavra que é dita, mas também da que é calada.

Marcos Pinnto