3 poemas de Sílvio Romão Liliputiano

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Sílvio Romão Liliputiano é um escritor, poeta e declamador. Amante da arte e da literatura. Começou a escrever em 2010, tendo produzido vários textos e projetos literários, dentre eles o seu livro de poesias QUANDO O AMOR SE CALA.

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DECLAMA-ME, POET(ISA)

Faça-me um poema corado
Tal igual que só tu sabes fazer
Faça um igual como fizeste na noite dos namorados
Compô-a em mim como se nunca mais vais escrever
Escreva bem, meu bem!

Declama com alma minha Poet(isa)
Esmera tua voz que a todos hipnotiza
Voz suave com tom escorregadio
Inverno da primavera, quentura do frio
Só de tanto te sentir, ai que arrepio

Declama ao ouvir o som do coral
Seja no Slam ou num sarau
Poetisa o teu texto como se fosse no jornal
Fala dos bons, fala também dos maus
Ponha como verso o nosso dia especial

Faça um spoken word nas esquinas do gueto
Mostra que poetisa é uma que tem seios e peitos
Que fala com olhos crus sem tabus
Da virgindade sequestrada, dos héteros nus
Que fala das que se prostram idolatrando kumbus

Escreva com alma viva
Sobre as caladas almas que se receiam
Poet(isa) como uma diva
Na defesa das que se refreiam
Declama minha poet(isa), declama-me!

UM POEMA PARA MIM

Eu acho ainda que um dia serei julgado
Do porquê não sei
Mas eu acho
Que um dia serei condenado
Por algo que nunca falei

Será por declamar no cacimbo do tempo?
Ou por exalar o cheiro do cachimbo do vento?
Talvez, um dia serei um perpétuo
Dos muitos que um dia deixei satisfeito
Daqueles que um dia os tive por perto

Talvez, apontar-me-ão com uma aká
Ou, ameaçar-me-ão com uma arma branca
Por escrever e não ser escritor
Por dizer que o romántico não é dono do amor
É um declama-dor

Por ser diferente dessa gente
Por fazer um poema desnudado
Embreagado pelos versos do declamado
Talvez serei banido da literatura?!
Porque sou um poeta in-politicamente sem postura

Enquanto isso, faço um poema para mim
Com a minha cara ruim
Sem vestido e maquiagem nos versos
É nudez pincelada nos textos
É poema sem princípio é rima sem fim.

ONTEM VI O MAR

Vi-te as 5 da tarde
Nada ociosa de desejo
Tutelada pelas obras da arte
Brisas labiais pedindo beijo
Ai mar que vejo!

Ha muito que não te via
Grafalando sobre as pedras
Há quanto tempo não sorrias
Oh boca da marginal negra
E esse olhar azul sem regra

Já não te via depois de muitas primaveras
Quando te vi as pernas das águas abriam-se de tal maneira
Ao ponto das nudezes das mboas me fazerem perder as estribeiras
E eu que fingia ser o Rei das cegueiras
As ondas me disseram:"Pescador pode remar aqui mesmo na beira"

Oh mar de gente
Salvem-me do que vejo petulantemente
Esse mar daqui está diferente
O porquê do assedio eu não sei
De onde saiu esse todo grei?

Sol nadando com as cheias das 18
Miúdas de peitos antes dos 38
Todas elas pomposas
A culpa é do decreto fez das marés perigosas
Todas prontas para afogar, quem com ela quisesse brincar.

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