3 poemas de Luis Alladin Bambá

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Natural de gravatá, agreste pernambucano, Luis Alladin é ator, produtor cultural, educador roteirista, jornalista e escritor. Com uma família de aboiadores, com tradição repentista, o poeta escreve versos desde a infância, mas entrou de cabeça na literatura quando, aos vinte e dois anos, largou a faculdade de ciências contábeis e começou a frequentar os saraus feitos na ong gamr (grupo de apoio a meninos de rua). Hoje, aos seus vinte oito anos, já trabalhou na revista Literatura Errante como produtor e editor, e também atuou como jornalista na revista Perpétua, onde escreveu matérias sobre Artes Plásticas, focando em artistas e movimentos mais undergrounds. Além disso é batuqueiro (músico percussionista), junto com amigos, no Maracatu Sol Brilhante, onde criou o Centro Cultural Sol Brilhante, e atua na elaboração e execução de projetos (o Boi Caruá, a feira Arte no Cruzeiro, dentre outros projetos e eventos focados na zona rural, na comunidade caruá). Em 2022 foi convidado pelo poeta Bruno Black, para participar da feira do livro da cidade do México. Seu objetivo é auxiliar outros a alçarem voos repletos de arte.

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Amor

Meu amor... Oque será de nós?
O ano é vinte dois... e já estamos tão bem perto do meio
Que o receio do que está por vim... Demonstra meu eu medroso,
Ansioso, cuidadoso, mas nenhum pouco esperançoso...
É como se a Ex-quadrilha oficial marcasse,
Costura-se, queima-se, talha-se alvos em meu corpo...
E isso é bem doloroso pra quem precisa voar no dia a dia
E não tem blindagem nas plumas do coração.

É amor... Pelo jeito o bicho vai pegar logo, logo,
Aliás, o bicho já pegou a bastante tempo
O resto só é algum recorte de algum podcast qualquer,
Que procuram like na dor de quem não usa Nike,
Ou naqueles com o Cpf cancelado, que nem podem se defender...

Você conhece bem esse tipo de gente...
Atiradores digitais, assassinos de reputações, sanguinários
Que camuflados com perfis imaginários, atiram em nossas cabeças
Essas bestas apocalípticas que ao atirar em nós,
Atiram em si mesmo...

Eu tinha tantas coisas pra te contar,
Mas se eu te contasse, mudaria alguma coisa? Acho que não!
Então, só preciso que saiba de uma coisa...
Tudo que fiz e ainda continuo fazendo (mesmo tremendo de medo),
É por amor... Sim, por eu amar tanto as riquezas puras do mundo,
Que luto pra que elas sejam compartilhadas a todos...
Como Raul já dizia "amor só dura com liberdade"
E o amor que eu tenho pela terra,
que alimenta e cuidada pelo pequeno produtor rural
Pelo fogo, que aquece e molda ferramentas pra sobrevivência
Pela água, que mata a sede e ainda alimenta o pescador
E pelo ar, pra que os pássaros possam voar livre,
Sem carcereiros ou exterminador.

É amor, tudo isso é uma utopia que merece ser alcançada
Por mim que quero beber desse santo graal
E por aqueles que ainda não despertaram desse pesadelo imperialista
Mas se por acaso, o descaso do futuro sumir comigo
Só te peço uma coisa...
Não deixem que meus sonhos sumam também.

Armado mais

Meu bem...
Onde que fomos parar?
Que lugar é esse que ninguém se conhece,
E adoece pelo ponteiro do relógio?

As estradas estão mais escuras,
E as ruas continuam manchadas de vermelho
E o coelho que pulou de cabeça
Hoje ainda continua preso,
Sem encontrar a luz do fim.

Meu bem...
Pra onde foram as velhas telhas,
Que a tempestade dos vinte arrastou?

Acho que belchior estava certo
Eles venceram, e o sinal fechou pra nós
Que nem somos tão jovens assim,
No verde deveríamos ter acelerado mais,
No amarelo ter prestado mais atenção,
Ou ter pegado outra rota, seila...
Agora perto dos trinta, o que fazer?

Meu bem...
Sorrir como palhaço pra quem não deveria
E como um general fui sério,
Violento, duro pra quem me desejou amor
E hoje de tanto olhar pra baixo,
Atrás das calçadas de hollywood,
Não vi que nesse filme de horror,
Sou apenas o latino que morre,
Pra outros aplaudir.
É meu bem!
A moral da história é que fudeu,
E os beijos dados na paulista,
Fizeram está na lista dos mais procurados
Dos que deveriam ter se armado mais...

Veja bem...

Veja bem...
O meu idealismo não é maior ao ponto de engolir o que sinto,
Mas é um complementando o outro,
Uma união de desejo com o querer, de tesão com a paixão,
E isso só acontece porque te amo mais que a mim mesmo,
E que por isso que sou revolucionário,
Um visionário procurando nas tampas de garrafas
Um mundo melhor pra que você possa viver
E mesmo sabendo que tem uma grande probabilidade
Que no meio desse caminho,
A minha insanidade faça que eu suma dos teus planos,
Seja engolido por teus novos ciclos,
Que os caracóis da minha cabeça sejam retirados da sua cama,
E que o facão das minhas escolhas esquarteje minha alma,
Estarei preparado pra te ver sorrir pra outros olhos,
Mas por favor, nunca se esqueça que eu sempre estarei te amando,
E por isso mesmo que distante,
Sempre lutarei pra que pra que seu futuro seja melhor
Que esse presente caótico chamado eu...

Mais Que Poesia: Uma coleção de poemas e textosOnde histórias criam vida. Descubra agora