3 poemas do Poeta de Lapiseira Azul

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🇦🇴 (Bandeira da Angola)

Alberto Ndando Neto, de nome artístico Poeta de Lapiseira Azul, nascido em 27 de março de 2000, começou a atuar como poeta aos 11 anos, depois de aprender muito sobre a arte na escola. Atuou em colégio e igrejas e participou de concursos de poesia, aprofundando-se na mesma arte poética que ama e se apaixona dia após dia.

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A Cantada do Poeta

Com papo cheio,
Lá foi o poeta
Com seus versos,
Ao encontro do amor,
Sem receio desta floresta-
Declarava ele -
Sem sentir a dor
De ser rejeitado
Pois, no fundo, sentia ser amado.

Com o belo olhar atencioso,
O poeta se viu precioso.
Dizia, ainda, que o mar ia secar
E a terra, deixar de refletir o sol.
"Eu vou pescar a esperança
Com seu anzol
E mergulhar no rio do seu sorriso".

E se eu estiver em apuros,
Imaginarei você comigo.
Ainda que venha o perigo,
Saberei que não estarei no escuro.

Com seu cheiro,
A cor do seu cabelo
Como a paixão acesa no isqueiro,
Ficarei com o pelo arrepiado,
Mas não por medo,
E sim por não ver mais
Esse seu belo ser.
Vai doer, porque vai ser tão cedo,
Mas enfrentarei sem medo,
Ainda que me cortem o dedo
Em pedaços...
Eu morrerei,
Mas sorrirei feito um palhaço
Porque o amor é assim, e eu sei.

Vou lhe dar o melhor lírico
Do soneto, sem me desiludir,
Sem deixar de colorir
Meu mundo épico,
Para fazê-la sorrir
Mesmo diante de um amor
Que se desfolha,
Sem cessar de gritar:
- Como é bom amar...!

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Dor

Que eu não sinta amor,
Só a dor que me penetra
E não sai da minha cabeça,
Nem que a mente me minta.
Essa dor que me estressa
Não passa,
Me amassa,
Me despedaça aos poucos
Como um presságio;
É pressão.
Sem razão,
Ataca o meu coração.
Parece uma estaca empurrada com a mão,
E eu sinto essa dor.

Sinto-me atado,
Detido, impedido.
Cansado! Tão ligado!
E estou cansado,
Muito cansado,
Farto deste fato que me segue.

Vens com delírio,
Gritos aborrecidos
De um grilo,
Chamas norte,
Chamas morte.
Vens à noite,
No escuro.
És tão fusca,
Não és pura,
És de negro mui sombrio.
Não és fresca, és tão fria.

Dor,
Se fosses alguém,
Eu deixar-te-ia
Embasbacada, cercada,
Esbarrar-te-ia pelo chão,
Pisaria na tua mão, bicaria o teu coração.
Fazeria chorar a tua mãe
E pensar no teu irmão,
Não achar bolso o teu pai,
Dar desgosto a tua amada namorada.
Deixaria a família preocupada
E os médicos ocupados, como é a tua intenção.

Aí vou!
Empatar-te-ei,
Dificultar-te-ei,
Reprimir-te-ei,
Sequestrar-te-ei igual a como fazes comigo.

Dor, não tens amor,
Só dor.
Nem um pouco de ti me faz bem,
Só mal,
Anormal.

Dor
É culpa
Sem desculpa.
Dor
É mágoa
Como as águas agitadas.

Dor
É ciúmes.
Põe-me no cume,
Me leva como um lume.

Dor
É raiva
E, como larva,
Nunca ama.
Dor,
És a mancha
Chata como
A marcha.

Dor,
Ignorância
Da eterna ânsia.
Dor mata por frente e por trás.
Dor, és ódio,
Ira, fio que me enforca, sufoca.

Dor,
Não passas com amnésia,
Nem acalmas,
Só agitas.
Dor, a tua anestesia
É a morte.
Só escapo
Na aflição que nasce o ânimo
E é na superação que acho a solução...

Dor...

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Somos Nós

Somos
Filhos que crescemos no perigo:
Somos cem,
Somos sem abrigo,
Somos vencedores,
Somos convencidos,
Somos escolhidos,
Somos atrevidos
Que ensistem, persistem e não desistem.

Somos
Feridos,
Somos aleijados nas mentiras, nas verdades.
Somos magoados, jogadores do sentido.

Mas somos nós quem escolhemos o caminho.

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