𝐶𝑎𝑝𝑖́𝑡𝑢𝑙𝑜 8

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>POV ERIKA<

três anos atrás…
– noah? – reclinei-me contra a parede ao lado do armário do meu melhor amigo enquanto ele pegava o livro da próxima aula. – você já tem um par para o baile de inverno?

Ele fez uma careta.

– isso é daqui a dois meses, rika.

–eu sei. Estou aproveitando enquanto dá.

Ele sorriu, fechando a porta com um baque e abriu o caminho no corredor.

– então você está me convidando para um encontro? – ele me provocou com seu jeito arrogante. – eu sabia que você estava a fim de mim.

Revirei os olhos,andando atrás dele, já que minha sala de aula era a na mesma direção.

– será que dá para você facilitar, por favor.

Porém tudo o que ouvi foi um bufou. O baile de inverno era um festival ao estilo 𝘚𝘢𝘥𝘪𝘦 𝘏𝘢𝘸𝘬𝘪𝘯𝘴. As meninas convidam os garotos, e eu queria escolher a rota mais segura ao escolher um amigo para ir comigo.

Os estudantes corriam à nossa volta, em direção às salas de aula, e segurei a alça da minha mochila sobre o ombro quando agarrei o braço de Noah, fazendo-o parar.

– por favor? – implorei.

No entanto, ele desviou o olhar, parecendo preocupado.

– tem certeza de que trevor não vai chutar a minha bunda? A julgar pela maneira como ele sempre está  ao seu redor, é até de se estranhar que ele não tenha instalado um GPS em você.

Aquela era uma boa pergunta. Trevor ficaria bravo porque não ia convidá-lo, mas eu só queria amizade, e ele queria mais do que isso. Eu não queria lhe dar esperanças.

Acho que poderia atribuir meu total desinteresse por conhecê-lo desde a infância – ele era praticamente da família –, mas eu também conhecia seu irmão mais velho por toda a minha vida, e meus sentimentos por ele não tinham nada familiar.

– vamos lá… seja meu parceiro – insisti, esbarrando em seu ombro. – eu preciso de você. 

– não, você não precisa. – ele parou na frente da minha sala de aula, que ficava antes da dele, e se virou para me encarar com um olhar aguçado. – Rika, se você não está a fim de chamar o trevor, então chame outra pessoa.

Exalei um suspiro profundo e desviei o olhar, cansada daquela conversa.

– você só está me convidando porque sabe que isso é seguro – ele argumentou. – você é linda e qualquer cara ficaria extasiado em poder sair contigo.

– é claro que eles estariam. – sorri com sarcasmo. – então diga sim.

Ele revirou os olhos, balançando a cabeça.

Noah gostava de tirar conclusões ao meu respeito. Sobre a razão de eu nunca namorar ninguém ou porque eu me esquiava disso ou daquilo, mas, por mais que ele fosse um bom amigo, queria que parasse de fazer isso. Eu não me sentia confortável.

Ergui a mão trêmula e acaricie a cicatriz fina e pálida em meu pescoço; aquela que ganhei aos treze anos. No acidente de carro que matou meu pai. 

Percebi que ele me observava e abaixei a mão, já sabendo o que estava pensado.

A cicatriz de cerca de 5 cm percorria a pele do meu pescoço no sentido diagonal, no lado esquerdo, e, por mais que já estivesse esmaecida com o tempo, eu ainda achava que era a primeira coisa que as pessoas notaram em mim. Era sempre seguido de perguntas e olhares piedosos, seja da família ou amigos, isso sem mencionar os comentários e risos maldosos que eu recebia das meninas na época do fundamental. Foi também no fundamental que Marina ( uma das meninas que zombavam de mim) começou a tentar ser minha "amiga", contei para isabell e ela falou que conversou com Marina e as outras garotas e que se elas voltarem a ser maldosas, eu deveria vir conta para ela. Eu considero isabell uma irmã mais velha para mim, ela sempre me protegeu e sempre cuidou de mim, sou muito grata por Tê La em minha vida. 

𝑀𝑦 𝐷𝑎𝑟𝑘 𝑆𝑖𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑑 𝑀𝑦 𝐿𝑖𝑔ℎ𝑡 𝑆𝑖𝑑𝑒 ➪ᵈᵉᵛⁱˡ'ˢ ⁿⁱᵍʰᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora