Viena

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1946palavras

• Viena, outubro de 1940

George já estava cansado de toda aquela situação.

É verdade que nunca foi muito paciente, mas tudo aquilo já estava começando a desagradá-lo profundamente.

É claro que nunca se arrependeu por um segundo se quer de ter desertado do exército para ajudar Izabela.

Mas, infelizmente, desde o dia que fizera isso as coisas só tendiam a piorar.

Já fazia alguns meses que andavam juntos, além do pequeno Eskel, que era um bebê muito bonzinho e sorridente.

Admitia que nunca foi muito fã de crianças, mas aquele menino, em particular, havia ganhado seu coração.

Talvez isso se deva ao fato dele ser a primeira criança que tivera um maior contato. E, é claro que a mãe também ajudava.

A cada dia que passava se via mais envolvido com a loira de olhos azuis.

O que não era nenhuma novidade, já que sempre teve facilidade de se dar bem com o sexo oposto.

Mas, naquele caso não era somente a aparência que lhe chamava atenção, apesar dela ser bastante bonita. Ela era também muito carismática, bem-humorada e possuidora de um espírito enaltecedor, nunca se desanimando com a situação.

Ela era o seu perfeito oposto, dado ao fato de ele ser pessimista e se desanimava facilmente frente às adversidades. E, sabia que se tratava de características nada agradáveis de ter.

Sabia muito bem que se estivesse sozinho já teria desistido há algum tempo, mas Izabela estava ao seu lado, o encorajando a seguir em frente, sem ao menos dizer palavra alguma.

Seu olhar, o sorriso, a determinação que emanava de dentro de si já era o suficiente para encorajá-lo.

Também tinha o pequeno, que apesar de mal conseguir se manter sentado, já possuía algum tipo de influência sobre si.

Tinha que seguir em frente e vencer por eles. Era o que iria fazer até o último instante.

Era bem da verdade que a situação atual estava bem crítica. Ainda não conseguiam se comunicar de forma adequada e o dicionário, agora bastante surrado e sujo devido ao seu uso constante, ajudava bastante, mas já não era o suficiente.

A loira aprendeu muitas coisas por conta própria, passando horas a analisar as palavras no dicionário e ele a ajudava pronunciar, para que soubesse como falar.

Naquele momento conseguiam falar um pouco mais, já não passando tanto tempo em um silêncio mortal ou apenas com olhares sugestivos, para tentar fazer com que o outro entendesse.

Mesmo assim, ainda não conseguiam manter um diálogo fluído por um longo período de tempo, sempre precisando dar pausas para procurar por alguma palavra naquelas páginas velhas e amareladas.

Apesar dessa situação ser bastante desagradável, conseguiam se entender. Já fazia algum tempo que estavam juntos, assim já sendo possível ler os gestos, expressões, as mímicas, bastando apenas um movimento para que o outro entendesse de imediato.

Apreciava tal ligação.

Aquela era a primeira vez que parava para observar o que estava acontecendo a sua volta.

Antes, apenas prestava atenção no que lhe era dito, sem se importar em olhar para a pessoa que lhe dirigia as palavras. Às vezes até mesmo não escutava o que lhe diziam, fingindo prestar atenção.

Os dias eram assimOnde histórias criam vida. Descubra agora