Surpresas

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2756palavras

Bosco Morengo, janeiro de 1941


Paloma sentia-se exausta e toda dolorida. Não conseguia se quer se mover direito. 

Tinha acordado há apenas uma hora, e desde então, estava perdida, sem saber como reagir a tantos acontecimentos e informações.

 Primeiro, tinha acordado em um quarto completamente estranho, percebendo que estava com uma roupa estranha. Depois, foi surpreendida por duas mulheres bastante faladeiras, do qual ela não entendia nada, pois, não sabia o idioma. Foi obrigada a comer e beber um chá horrível que embrulhou de imediato seu estômago, quase a fazendo vomitar. Depois disso, a ajudaram a tomar banho e trocaram novamente sua roupa, colocando uma camisola branca de algodão bastante confortável, que lhe caia bastante bem, e seus cabelos foram penteados e deixados soltos. E, além de tudo isso, ainda sentia uma cólica muito incômoda, que a deixava bastante indisposta. E, apesar de estar passando por tudo aquilo, ainda não tinha o visto. Luca ainda não tinha aparecido e estava começando a pensar que ele tinha a abandonado em uma casa qualquer e ido embora.

Tal pensamento só a deixava ainda mais indisposta. Não querendo acreditar que aquilo tinha acontecido, apesar de saber que não era algo impossível. Sabia muito bem que ele seria capaz de fazer tal coisa e não deveria se surpreender.

Naquele momento estava deitada de lado, na cama macia e aconchegante, que não ajudava muito com a dor, mas que era bem melhor do que o chão duro de pedra. 

Olhava para as sombras projetadas pelas velas espalhadas pelo quarto, já que não existia energia na casa. Remoía tais pensamentos, por enquanto que tentava massagear a região dolorida, na tentativa de melhorar o desconforto, não tendo muito sucesso. Pelo jeito iria passar uma noite horrível, de muita dor e lamúrias, e, o pior de tudo, estaria sozinha.

No final das contas, preferia assim. Não iria querer que completas desconhecidas ficassem ao seu lado, mesmo elas tendo sido muito gentis e atenciosas. O que ela queria era um rosto conhecido, mesmo que fosse daquela máscara fria e indecifrável que não se importava com ninguém.

Estava começando a sentir ódio, muito ódio por ter sido abandonada. Ela não era a droga de um objeto que podia ser jogado fora na hora que começava a apresentar problemas. 

Aquilo era um absurdo! 

Torcia para nunca mais o ver na sua frente, ou não sabia o que iria fazer.

Iria matá-lo, isso sim era o que iria fazer.

Sorriu em malícia, ao mesmo tempo que deixava uma lágrima escapar de seus olhos. Sua face podia demonstrar uma coisa, mas, infelizmente, seu coração dizia outra. Não podia chorar, não por causa daquele idiota. Se fosse para chorar, era para ser de dor e não por um homem que não merecia.

Estava ficando louca, só podia, para estar tendo tais pensamentos. Tinha certeza que deveria ser algum efeito da morfina. Realmente deveria ser ela, pois, estava se sentindo grogue e seus pensamentos viajavam para os lugares mais inusitados, e seu humor não estava muito normal, pois, na mesma hora que ria já estava chorando.

Isso, realmente, não era muito saudável.

Sem ter muito o que fazer começou a movimentar a mão à frente da luz, projetando sombras de um coelho. Tentava se distrair, na tentativa de esquecer um pouco dos seus infortúnios.

-O que está fazendo?

Uma voz grave se fez presente no recinto, a fazendo pular na cama de susto. Olho para o dono da voz com raiva, querendo o xingar por ter atrapalhado seu momento de distração.

Os dias eram assimOnde histórias criam vida. Descubra agora